Ginastas israelenses, entre eles o atual campeão mundial de solo Artem Dolgopyat, foram impedidos de disputar o Campeonato Mundial de Ginástica Artística da próxima semana, após a Indonésia negar a entrada da delegação no país.
O governo indonésio justificou a decisão afirmando que não concederia vistos a atletas de Israel por conta da ofensiva militar israelense em Gaza.
Nesta terça-feira (8), o Tribunal Arbitral do Esporte (CAS) rejeitou o pedido de medida provisória urgente apresentado pela Federação Israelense de Ginástica (IGF).
A entidade afirmou estar “profundamente desapontada” com a decisão do tribunal.
Federação israelense tenta recurso, mas disputa começa no domingo
A primeira apelação foi negada “por falta de jurisdição”, e, segundo apurou a BBC, o segundo recurso não será julgado antes do início do Mundial, marcado para domingo (19).
A IGF havia solicitado que o CAS obrigasse a Federação Internacional de Ginástica (FIG) a “garantir a participação israelense no torneio” ou, em último caso, “transferir ou cancelar o evento”, que vai até 25 de outubro.
De acordo com a federação israelense, a falta de ação da FIG representa uma “negação de justiça” e cria um cenário de “discriminação contra uma associação-membro”.
Em nota, o CAS afirmou que a FIG alegou não ter autoridade sobre a emissão de vistos, e que a decisão do governo indonésio está fora da sua competência.
“Decisão fere os princípios do esporte”, diz federação de Israel
A IGF declarou que “as regras são claras” e que as ações da Indonésia “violam abertamente os regulamentos internacionais”.
“É inconcebível que um país impeça outro de competir em um Mundial enquanto as entidades que o organizam permanecem inertes”, diz o texto.
A federação acrescentou que a decisão “fere os princípios básicos do esporte e da competição justa” e “desanima atletas e equipes que se prepararam durante anos para o torneio”.
O ginasta Artem Dolgopyat publicou mensagem nas redes sociais lamentando o episódio.
Campeão olímpico critica impacto sobre o futuro do esporte
“Estamos profundamente desapontados, não apenas pelos ginastas e profissionais, mas também preocupados com o impacto que essas decisões terão sobre o futuro do esporte em geral”, escreveu Dolgopyat.
“Seguiremos lutando por justiça, mas, infelizmente, não poderemos competir neste Mundial”, completou.
Dolgopyat, de 28 anos, foi um dos seis atletas — junto com Eyal Indig, Ron Pyatov, Lihie Raz, Yali Shoshani e Roni Shamay — que assinaram o pedido ao CAS em conjunto com a federação.
O israelense conquistou o ouro no solo nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e a prata em Paris, além de dois títulos europeus.
Tensão diplomática e histórico de boicotes esportivos
Em 2023, a Indonésia já havia perdido o direito de sediar a Copa do Mundo Sub-20 de futebol, depois que o governador de Bali se recusou a receber a seleção israelense.
O país, que não mantém relações diplomáticas com Israel e tem a maior população muçulmana do mundo, já havia sido banido dos Jogos Olímpicos de 1964 por negar vistos a atletas israelenses nos Jogos Asiáticos de 1962.
Embora a punição tenha sido revertida, a Indonésia acabou boicotando a edição seguinte.
Israel, por sua vez, iniciou sua ofensiva após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.200 mortos e 251 reféns levados para Gaza.
No mês passado, uma comissão de inquérito da ONU declarou formalmente que Israel cometeu genocídio contra os palestinos em Gaza.
Na segunda-feira (7), 20 reféns israelenses e centenas de prisioneiros palestinos foram libertados como parte de um acordo de cessar-fogo.