No jantar oferecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e integrantes do governo, na noite de terça-feira, a sucessão do ministro Luís Roberto Barroso na presidência da Corte foi tratada com discrição. Lula evitou mencionar nomes e indicou que não tem pressa para tomar uma decisão.
Segundo relatos feitos ao Globo por participantes do encontro, o presidente ouviu mais do que falou. Ministros do STF aproveitaram a ocasião para transmitir a expectativa de que a escolha seja de “peso” — alguém capaz de preservar a autoridade institucional do tribunal. A avaliação é que ainda será necessário reforçar a defesa da democracia pelos próximos anos, assim como se precaver de possíveis ofensivas do Congresso. Um dos planos do bolsonarismo é reforçar a presença no Senado, responsável por pedidos de impeachment de integrantes da Corte.
Estiveram presentes os ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Alexandre de Moraes, além de integrantes do primeiro escalão do governo, casos de Ricardo Lewandowski (Justiça) e Rui Costa (Casa Civil). A sucessão no STF foi pano de fundo, mas não tema central.
Conversas sobre segurança pública, a COP30 em Belém e relações com os Estados Unidos também marcaram a noite, descrita por um interlocutor como recheada de “generalidades”.
Embora Rodrigo Pacheco, ex-presidente do Senado, seja visto como preferido do STF nos bastidores, seu nome não foi citado por Lula. Os ministros apenas sinalizaram que esperam uma escolha robusta, sem fazer pedidos diretos. Em outras ocasiões, Gilmar já defendeu publicamente o nome de Pacheco e pontuou que o STF é um “jogo para adultos”.
Lula, por sua vez, reforçou que ainda está refletindo e que fará uma “boa escolha”. A percepção dos presentes é de que o presidente não definiu um favorito, embora seu entorno no Palácio do Planalto veja o advogado-geral da União, Jorge Messias, nessa condição. A sucessão de Barroso, que decidiu antecipar a sua aposentadoria, permanece em aberto, e o presidente indicou que tomará sua decisão com cautela.
Jantar em homenagem a Barroso
Enquanto o futuro de sua vaga estava sendo debatido no Palácio da Alvorada, Barroso foi homenageado em outro jantar com ministros e integrantes do Judiciário na noite desta terça-feira, no Lago Norte, bairro nobre de Brasília.
Entre os presentes estavam os ministros do STF Kássio Nunes Marques e Luiz Fux, além do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, também estava no evento.
Do Superior Tribunal de Justiça (STJ), marcaram presença Benedito Gonçalves, Reynaldo Soares da Fonseca, Mauro Campbell Marques, Ricardo Villas Bôas Cueva e Daniela Teixeira.
O jantar teve clima descontraído, com conversas sobre política, os bastidores da relação entre os Poderes e a sucessão de Barroso no STF — tema que dominou algumas rodas de conversa. Segundo os presentes, as apostas estão entre Pacheco e Messias. Também foram citados o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), e o ex-secretário de assuntos jurídicos da Presidência Wellington Lima e Silva, que atualmente está na Petrobras.