Os ministros das Relações Exteriores do G7 discutiram, nesta quarta-feira (12), maneiras de aumentar a pressão sobre a Rússia em relação à guerra na Ucrânia, em meio a dúvidas sobre se Moscou está interessado em negociar o fim do conflito.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, esteve na região canadense de Niagara-on-the-Lake para a reunião, que também contou com a presença do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha.
Durante o encontro, Sybiha pressionou aliados de Kiev a fortalecerem sua capacidade de mísseis de longo alcance e a reforçarem seu setor energético, enquanto a Ucrânia entra em mais um inverno de guerra.
Negociações entre Rússia e Ucrânia
O presidente dos EUA, Donald Trump, buscou uma reaproximação com Moscou e realizou uma cúpula no Alasca com Putin em agosto.
Mas ele apoiou os apelos por um cessar-fogo imediato na Ucrânia, com as forças em suas posições atuais, enquanto Moscou afirmou que quer que Kiev ceda mais território.
Os ministros emitiram uma declaração conjunta final na qual reiteraram o apelo por um cessar-fogo imediato e afirmaram:
“Estamos aumentando os custos econômicos para a Rússia e explorando medidas contra países e entidades que estão ajudando a financiar os esforços de guerra da Rússia.”
A chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, disse à Reuters à margem das negociações que a discussão sobre a Ucrânia girou em torno de pressionar ainda mais a Rússia a buscar a paz, depois que os EUA concluíram que Moscou não estava realmente empenhada em acabar com a guerra.
“Para que haja paz, precisamos pressionar mais”, disse Kallas.
“Eles (os EUA) têm mantido conversas (com a Rússia) e todos nós saudamos essas conversas para que a paz seja realmente alcançada. Mas, para ser muito franco… a avaliação deles é que a Rússia não mudou seus objetivos, então as negociações de paz não são genuínas.”
Os esforços para organizar uma cúpula entre o presidente russo Vladimir Putin e Trump foram suspensos no mês passado, já que a rejeição de Moscou a um cessar-fogo imediato na Ucrânia lançou uma sombra sobre as tentativas de negociação.
Após se reunir com os ministros das Relações Exteriores do G7, Sybiha, da Ucrânia, elogiou Washington pelas novas sanções energéticas impostas às empresas petrolíferas russas no mês passado.
“Precisamos continuar aumentando o custo da guerra para Putin e seu regime, forçando a Rússia a pôr fim à guerra”, escreveu ele no X.
A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Anita Anand, anunciou anteriormente sanções adicionais contra Moscou, visando o programa de drones da Rússia, entidades de gás natural liquefeito e embarcações da frota paralela russa, entre outros, de acordo com um comunicado.
Ataques dos EUA a Venezuela
Na declaração assinada ao final do evento, os ministros do G7 reafirmaram o compromisso compartilhado “de fortalecer a parceria na segurança dos portos e rotas marítimas contra o tráfico de drogas ilegais”.
No entanto, as autoridades não mencionaram especificamente a intensificação da campanha militar dos EUA nas águas da América Latina.
As forças armadas dos EUA realizaram até agora pelo menos 19 ataques contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas no Caribe e na costa do Pacífico da América Latina, matando pelo menos 76 pessoas.
O ministro das Relações Exteriores francês criticou abertamente os ataques dos EUA na terça-feira (11), no entanto, o assunto não foi pautado oficialmente na agenda.
“É aqui que devemos trocar opiniões sobre questões controversas – e o que os EUA estão fazendo no Caribe é preocupante para todos”, disse o funcionário europeu.
“Observamos com preocupação as operações militares na região do Caribe, porque violam o direito internacional e porque a França tem presença nessa região por meio de seus territórios ultramarinos, onde reside mais de um milhão de nossos compatriotas”, disse o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, à margem da cúpula do G7.
Os ministros das Relações Exteriores dos países mais ricos do G7 realizaram uma reunião sobre segurança marítima nesta quarta-feira (12), mas não ficou claro se as colisões com embarcações foram abordadas diretamente.
Ofensiva dos EUA no Caribe e Pacífico
O governo Trump insiste que os alvos estavam transportando drogas, sem apresentar provas ou explicar publicamente a justificativa legal para a decisão de atacar os barcos em vez de interceptá-los e prender os ocupantes.
Os Estados Unidos justificaram publicamente suas ações como consistentes com o Artigo 51 da Carta da ONU, que exige que o Conselho de Segurança da ONU seja imediatamente informado de qualquer ação que os Estados tomem em legítima defesa contra um ataque armado.
Embora reconheçam a justificativa dos EUA para os ataques, um grupo de especialistas independentes da ONU afirmou no mês passado:
“Mesmo que tais alegações fossem comprovadas, o uso de força letal em águas internacionais sem uma base legal adequada viola o direito internacional do mar e equivale a execuções extrajudiciais.”
Na terça-feira (11), o Reino Unido deixou de compartilhar informações de inteligência com Washington sobre embarcações suspeitas de tráfico de drogas no Caribe, por acreditar que os ataques são ilegais.
Um funcionário do Departamento de Estado disse que Rubio teve uma breve reunião com a Secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Yvette Cooper, à margem da reunião do G7.
O presidente colombiano Gustavo Petro também ordenou que as forças de segurança pública da Colômbia suspendam o compartilhamento de informações com as agências de inteligência dos EUA até que Washington cesse os ataques a embarcações no Caribe.
Os ministros também expressaram forte apoio ao plano de Trump para pôr fim à guerra em Gaza e para o retorno dos reféns israelenses mortos que ainda estão em poder do Hamas, ao mesmo tempo que manifestaram preocupação com as restrições ao fluxo de ajuda ao enclave palestino.
Um cessar-fogo mediado pelos EUA entre Israel e o Hamas entrou em vigor em 10 de outubro, mas os esforços para avançar com a segunda fase do plano de Trump fracassaram.

