A Justiça do Rio de Janeiro determinou que o bicheiro Bernardo Bello e o comparsa Wagner Dantas Alegre sejam julgados pelo Tribunal do Júri pelo homicídio do também contraventor Alcebíades Paes Garcia, conhecido como Bid.
A informação foi confirmada pelo GAECO/MPRJ (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro), nesta terça-feira (18), que fez a solicitação à Justiça.
O crime aconteceu no carnaval de 2020, quando Bid foi morto voltando da Marquês de Sapucaí, Zona Norte da capital fluminense, de madrugada.
Segundo o MPRJ, o homicídio de Bid foi cometido em um contexto de intensa e sangrenta disputa pelos pontos de exploração do jogo do bicho e de máquinas caça-níqueis no Rio de Janeiro.
A decisão foi assinada pela 8ª Câmara Criminal do TJRJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro), que manteve a sentença do MPRJ, após pedidos de modificação das defesas de Bernardo e Wagner. O recurso dos réus foi rejeitado por unanimidade pelos desembargadores.
Bernardo Bello é acusado de ordenar e coordenar as ações do assassinato de Bid. Já Wagner Alegre, segurança de Bello, é acusado de ser o autor dos disparos que o mataram.
O crime aconteceu na madrugada do dia 25 de fevereiro de 2020, enquanto Alcebíades voltava dos desfiles de carnaval na Marquês de Sapucaí.
Ainda de acordo com o MPRJ, o crime contou com a participação de seguranças de Bid, também denunciados, que forneceram informações essenciais para a concretização do homicídio.
Saiba mais sobre Bernardo Bello e o Jogo do Bicho no RJ
Acusado de ser o autor intelectual do assassinato de Bid, em 2022, Bello, que constava na lista da Difusão Vermelha, foi preso pela Interpol na Colômbia. Ele ficou detido lá por quatro meses mas conseguiu um habeas corpus para responder pelos crimes no Brasil, em liberdade. Ele se tornou réu nesse caso em fevereiro de 2022.
Bello é um dos nomes principais dessa nova cúpula do bicho, ao lado de Rogério de Andrade, sobrinho de Castor de Andrade, com quem vive uma guerra declarada; Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, herdeiro de uma família de bicheiros da Baixada Fluminense; e Vinicius Drumond, filho de Luizinho Drumond, morto em 2020, que controlava pontos de jogo na zona da Leopoldina.
Bernardo Bello acabou assumindo o controle do negócio da família Garcia após a morte do ex-sogro, o bicheiro Waldermir Paes Garcia, em 2004. Maninho, como era conhecido o presidente do Conselho Fiscal da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, foi assassinado a tiros quando deixava uma academia de ginástica na Freguesia, em Jacarepaguá, na zona oeste da capital fluminense. O contraventor tinha 42 anos.
Ex-cunhada de Bernardo, a empresária Shanna Garcia, acusa Bello de ser o mandante de um atentado sofrido por ela em 2019, quando foi atingida por dois tiros em frente a um centro comercial também na Barra da Tijuca.
Já Bid, irmão de Maninho que tinha ameaçado assumir os negócios da família Garcia, foi executado dia 25 de fevereiro de 2020 quando voltava do desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí.
O motivo para tantas disputas, segundo as investigações da Polícia Civil, é o espólio de R$ 25 milhões deixado por Maninho. Assim como os demais bicheiros do Rio, Bello também tem uma forte ligação com as escolas de samba. Tanto, que é ex-presidente da Unidos de Vila Isabel.

