A Guarda Costeira dos EUA emitiu um memorando que reclassifica suásticas e forcas como “símbolos de ódio”, depois de enfrentar intensa crítica por uma mudança na política, que havia minimizado a exibição desses símbolos como sendo apenas “potencialmente divisivos”.
O mais recente memorando proíbe expressamente a exibição de forcas, suásticas ou “quaisquer símbolos ou bandeiras cooptadas ou adotadas por grupos baseados em ódio como representações de supremacia, intolerância racial ou religiosa, antissemitismo, ou qualquer outro viés impróprio”.
A mudança foi anunciada horas depois de o Washington Post reportar que a Guarda Costeira havia aprovado uma política que rebaixava a maneira como os símbolos, alguns dos emblemas mais reconhecíveis do racismo e antissemitismo, eram anteriormente classificados.
Desde 2023, a política da Guarda Costeira dizia que exibir os símbolos “constitui um potencial incidente de ódio”. Na política atualizada, divulgada na quinta-feira pelo Post e emitida pela Guarda Costeira na semana passada, essa linguagem foi alterada para se referir aos símbolos simplesmente como “potencialmente divisivos”. Essa mudança estava programada para entrar em vigor em dezembro.
A nova política, divulgada após a polêmica, diz: “Símbolos e bandeiras divisivos ou de ódio são proibidos”. E lista suásticas, forcas e outros emblemas que foram adotados ou cooptados por grupos de ódio.
A reversão ocorreu em meio a críticas pesadas de que a Guarda Costeira, um ramo militar que está sob a jurisdição do Departamento de Segurança Interna (DHS), estava minimizando a exibição de insígnias que implicam apoio a alguns dos momentos mais sombrios da história humana.
O DHS negou que tivesse mudado sua política antes do aparente recuo da Guarda Costeira. Uma porta-voz da agência, Tricia McLaughlin, também negou em uma postagem nas redes sociais na sexta-feira que a Guarda Costeira estivesse “retrocedendo” ao emitir o mais recente memorando.
“A política de 2025 não está mudando— a USCG emitiu uma ordem legal que reforça nossas políticas atuais proibindo a exibição, distribuição ou uso de símbolos de ódio por pessoal da Guarda Costeira”, disse ela.
As forcas simbolizam o legado de ódio racial e terror nos Estados Unidos, que resultou em milhares de negros sendo linchados entre o fim da Guerra Civil e o início do Movimento dos Direitos Civis.
As suásticas simboliza o regime de Adolf Hitler na Alemanha Nazista, que matou milhões de pessoas durante o Holocausto e iniciou uma guerra na qual mais de 400.000 membros das forças armadas americanas — incluindo cerca de 1.900 que serviram na Guarda Costeira — também morreram.
A deputada Lauren Underwood, uma democrata de Illinois, disse que se encontrou com o comandante interino da Guarda Costeira, Almirante Kevin Lunday, para expressar suas preocupações sobre a atualização da política. Ela afirmou ter recebido um compromisso dele de que a política mudaria e se tornaria mais restritiva.
“Ele passou no escritório e nos garantiu que há uma proibição geral sobre símbolos de ódio, incluindo suásticas e forcas”, disse Underwood em uma declaração em vídeo.
Lunday também insistiu em uma declaração na quinta-feira que as suásticas e outras “imagens extremistas” continuam proibidas na Guarda Costeira.
“Qualquer exibição, uso ou promoção de tais símbolos, como sempre, será cuidadosamente investigada e severamente punida”, disse ele. “Símbolos como suásticas, forcas e outras imagens extremistas ou racistas violam nossos valores centrais e são tratados com a seriedade que merecem sob a política atual.”
Governo Trump nega extremismo nas Forças Armadas
O exército tem enfrentado dificuldades para combater o extremismo entre seus membros. Um relatório do Pentágono de 2020 constatou que as visões extremistas não eram amplamente disseminadas nas forças armadas, mas afirmou que a questão ainda era urgente devido à capacidade de pessoas com experiência militar de realizar “eventos de alto impacto”.
Durante o mandato do presidente Joe Biden, o Secretário de Defesa Lloyd Austin ordenou, em 2021, uma pausa escalonada nas operações em todas as forças armadas para que os comandantes pudessem ter discussões com seus membros sobre o problema do extremismo.
O Secretário de Defesa Pete Hegseth descartou a ideia de que existiria um problema de extremismo nas forças armadas. Durante sua audiência de confirmação em janeiro, Hegseth disse que o foco no extremismo havia “criado um clima dentro de nossas fileiras que parece político, quando nunca foi político.”

