O presidente Donald Trump processou a BBC nesta segunda-feira (15) por difamação devido a trechos editados de um discurso que davam a entender que ele havia instruído seus apoiadores a invadir o Capitólio dos EUA, abrindo uma frente internacional em sua luta contra a cobertura da mídia que ele considera falsa ou injusta.
Segundo o processo, Trump pediu pelo menos 5 bilhões de dólares em indenizações.
Em novembro, a BBC pediu desculpas ao presidente americano, admitiu um erro de julgamento e reconheceu que a edição deu a impressão errada de que ele havia feito um apelo direto à violência.
No entanto, a emissora britânica afirmou que não há base legal para processá-lo.
A BBC é financiada por meio de uma taxa de licenciamento obrigatória cobrada de todos os telespectadores, o que, segundo advogados do Reino Unido, poderia tornar qualquer pagamento a Trump politicamente problemático.
Diante de uma das maiores crises em seus 103 anos de história, a BBC afirmou que não tem planos de retransmitir o documentário em nenhuma de suas plataformas.
A polêmica em torno do vídeo, exibido no programa documental “Panorama” da BBC pouco antes da eleição presidencial de 2024, desencadeou uma crise de relações públicas para a emissora, levando à renúncia de seus dois executivos mais graduados.
Os advogados de Trump afirmam que a BBC causou enormes danos financeiros e à sua reputação.
O documentário atraiu atenção após o vazamento de um memorando da BBC, elaborado por um consultor externo de padrões, que levantou preocupações sobre a forma como foi editado, parte de uma investigação mais ampla sobre viés político na emissora financiada com recursos públicos.
A produção não foi transmitida nos Estados Unidos.
Trump pode ter entrado com o processo nos Estados Unidos porque, no Reino Unido, as ações por difamação devem ser apresentadas dentro de um ano a partir da publicação, prazo que já se encerrou no caso do episódio do “Panorama”.
Para superar as proteções legais da Constituição dos EUA à liberdade de expressão e de imprensa, Trump precisará provar não apenas que a edição foi falsa e difamatória, mas também que a BBC enganou os telespectadores conscientemente ou agiu de forma imprudente.
Especialistas jurídicos afirmaram que a emissora poderia argumentar que o documentário era substancialmente verdadeiro e que suas decisões de edição não criaram uma impressão falsa. Também poderia alegar que o programa não prejudicou a reputação de Trump.

