A realização de um sonho antigo concretiza a nova jornada de 16 mulheres que, na tarde desta quarta-feira (23/10), após anos afastada dos estudos, puderam concluir o Ensino Fundamental e Médio por meio das secretarias de estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) e de Educação e Desporto Escolar.
“Estou muito feliz. É algo que achei que eu não conseguiria por conta da minha gravidez na adolescência, mas graças à Secretaria de Educação e às meninas do Cream eu tive apoio e incentivo para concluir o meu Ensino Médio. Fico feliz em falar que vocês estão olhando para a nova caloura de Direito de 2025”, festejou Sarah da Costa Silva, de 21 anos.
Realizada no Palacete Provincial, no Centro de Manaus, a cerimônia reuniu mulheres que foram assistidas pelo Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher (Cream), que proporciona o auxílio aos estudos para mulheres em vulnerabilidade social e em situação de violência do Amazonas, reforçando a independência pessoal, financeira e a busca por oportunidades no mercado de trabalho.
Emocionada pela conquista, Sarah expôs que sofreu abuso sexual na adolescência e, por isso, escolheu estudar Direito, para buscar justiça pelo seu caso e de diversas outras mulheres. Como oradora da turma, ela ainda enfatizou que esse momento é o início de uma nova jornada nos estudos.
“É algo que sempre me chamou muito a atenção. Eu sofri abuso por parte de um líder religioso e a gente sabe que é difícil conseguir um advogado que queira lidar com isso, fazendo uma ação pró-bono. Então, [eu vou estudar pois] é uma das minhas metas de conseguir justiça para o meu caso, para que outras moças não passem pelo que eu passei”, salientou.
Futuro
De acordo com a secretária executiva de políticas para as mulheres (SEPM), Lilian Gomes, essa foi a terceira edição de formatura para as assistidas do Cream e da Secretaria de Educação. O foco é continuar ajudando cada vez mais mulheres a conquistarem a independência financeira e novos objetivos.
“Hoje temos 16 formandas realizando o sonho de concluir seus estudos e que já estão pensando no nível universitário. Para nós é a realização de um sonho delas, mas muito nosso também, de fazer com que essas mulheres se empoderem através do conhecimento, que pensem alto e em outras possibilidades. Essa é a terceira turma e já estamos pensando em muitas mais”, relatou a secretária.
Segundo a coordenadora da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Janilce Negreiros, o objetivo da prova é resgatar a cidadania das mulheres na sociedade, e a realização da cerimônia de formatura é o resultado desse trabalho.
“Essa ação é de suma importância porque ela resgata um objetivo principal, que é a escolarização de pessoas que não tiveram acesso no tempo devido. E ao certificar essas mulheres, elas ganham caminhos, possibilidades imensas para o mundo do trabalho, para prosseguir seus estudos, abrir novos horizontes e até para melhorar as condições de sua família”, expressou Janilce.