Manaus (AM) – O mês de março é divulgado internacionalmente como o mês da mulher, época em que se celebra a luta pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres. Em todo o mundo, o mês é marcado por uma série de eventos, atividades e campanhas em prol dos direitos das mulheres, com manifestações, debates, palestras e outras ações com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de garantir a igualdade de gênero e combater a discriminação.
O www.vanguardadonorte dá continuidade à série especial para o mês da mulher, com entrevistas de personalidades femininas inspiradoras que deixam marcas e legados no Amazonas.
Hoje, as entrevistadas são Joyce Coelho, delegada de proteção à criança e adolescente; Maria do Carmo Seffair, reitora do Centro Universitário Fametro; a cantora revelação Duda Raposo e Valcléia Solidade.
A luta continua
A partir da oficialização do Dia Internacional da Mulher em 1975, a luta das mulheres por igualdade de gênero ganhou ainda mais força e visibilidade em todo o mundo. Embora muitas conquistas tenham sido alcançadas nas décadas seguintes, as mulheres ainda enfrentam diversas barreiras e desafios em sua busca por igualdade.
Um dos principais focos da luta das mulheres nas últimas décadas tem sido a busca por equiparação de salários e condições de trabalho. Embora as mulheres representem quase metade da força de trabalho global, elas ainda enfrentam uma desigualdade salarial significativa em relação aos homens.
Além disso, muitas mulheres enfrentam dificuldades para avançar em suas carreiras devido à discriminação de gênero e à falta de oportunidades de desenvolvimento profissional.
Outra área que preocupa as mulheres é a violência de gênero, que continua sendo uma realidade para milhões de mulheres em todo o mundo.
A violência pode assumir muitas formas, incluindo abuso físico, psicológico e sexual, e pode ocorrer em casa, no trabalho, na escola ou na comunidade. As mulheres também lutam por acesso à educação, cuidados de saúde e participação na política.
Apesar muitos países tenham feito progressos nessas áreas, ainda há muito a ser feito para garantir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades e recursos que os homens.
A luta das mulheres por igualdade de gênero continua a evoluir e se adaptar às novas realidades sociais, políticas e econômicas.
As mulheres estão cada vez mais envolvidas em questões como mudanças climáticas, tecnologia e direitos digitais, e continuam a trabalhar para garantir que suas vozes sejam ouvidas em todas as esferas da vida pública.
Joyce Coelho
A delegada titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), Joyce Coelho, é uma dessas mulheres que tem protagonismo em nosso estado por lutar pelos direitos das crianças e dos adolescentes.
Em 2013, Joyce pediu exoneração do Ministério Público e assumiu o posto de servidora da Polícia Civil.
‘’Eu fiz a coisa certa ao sair do Ministério Público. Eu me sinto realizada com a função que eu exerço, principalmente na área que eu atuo hoje’’,
reitera.
Como mulher, seu instinto de cuidar e proporcionar uma qualidade digna às crianças é o que a motiva a continuar exercendo sua função.
Representatividade
Joyce é reconhecida por seu amor e devoção às causas que acredita. Uma das figuras mais representativas do Amazonas e do país, a delegada é umas principais vozes do empoderamento feminino, deixando claro, através de palestras e falas em meios digitais, que a mulher pode ser o que ela quiser.
Reconhecida e premiada em 2020 pelo Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Criança e ao Adolescente; e em 2022 como Mulher Cidadã na Câmara Municipal de Manaus (CMM), Joyce conta que a sensação de dever cumprido é grande.
“Eu divido as homenagens com toda a minha equipe e com toda a sociedade. Ninguém trabalha sozinho e todas as realizações eu devo a muitas outras pessoas. Então, para que a DEPCA tenha sucesso, a gente precisa de uma rede de apoio, da sociedade, de uma imprensa que noticie os fatos. Muito mais do que isso, a gente precisa cada vez mais falar sobre a proteção à criança e ao adolescente’’,
pontua Coelho.
Maria do Carmo Seffair
Maria do Carmo Seffair também é uma das mulheres que ocupa um lugar de liderança como reitora da Fametro. Para ela, o conhecimento é algo ser almejado pelas mulheres. Seffair diz que gosta de liderar e aprender com quem faz parte de seu círculo social.
A reitora da Fametro ressalta que o importante é sempre focar no que se almeja. Para ser bom em qualquer atividade, é preciso estudar e se capacitar.
“Eu digo sempre que não existe carreira perfeita. Quando você quer ser bom, você estuda, se capacita”,
disse.
Seffair relembra que fez a primeira graduação para agradar o pai, que era contador por formação, mas percebeu que não tinha vocação. Então, resolveu realizar o curso dos sonhos (Direito), onde se apaixonou e se encontrou no que queria fazer.
“Quando escolhi a segunda graduação, depois de 20 anos, tive a certeza que a minha escolha era a melhor. E assim fui estudando muito e trabalhando. Desafios sempre eram oportunidades”, lembrou.
Sucesso e dedicação
“Enquanto você não se prepara para enfrentar a vida lá fora, você não vai ter sucesso, que é o resultado da sua dedicação”, aconselha Seffair. “Eu tenho a maior alegria em ver mulheres trabalhando e fazendo a diferença. Tudo o que você precisa fazer é focar naquilo que deseja. Isso ninguém tira pois conhecimento é eterno” completou.
“Uma dica é fazer uma autoanálise e descobrir quais competências, fortalezas e potencialidades que temos. A partir daí, é investir nos pontos. Tenha um propósito pelo qual o olho brilhe!”,
finaliza.
Duda Raposo
Com mais de 3 milhões de reproduções nas plataformas digitais, a cantora e compositora amazonense Duda Raposo fala, em suas canções, de muitas situações enraizadas na sociedade e reconhece o poder da mulher nos dias atuais, e o privilégio de exercer seu papel de artista.
Duda caminha do rap ao pop, e expõe a importância de ter cantoras e compositoras que trazem um sentimento sincero na letra, sem receio de se impor e se diz uma pessoa feminista em um mercado musical majoritariamente masculino.
Como mulher lésbica, a jovem ressalta a necessidade que a comunidade tem de se relacionar com letras e evitar o constante sentimento de solidão.
“Falo das minhas vivências nas letras das músicas. Isso faz com que um público LGBTQIA+ também se identifique com isso, e eu sei que tem muita gente que se sente representada”,
acrescentou.
Raposo começou a cantar em bares com 15 anos e já passava por situações por ser mulher. Ganhando visibilidade local, ela ainda percebe a evidente dificuldade da mulher no mercado da música.
Além dos palcos, Duda Raposo é designer gráfica e gosta de ressaltar o seu lado pisciano e sentimental.
Com 11 anos já começou a cantar e compartilhar covers na internet e, após 10 anos de persistência e amor no ramo musical, Duda se emocionou ao dar dicas para aquelas meninas que querem seguir o sonho de cantar.
“O principal conselho é ser forte, pois somos invalidadas constantemente. É complicado passar por isso, e o que sempre desejamos é força, e lembrarmos que não estamos sós”,
concluiu.
Valcléia dos Santos Lima Solidade
Valcléia dos Santos Lima Solidade foi agraciada com o título de “Mulher Cidadã Amazonense” na última quarta-feira (8), que reconhece sua contribuição à sociedade. A homenageada é superintendente de Desenvolvimento Sustentável da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).
Valcléia destacou que a homenagem só a incentiva ainda mais a “se dedicar e desenvolver projetos que auxiliem na melhoria da qualidade de vida das populações”.
“Eu estendo esta homenagem para todas as mulheres que acreditam e somam comigo nas atividades que podem fazer a diferença na vida das pessoas”,
disse.
Valcléia é natural de Murumuru, uma comunidade quilombola situada no município de Santarém (PA).
Há 28 anos, ela se dedica às causas da Amazônia, em projetos socioambientais, como atuante no Projeto Saúde e Alegria, no Pará, e na coordenação do Programa Bolsa Floresta (PBF), iniciativa da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema-AM), e implementado pela FAS.
Entre as atividades, Solidade desenvolve atividades em prol do empoderamento feminino a partir do empreendedorismo sustentável, em ações educativas, e confecção de artesanatos com pessoas em situação de vulnerabilidade econômica.
Para isso, ela incentiva a participação de lideranças femininas e apoia a luta das mulheres pela conquista de seu espaço e protagonismo.
Para a ativista, seus maiores exemplos foram para seus pais que mostraram como é ser liderança e que foram sua inspiração a seguir os passos.
Além disso, Valcléia se sente agraciada pelas comunidades que lhe permitiram realizar as atividades, depositando confiança na parceria.
Matéria produzida por Rosana Ramos, Pedro Tukano, Guilherme Nery e Conceição Melquíades