Manaus (AM) – De acordo com o Ministério do Turismo, o ecoturismo é um segmento da atividade que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, além de incentivar a conservação e a formação de uma consciência ambiental.
Comemorado no último dia 1º de março, o Dia Mundial do Turismo Ecológico foi criado com o intuito de estimular as pessoas a planejar os próximos feriados e férias para conhecer lugares diferentes e estarem mais em contato com a natureza.
O Amazonas dispõe de 42 Unidades de Conservação Estaduais. Do total, 16 são de Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS).
Ao Vanguarda do Norte, o presidente da Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur), Gustavo Sampaio, destacou as principais iniciativas do segmento e ressaltou que as atividades têm em seus principais pilares a conservação dos recursos naturais e culturais.
“Somos um estado com 97% de floresta preservada, que tem a sustentabilidade como um grande pilar e uma pauta principal. O ecoturismo gera benefícios para as comunidades, para os ribeirinhos e para as populações que recebem turistas e promovem educação ambiental, gerando emprego, renda e oportunidades naquela localidade”, pontuou Gustavo Sampaio, presidente da Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur).
O que é o ecoturismo?
A professora e doutora do curso de turismo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Kalina Benevides, explicou que o ecoturismo é uma das ferramentas dentro do turismo, onde o principal objetivo é promover uma atividade com baixíssimo impacto social e ambiental.
“Os souvenires (objeto que é adquirido em lugares turísticos como lembrança), geralmente, acabam sendo caros, principalmente pela baixa saída deles. Então, como são produtos artesanais que demoram para serem produzidos, eles custam mais caros por não terem uma saída volumosa, como é a produção industrial. Então, eles precisam de um “atravessador”, que são os donos de flutuantes, embarcações e lojas. Estes, vendem mais caro para tirar o seu lucro. Sai caro, mas é bom para os artesãos”, relatou.
A especialista acrescenta que é um equívoco dizer que hotéis de selva e balneários locais são voltados para o ecoturismo. Para ela, esses estabelecimentos representam uma moeda de marketing e poucos se aproximam dos pilares de sustentabilidade (social, ambiental e econômico).
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“É um erro dizer isso só porque esses lugares estão perto do rio, dentro da natureza, tem uma decoração rústica e uma alimentação muito própria do lugar”, afirmou.
Para Kalina, para que os hotéis sejam considerados locais de ecoturismo, eles precisam ter uma gestão sustentável de seus resíduos, além de uma série de estratégias para as populações que estão localizadas no entorno do ambiente.
“Eles deveriam ter, por exemplo, responsabilidade de baixo impacto na construção do hotel, contratar mão-de-obra local. Esses elementos já os adequariam às atividades do ecoturismo”, esclareceu.
Campanha
Com o imperativo “Não toque, observe”, a campanha da Amazonastur propõe a conscientização sobre ações que envolvam animais silvestres. O órgão orienta turistas a não segurá-los para fotos e jamais perseguir ou alimentar.
Durante os passeios, os visitantes são instruídos a se certificar de que a empresa esteja regularizada com órgãos competentes e que os locais visitados não lidem com o manejo ilegal de
animais silvestres.
“Seguimos preservando a floresta em pé, o nosso povo, as nossas raízes e os povos originários. O ecoturismo é algo permanente que temos aqui o ano todo. Para a gente, é um grande benefício e um grande orgulho”, disse Sampaio.
Incentivo ao ecoturismo
Para Felipe Souza, presidente da Comissão de Turismo da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM), é de suma importância incentivar o ecoturismo nas riquezas naturais que o
Amazonas oferece.
O deputado também ressalta que o ecoturismo incentiva a conservação do patrimônio natural e cultural, com o objetivo de contribuir para a sua preservação e minimizar os impactos ao meio ambiente.
“O nosso estado é rico em belezas naturais e é por esse motivo que o ecoturismo se torna importante, onde a prática do turismo deve ser realizada de forma consciente em incentivo à preservação do meio ambiente”, relatou Souza.
Consciência ambiental
De acordo com a turismóloga Cristiane Vieira, além de ser uma atividade turística que utiliza a sustentabilidade como aliada, o ecoturismo busca pela formação de uma consciência ambiental.
“O principal desafio do Ecoturismo vão da falta de conhecimento e a falta de políticas públicas ligadas ao setor. O turismo Amazonense deve atuar nas comunidades ribeirinhas, onde o Ecoturismo pode ser aplicado em atividades ao ar livre, observação da fauna e flora amazonense. Os artesanatos das comunidades indígenas, atraem os turistas adeptos desse tipo de turismo”, complementou.
Já Thayene Haissa Freitas de Jesus, também turismóloga, explica ainda que, tendo a proteção ambiental como seu pilar, o ecoturismo tem o objetivo de gerar desenvolvimento sustentável e menos impactos negativos para a natureza e para as pessoas.
“O turismo é um setor que gera emprego e renda e trabalhar o turismo sustentável no Amazonas vai potencializar o estado como destino turístico. Vai mostrar aos turistas e moradores locais a importância da preservação ambienta quando entenderem a importância, a potencialidade e os benefícios que promove, como o desenvolvimento social e econômico”, analisou.
Para a especialista, a falta de políticas públicas e de investimentos é o principal desafio, visto que o ecoturismo, se trabalhado da maneira correta, aquece a economia e desenvolve a região.
Ecoturismo no interior
O município de Presidente Figueiredo (a 126 quilômetros de Manaus) é considerado um paraíso no Norte do Brasil por causa das suas belezas naturais e o sócio proprietário da empresa Figueiredo Turismo, Mário Sérgio de Jesus da Silva, destaca que vivenciar e se conectar à Amazônia é o grande atrativo da atividade.
O empresário e guia turístico ressalta a importância do turismo sustentável e a influência que o trabalho exercido apresenta para a orientação e conscientização de quem busca conhecer algum lugar embarcando nesse segmento.
“Nossos clientes não conseguem arrancar nossas pulseiras durante um passeio, para não haver poluição de responsabilidade da empresa. No trajeto, instruímos os clientes a se comprometerem com o próprio que geram, manter o local organizado, não fazer bagunça, não derrubar ave e não quebrar um galho. Qualquer situação que ocorra, é preciso que ele se direcione ao guia para que ele passe a orientação correta”, pontuou.
1 comentário
Muito bom trazer e colocar em pauta a temática do Ecoturismo.