Para a comunidade da Escola Estadual Isaías Vasconcelos, em Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus), acreditar no poder transformador da educação tem sido o caminho mais eficaz de mudanças da realidade social. Por meio do projeto ‘A caminho da universidade’, a unidade de ensino auxilia os alunos no ingresso ao ensino superior.
A ação, que é uma das atividades desenvolvidas na rede estadual de ensino, soma-se às diversas iniciativas educacionais que transformam vidas e merece destaque a série, em homenagem ao Dia da Educação, a ser comemorado no dia 28 de abril.
Com a intenção de estimular e apoiar alunos do Ensino Médio, principalmente, os finalistas a participarem dos vestibulares para ingresso em cursos superiores, o “A caminho da universidade” começou a ser desenvolvido na unidade de ensino em 2023.
Por meio do projeto, que acompanha os alunos da EE Isaías Vasconcelos desde a inscrição processo, até o dia das provas, os estudantes participam de aulas preparatórias e orientação vocacional, ao longo do ano letivo; e, no dia dos exames, contam com transporte, apoio motivacional, alimentação, água e kit para realização das provas.
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Em 2024, 840 vestibulandos, de todas as turmas do Ensino Médio da escola, participam da iniciativa. O projeto, além de promover “aulões” preparatórios para os exames de ingresso ao ensino superior, também fornece materiais de estudo. Como resultado, em um ano, centenas de estudantes conquistaram a aprovação em universidades públicas e privadas do Amazonas.
Entre os aprovados, está a universitária e ex-aluna da escola, Elizandra Galeno, de 17 anos, que conquistou o 3º lugar no processo seletivo para o curso de Petróleo e Gás, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). “Sendo a primeira da família a passar em uma universidade pública, é de extrema importância para a família, amigos, parentes, e meu avô que sempre se orgulhou de mim”, disse Elizandra.
Enquanto Elizandra comemora o início de uma nova etapa, outros estudantes da EE Isaías Vasconcelos lidam com os desafios da preparação para os vestibulares. Mas, mesmo no meio do percurso, muitos alunos já conseguiram alcançar bons resultados.
O estudante Luiz Neto, de 17 anos, conquistou a nota 81 na primeira fase do Processo Seletivo Contínuo (PSC), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Com a maior nota da escola, o pré-universitário já está na metade do caminho para alcançar a aprovação no curso que deseja: medicina.
“Foi uma surpresa para mim. Mas, eu estudei muito, tive apoio da minha família e não foi nada fácil. O projeto tem dado um apoio enorme na nossa vida, principalmente, na base dos estudos com os professores sempre ajudando a gente”, disse Luiz Neto.
Também é destaque pelo bom desempenho o aluno com deficiência, Thiago Felipe, de 24 anos, que conquistou nota 52 na primeira fase do processo seletivo. Para ele, o resultado é motivo de superação. “Para mim, é muito difícil. Mas, eu vejo cada palavrinha, fico observando, a professora me ajuda na parte de libras e fica um pouco menos difícil”, contou Thiago.
Força-tarefa
O projeto ‘A caminho da universidade’ conta com a contribuição de 40 professores, que se revezam em aulas aos sábados no auditório da escola. A iniciativa recebe apoio de organizações da sociedade civil e, para que todas as atividades tenham sucesso, toda a comunidade escolar se dedica, em uma força-tarefa, em prol dos alunos.
“O projeto visa, além de apresentar a forma de acesso ao ensino superior, aplicar o conhecimento que essas provas cobram, o que mais cai, para nós fazermos um serviço para que, além do conhecimento adquirido, eles [os alunos], após o resultado das provas, também tenham a consciência de que cursar o nível superior pode mudar a realidade”, disse o professor de Matemática, André Simão.
Contribuição social
A mobilização que motiva os alunos a permanecer no caminho da educação tem feito a diferença na comunidade. Quem colabora com a iniciativa, sabe a importância do impacto social gerado, principalmente nas localidades mais distantes.
“Pelas dificuldades que os alunos têm, para mim, eles já são vitoriosos. Só da dificuldade que eles têm para chegar até a escola. E não falta um aluno. Faça chuva ou faça sol”, contou Fredson Seixas, condutor escolar responsável pelo transporte dos alunos ribeirinhos.
A diretora da escola, Francimary Bulcão Macedo, explicou que a proximidade das turmas com o ensino superior tem gerado mudanças significativas nas perspectivas pessoal e profissional dos alunos.
“Eu entendo que a educação é o único caminho para a mudança de vida, para a melhoria das condições financeiras, para a abertura de caminhos e um leque de oportunidades para eles [alunos]. Então, eu penso que a escola precisa ser uma escola de oportunidades”, disse Francimary.