O grupo emergencial de acompanhamento e retirada dos botos do Lago Tefé, distante 523 quilômetros de Manaus, encontrou mais cinco carcaças desses animais, segundo balanço divulgado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá na noite de terça-feira (3). As carcaças foram encaminhadas para necropsia.
Até o momento, as altas temperaturas na região estão sendo apontadas como a principal causa da morte de mais de 125 botos no Lago Tefé. Segundo o Instituto Mamirauá, organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 5% da população de botos de Tefé morreu desde o início da seca.
A média histórica da temperatura da água no Lago Tefé, segundo o instituto, é de 32ºC. Mas na última quinta-feira (27), a medição chegou a 40ºC numa profundidade de até três metros. A mobilização social, iniciada no fim de semana, ocorreu após a morte de mais de 100 mamíferos aquáticos, como o boto vermelho e o tucuxi, que viviam no local.
“O Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad), não identificou nenhum boto vivo com alteração comportamental que necessitasse de resgate, mas ficou em alerta próximo à região onde foram encontrados dois novos botos mortos por volta das 2h”, informou o instituto.
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No sábado (30), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) enviou equipes de veterinários e servidores do seu Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) e da Divisão de Emergência Ambiental para apurar as causas da mortandade extrema desses animais.
Além dos botos, novas equipes de especialistas do Mamirauá foram montadas para analisar a mortandade dos peixes no lago. Nesta quarta-feira (4), chega um especialista em plânctons do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) para estudar o surgimento de uma floração de algas no Lago Tefé.
Ele deve avaliar a possibilidade de essas algas estarem liberando algum tipo de toxina na água do lago. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, chegou em Manaus na manhã desta quarta-feira para avaliar a situação da estiagem, que atinge 58 municípios do Amazonas. Além do Amazonas, Rondônia e Acre também sofrem com a estiagem, que já afeta cerca de 500 mil pessoas na região.
Fim do ano letivo
Com a seca prolongada, a prefeitura de Manaus decidiu antecipar o fim do ano letivo na rede municipal de ensino de comunidades ribeirinhas, localizadas no Rio Negro. A Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou também que o término, antes previsto para o dia 17, ocorrerá nesta quarta-feira, devido à dificuldade de professores e alunos se deslocarem para as escolas.
Devido ao regime de cheia e vazante dos rios, as escolas do Rio Negro adotaram calendário diferenciado, com as aulas começando em janeiro e terminando em outubro. A adoção de calendário diferenciado é prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
“Nas escolas do Rio Amazonas, que obedecem ao calendário regular da Semed, os alunos entraram em período especial, com aulas remotas. A cada 15 dias, a equipe pedagógica da prefeitura analisará a possibilidade do retorno das atividades presenciais”, informou a secretaria.
Em razão da seca que atinge o Amazonas, 23 municípios já decretaram situação de emergência. Dos 62 municípios amazonenses, 35 estão em situação de alerta, dois em atenção e dois em normalidade. Além dos decretos municipais, o governador, Wilson Lima também decretou situação de emergência em 55 municípios do Amazonas afetados pela seca.