Manaus (AM) – Marcellus Campêlo, 52 anos, é engenheiro civil, especialista em saneamento básico. Exerce, desde 2019, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), e agora, tem um novo desafio: Gerenciar a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedurb). Em entrevista exclusiva ao jornal Vanguarda do Norte que foi publicada na edição do último fim de semana, Campêlo falou sobre os trabalhos feitos e as expectativas para Manaus e região metropolitana a partir da nova determinação do Governador Wilson Lima. Confira agora a matéria completa no Portal Vanguarda do Norte.
Vanguarda do Norte: O senhor acaba de assumir a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedurb), recém-criada e muito importante, uma prova da confiança do governador em seu trabalho. Quais os principais objetivos e projetos para a Sedurb e como será o seu trabalho?
Marcellus Campêlo: A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano vai conduzir projetos estratégicos do Governo do Amazonas, como os da área habitacional e de saneamento básico. É o caso, por exemplo, do Programa Amazonas Meu Lar, lançado recentemente pelo governador Wilson Lima. À secretaria estão vinculados os seguintes órgãos: Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), Companhia de Saneamento (Cosama) e Superintendência de Habitação (Suhab), com os quais trabalhamos de forma integrada. Pela UGPE temos projetos importantes em andamento, como o Programa Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+), o Programa de Saneamento Integrado do Interior (Prosai) de Parintins e o Ilumina+ Amazonas. Além disso, convênios com as Prefeituras para execução de obras diversas em todo o estado. Em Manaus, por exemplo, os convênios viabilizam o Passe Livre Estudantil, a execução do Asfalta Manaus e obras de mobilidade urbana para desafogar o trânsito.
Vanguarda do Norte: Falando em desenvolvimento metropolitano, muitas cidades que estão próximas a Manaus ainda estão muito carentes de políticas públicas. Muitas delas, como Iranduba e Manacapuru, por exemplo, sendo alvos de organizações criminosas e de violência. Quais são os projetos que devem ser implementados na região metropolitana?
Marcellus Campêlo: Temos vários projetos que serão executados e que muito em breve iremos detalhar. É importante lembrar que temos, sob o guarda-chuva da Sedurb, importantes ações já em andamento em Manaus e outros municípios, com condições de ampliação para a região metropolitana. A intenção do governador Wilson Lima, ao criar a secretaria e dar essa missão de envolver a área metropolitana em seus projetos, é justamente garantir as políticas públicas necessárias para que os municípios do entorno possam se desenvolver acompanhando o ritmo da capital. Vamos reestabelecer o Conselho da Região Metropolitana de Manaus, o Fundo de Investimentos da Região Metropolitana e, também, executar projetos com foco nos 13 municípios da região. Já estamos com o Ilumina+ Amazonas, por exemplo, que chegou a Itacoatiara, Manacapuru, Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo, Autazes, Itapiranga, Novo Airão e Silves, todos situados na região metropolitana. Temos também o exemplo da duplicação da AM-070 e recuperação da AM-010 e ramais do interior.
Vanguarda do Norte: Secretário, o Prosamim+ e o ilumina+, programas desenvolvidos pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas, foram apresentados no Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio Ambiente essa semana. O senhor acredita que apresentar esses programas no evento tvrará mais visibilidade para o estado e qual o principal objetivo de levá-los para o Congresso?
Marcellus Campêlo: Com certeza. Trata-se de um congresso internacional sobre sustentabilidade, que reuniu instituições importantes no contexto do tema. A aprovação dos nossos artigos mostra o nível de excelência da equipe e dos sistemas adotados no estado. Coloca também em evidência trabalhos que mostram o cumprimento, no Amazonas, de políticas públicas de meio ambiente. Portanto, uma grande oportunidade para o Governo do Amazonas e para nós, da Sedurb e UGPE, darmos visibilidade aos projetos. No evento, apresentamos artigos sobre o Ilumina+ Amazonas e o Prosamin+, dois programas que têm na essência a pegada ambiental e de sustentabilidade. O Ilumina+ contempla a redução de emissão de carbono, a partir da implantação de luminárias de LED, e o Prosamin, dentre outras coisas, tem ações específicas voltadas à questão de gênero. Isso chamou muita atenção. A nossa participação foi impactante, até para a mídia especializada que cobriu o evento, resultando em convites para entrevistas e apresentações. Uma oportunidade ímpar de visibilidade ao trabalho que está sendo executado. Os artigos foram assinados por mim e por Otacílio Cardoso, Leonardo Barbosa, Viviane Alves e Camila Fuziel, todos da equipe da UGPE.
Vanguarda do Norte: O programa ilumina+ já beneficiou diversos munícipios do interior do estado, levando uma iluminação mais moderna e com menos gastos aos cofres públicos, mas ainda há muito que se avançar no interior e na própria capital. Em Manaus ainda há pontos em que ruas não têm sequer um poste com a iluminação comum e outras áreas escuras até no centro da cidade. Neste sentido, gostaria que o senhor explicasse como funciona o mapeamento e critérios para que os locais ou cidades sejam alcançadas com o programa?
Marcellus Campêlo: O Ilumina+ é um grande legado do governador Wilson Lima para o interior do Amazonas. Já alcançou 32 municípios na primeira fase e já estamos planejando a execução da próxima. A meta do governador Wilson Lima é que a área urbana de todos os municípios do interior esteja iluminada com LED. Em Manaus, o sistema é gerido pelo município, por meio de uma empresa concessionária que, pelo que saiba, tem sistemas de atendimento ao público para resolver manutenção e um plano de expansão da rede. No interior, nesses 32 municípios já beneficiados a realidade, hoje, é totalmente diferente. Antes, quando dava seis horas da tarde, as cidades já estavam escuras, ficando até perigoso para quem precisava estudar e trabalhar à noite. Os hábitos mudaram. As pessoas voltaram a ocupar as praças públicas no período noturno, a ficar conversando nas portas das casas e até mesmo o comércio comemorou o fato de poder funcionar até mais tarde. O impacto da iluminação foi sentido até na segurança pública, no trabalho da polícia. Além disso, tem a questão da economia de custos. Os municípios economizam de 40 a 60 por cento nas contas pagas para a concessionária.
VDN: O senhor destacou-se à frente da UGPE, órgão que é visto como referência na elaboração de projetos sustentáveis. O senhor já pensou em um projeto que vise à melhoria da mobilidade urbana na capital e região metropolitana?
MC: O Governo do Amazonas vem dando contribuições importantes para melhorar a mobilidade urbana, por meio dos convênios assinados com o município. Por exemplo, estamos repassando para a Prefeitura de Manaus R$ 51,2 milhões para a construção de um viaduto na avenida das Torres, que vai melhorar e muito o fluxo de veículos naquela área. Mais R$ 80,2 milhões para a construção de um viaduto na Bola do Produtor. Outra iniciativa importante de mobilidade é o Asfalta Manaus. São R$ 181,8 milhões para o município recapear as ruas da capital, além de R$ 13,1 milhões para a construção de um novo terminal rodoviário. Também repassamos R$ 8,7 milhões para a construção de uma passarela na avenida Ephigênio Sales, onde as pessoas se arriscam para atravessar em um local bastante movimentado. Temos, ainda, o Passe Livre Estudantil, para cuja manutenção o Governo do Amazonas já investiu 158,2 milhões, desde o ano passado. Temos, ainda, o Anel sul, Anel leste, a ligação das avenidas Silves e Maués, o Prosamin+, todas obras que colaboram com a mobilidade urbana em Manaus.
VDN: O governador tem buscado apoio em países da Europa e recentemente dos EUA para parcerias em projetos sustentáveis. O senhor acha que esses encontros trarão resultados em curto prazo?
MC: Uma das funções do governador é representar o Estado dentro e fora do país. As visitas que o governador Wilson Lima tem feito no exterior reforçam a intenção do governo de manter a boa relação com empresas e organismos internacionais, cujo relacionamento já tem há muitos anos. É o caso do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), além de empresas, principalmente aquelas que têm sede aqui no Polo Industrial de Manaus, como é o caso da Coca-Cola, onde o governador fez visita. Nas agendas, ele leva mensagem de sustentabilidade do estado do Amazonas, fortalecendo a imagem do Polo Industrial de Manaus e a geração de emprego e renda combinada com a preservação da Floresta Amazônica. O governador tem levado a mensagem dos projetos de sustentabilidade, que é uma das suas prioridades. É o caso dos programas Escola da Floresta, Ilumina+ Amazonas, que está implantando LED no interior, e a utilização de placas solares nos projetos em comunidade rurais, entre outras ações que envolvem o compromisso do governo com o meio ambiente. É importante mostrar aos países desenvolvidos, que possuem recursos para apoiar nossos projetos, que eles estão alinhados com as 17 ODS, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Organização das Nações Unidas. Então, certamente, as visitas do governador trarão benefícios para o Amazonas e para a região, inclusive do ponto de vista prático, de parcerias que podem resultar dessa interação.
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VDN: Falando do cenário político atual, qual sua opinião sobre a relação entre prefeitura de Manaus e governo de estado. A união entre prefeitura e governo do Amazonas pode ajudar no seu trabalho à frente da Sedurb?
MC: Nós mantemos com a Prefeitura de Manaus, já dentro do âmbito da Sedurb, os convênios que foram assinados pelo governador Wilson Lima e o prefeito David Almeida, por meio do protocolo de 2021. Os convênios envolvem recursos da ordem de R$ 580 milhões, para obras de infraestrutura e outras ações do município. No começo deste ano, o governador e o prefeito assinaram a prorrogação do convênio que envolve a manutenção do Passe Livre Estudantil, com a concessão da gratuidade do transporte público, beneficiando 170 mil estudantes da rede pública estadual e municipal de ensino. Com isso, já somam R$ 700 milhões nessa parceria entre Governo do Amazonas e Prefeitura, com ações que já estão ajudando a melhorar a qualidade de vida da população de Manaus. São obras de mobilidade, reforma de feiras e mercados, construção de viadutos, implantação do Parque Gigante da Floresta, enfim, grandes ações para a cidade de Manaus.
VDN: A política nacional está cada vez mais polarizada e temos um país divido entre Lulismo e bolsonarismo. O senhor acredita que de alguma forma isso pode prejudicar futuras parcerias do governo estadual e governo federal?
MC: A relação entre o Governo Estadual e Federal passa primeiro pela questão institucional e pelo objetivo final que deve mover a todos que exercem cargo público, que é trabalhar pelo bem da população. Os entes têm suas obrigações constitucionais, repasses de recursos obrigatórios e apoio a programas e projetos. O Governo do Amazonas, como é o seu papel, tem buscado apoio e suporte para projetos em várias áreas e tem sido muito bem recebido pelo Governo Federal, nos ministérios, na Caixa Econômica, Banco do Brasil e outros órgãos da administração direta e indireta. Temos sempre uma boa relação com todos. O comportamento institucional dos dirigentes tem sido sempre o de apoio aos projetos que sejam bons para a população do Amazonas. Temos tido uma boa receptividade. Certamente, essa relação se manterá de uma forma institucional e política, respeitando o espaço de cada um. Lembrando, também, que o partido do governador Wilson Lima, o União Brasil, compõe a base do Governo, ocupando três ministérios e outros órgãos da administração federal.
VDN: Há um aceno positivo sobre recursos federais para a região metropolitana de Manaus que pode ajudar no trabalho da Sedurb para que possa iniciar o trabalho com pé direito?
MC: Sim, estivemos em comitiva do governador Wilson Lima, no mês passado, com o ministro das Cidades, Jader Filho, e com a presidente da Caixa Econômica, Rita Serrano, apresentando o programa Amazonas Meu Lar, que prevê a oferta de mais de 20 mil unidades habitacionais e 32 mil títulos de terra definitivos. Esse programa será realizado também em parceria com o Minha Casa Minha Vida, e está coadunado com o que o Governo Federal pensa em termos de soluções de moradia. O governador Wilson Lima idealizou o programa para que possamos subsidiar a entrada do financiamento para as famílias de faixa mais baixa de renda e o Governo Federal também entrará com um subsídio. Somando os dois subsídios o valor residual para financiamento vai ficar muito baixo. São 35 anos de financiamento. E a pessoa vai pagar uma prestação, no máximo, igual ou até inferior ao que pagaria em aluguel. Hoje, o grande entrave para quem consegue pagar um financiamento na Caixa é conseguir pagar os 20% de entrada, e tanto o Governo do Estado como o Governo Federal darão esse apoio às famílias no Amazonas Meu Lar.
VDN: O senhor pensa em um projeto político em sua carreira nos próximos anos?
MC: A minha atuação em todas as experiências que eu tive no setor público, tanto na Prefeitura de Manaus quanto no Governo do Amazonas, foi sempre técnica, procurando tocar projetos e programas de uma forma resolutiva e célere. Assim continua sendo com as ações estratégicas determinadas pelo governador Wilson Lima, a quem agradeço a confiança que deposita no meu trabalho e na equipe que atua junto comigo. Estou muito focado em dar continuidade aos programas que já são desenvolvidos nesta administração e também em ampliar a resolutividade de políticas públicas, principalmente nas áreas de habitação e saneamento básico. Vamos nos unir à Suhab, no Programa Amazonas Meu Lar, e também unir esforços com a Cosama, para oferecer saneamento básico para aqueles que mais precisam no interior do estado. O momento é de trabalhar e desenvolver projetos que, tenho certeza, são importantes e com densidade para transformar a vida das pessoas, a partir das melhorias que serão implantadas, e para ajudar no desenvolvimento do estado.