Segundo uma pesquisa do Programa Universal Amazonas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), 38% das 1.116 pessoas entrevistadas afirmam ter sofrido algum tipo de violência no ambiente acadêmico, nos últimos cinco anos; maioria das vítimas são mulheres.
O estudo tem como objetivo analisar a dinâmica da violência contra a mulher em unidades públicas de ensino superior no estado e envolveu acadêmicos, professores, técnicos e terceirizados de ambos os sexos. Das pessoas que afirmaram sofrer algum tipo de violência, 73% são mulheres.
Entre os registros, estão o assédio moral e sexual, estupro, racismo, xenofobia, homofobia e transfobia. A pesquisa, apoiada pelo Governo do Estado, foi realizada por meio de formulário virtual e encaminhada aos participantes das UniversidadPrograma Universal Amazonase do Estado do Amazonas (UEA), Federal do Amazonas (Ufam) e do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), em unidades da capital e do interior.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, doutora em Serviço Social, Milena Fernandes Barroso, o objetivo principal do projeto foi analisar a prática da violência, principalmente contra as mulheres, para entender quais são as particularidades das violências nas universidades públicas do Amazonas. A pesquisa também buscou identificar as principais expressões de violências utilizadas nesses espaços.
“As violências mais presentes identificadas pela pesquisa foram: assédio moral e sexual, discriminação social e racial, além da violência no contexto da internet, que se torna muito presente com os usos das tecnologias. A pesquisa também revelou que “a falta de registros dos casos e outras denúncias resultam também da ausência de espaços de acolhimento a essas vítimas”, comenta a pesquisadora.
Barroso acredita que a importância do estudo está em explicitar a violência contra as mulheres como um problema não apenas de estudo e pesquisa nas Instituições de Ensino Superior (IES), mas que atravessa as relações e estruturas das universidades.
Ela aponta que o estudo possibilitou acessar muitas informações que envolvem desde a insegurança no espaço das instituições até a vitimização e, com a análise, foi possível identificar que homens e mulheres são vítimas de violência, mas que as mulheres são as principais vítimas.
A coordenadora do estudo destacou a importância do apoio ao projeto e a relevância da pesquisa para a adoção de estratégias que rompam com as práticas de violências nos espaços acadêmicos. A pesquisa, realizada de 2019 a 2021, resultou na elaboração de artigos, discussões sobre o tema da violência contra as mulheres nas universidades em eventos científicos, produção de uma cartilha, um cartaz e um livro que reuniu vários artigos falando sobre o assunto.
*Com informações da assessoria