O governador Wilson Lima autorizou, nesta sexta-feira (21/11), o funcionamento da estrutura flutuante destinada ao processamento dos jacarés manejados na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Médio Solimões. A regularização ambiental, emitida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), garante que a unidade opere de forma adequada e representa mais um avanço para o fortalecimento da atividade conduzida pela comunidade do setor Jarauá, com apoio técnico do Instituto Mamirauá.
O governador Wilson Lima destacou o impacto da medida para o desenvolvimento sustentável da região.
“É a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável criada no interior da Amazônia e agora damos um passo importante, que é o manejo de jacaré, essencial para complementar a renda dessas famílias. Nós estamos entregando uma licença que é fundamental para viabilizar essa estrutura”, ressaltou.


A estrutura foi desenvolvida para atender às condições da várzea amazônica, garantindo segurança, organização e melhores condições de trabalho às famílias envolvidas. O Instituto Mamirauá, referência em pesquisa e conservação, acompanha o manejo desde o início dos anos 2000, unindo conhecimento científico e práticas tradicionais.
O entreposto é também o primeiro estabelecimento flutuante de processamento completamente licenciado do Brasil, considerando todas as esferas de licenciamento ambiental e de inspeção sanitária. É, ainda, o primeiro entreposto flutuante do país a receber dispensa ambiental, marco que reforça a inovação e a relevância do modelo instituído em Mamirauá.
A atividade de manejo já havia recebido autorização federal do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2020, referente ao plano de manejo vigente naquele período. Com a nova dispensa ambiental concedida pelo Ipaam, um novo plano será submetido ao Ibama para solicitar a próxima autorização federal, prevista para o ciclo de 2026. Essa etapa é essencial para que as comunidades avancem em novos ciclos de produção.

Autorização
A autorização estadual garante que a estrutura opere dentro das normas ambientais e oferece segurança para o processamento dos animais manejados, além de fortalecer o modelo já consolidado na reserva. O setor Jarauá é considerado uma das áreas com maior potencial produtivo.
No Jarauá, a cota máxima de manejo é de 500 jacarés por ano, conforme a capacidade das áreas atualmente monitoradas. Com base em valores já obtidos em ciclos anteriores, a atividade pode gerar retorno anual entre R$ 230 mil e R$ 240 mil para as comunidades.
Para os moradores, o avanço representa a realização de uma luta histórica. O manejo de jacarés complementa outras atividades sustentáveis da região, como a pesca e o manejo do pirarucu, fortalecendo a economia local e oferecendo novas oportunidades para jovens e famílias.
Adelson da Silva Oliveira, 41 anos, presidente da associação local e integrante do manejo há 16 anos, reforça a importância da regularização.
“É uma grande vitória para a comunidade e para o setor. Desde quando cheguei aqui foi uma luta conseguir essa licença para o manejo de jacaré. É uma conquista grande que estamos trazendo para dentro da comunidade. O manejo é um ganho a mais na renda das famílias, e aqui são cerca de 40 famílias, além de outras comunidades que também participam”, afirmou.

