Com mais de 7,3 mil kits entregues aos estudantes da rede estadual impactados pela estiagem em 40 municípios do Amazonas, incluindo a zona rural de Manaus, o Governo do Amazonas, em ação coordenada pela Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar, encerrou as entregas dos kits do programa Merenda em Casa.
Por conta da seca histórica deste ano e da impossibilidade de alunos de comunidades rurais, das cidades afetadas, chegarem às escolas, o Governo do Estado passou a realizar a entrega da merenda escolar em casa. O ciclo de entregas, que começou no final de setembro, foi finalizado na comunidade Três Unidos, zona rural de Manaus, com as entregas destinadas a estudantes da Escola Estadual (EE) Pedro Silvestre. A sede da instituição, que fica localizada no São Raimundo, zona oeste da capital, recebe estudantes de diversas comunidades rurais de Manaus.
Alunos da EE Samsung Amazonas e da Escola Estadual de Tempo Integral (Eeti) Irmã Gabrielle também foram impactados e já receberam os kits alimentícios. De acordo com a assessora técnica da Secretaria Executiva Adjunta da Capital (Secap), da Secretaria da Educação, Samia Santos, que acompanhou as entregas nos últimos dois meses, a sensação é de dever cumprido.
“A entrega do Merenda em Casa foi um grande desafio. A Secap mobilizou, junto dos corpos docentes e dos alunos, toda a dinâmica de entrega para os estudantes impactados nas comunidades rurais de Manaus. Foram 22 comunidades (da zona rural de Manaus) alcançadas”, enfatizou Samia Santos.
Dos 7,3 mil estudantes impactados, 6.828 são de comunidades rurais do interior do Amazonas e 561 da zona rural de Manaus. Ao longo de toda a segunda-feira (11), foram entregues os últimos 70 kits do Merenda em Casa, na capital Amazonense. No interior, as entregas foram concluídas no dia 30 de novembro. Além dos kits, também foram entregues as apostilas do programa Aula Em Casa, material pedagógico produzido pela Secretaria Executiva Adjunta Pedagógica (Seap), da Secretaria de Educação.
Ajuda Humanitária
Por conta da dificuldade de deslocamento, os kits do Merenda Em Casa deixaram de ser apenas uma restituição do que seria consumido pelos estudantes na escola e se tornaram um alento em meio à situação de desafios. Assim definiu Aldenor Amazonas, que na segunda-feira foi receber a cesta básica do filho dele, Fábio Pereira Amazonas, aluno da EE Pedro Silvestre.
“Toda ajuda é bem-vinda. Sempre digo para o meu filho não largar os estudos, porque representa o futuro dele. Hoje, viemos para cá, com o apoio do diretor da escola dele, receber sem custos esse kit que vai ser de grande ajuda”, compartilhou seu Aldenor.
Mobilização conjunta
Nas comunidades rurais de Manaus, as entregas aconteceram, em muitos momentos, em pontos de encontro estratégicos distantes das próprias comunidades onde residiam os estudantes. Para a organização dos pontos de encontro, professores, alunos e responsáveis estiveram em constante comunicação por meio das redes sociais.
“Fizemos tudo pela internet. Desde a realização das atividades que contam como nota para os estudantes, como a organização para esses dias de entrega. Estamos passando por dificuldades, mas eu sempre digo que esses alunos têm muita força de vontade, desejo por estudar. Precisam de oportunidades e estamos organizados para isso”, destacou o professor Raimundo Moraes, morador da Comunidade Paraná da Eva e que leciona para estudantes da 3ª série do Ensino Médio na Comunidade Nova Jerusalém, no Lago Mipindiaú.
E é com essa dinâmica de ensino que a aluna Joelma Vitória da Silva, 17, que cursa a 1ª série do Ensino Médio, na EE Pedro Silvestre, tem se deparado. A rotina é de troca de mensagens com professores, em busca de correções, entrega de atividades e retirada de dúvidas, como explicou a estudante.
“Separei meu cantinho de estudo que eu mesmo construí e todos os dias faço as atividades que os meus professores passam. Estou ansiosa para rever meus colegas, brincar com eles, o rio está enchendo de novo e estamos próximo desse momento. Agora, também temos o ‘Guia de Estudos’, que vai nos ajudar nesta reta final”, compartilhou a discente.
Armazenamento e Distribuição
Os alimentos dos kits distribuídos aos alunos da zona rural de Manaus foram armazenados no galpão da Gerência de Alimentação Escolar, na zona centro-oeste da capital. No local, os itens são divididos e depois integrados aos kits do Merenda em Casa. Junto com a equipe administrativa, uma nutricionista também fica responsável por controlar a qualidade de cada produto.
Nos municípios do interior, foi disponibilizado, por meio do Programa de Apoio à Gestão Escolar (Pague), recursos para aquisição dos alimentos, que foram entregues pelas equipes das Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), da secretaria.
A triagem de cada kit foi feita por uma equipe da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar, que avalia as solicitações de cada escola da rede estadual. Após esse processo, as entregas aconteceram. Nos lugares mais remotos do Amazonas, o Merenda em Casa chegou em meio a muitos obstáculos, mobilização e esperança.
*Com informações da assessoria