Manaus (AM) – Atualmente a Páscoa é uma celebração religiosa cristã em memória à crucificação de Jesus Cristo, mártir da religião, e também é lembrado como o período de comercialização de ovos de chocolate pela figura do coelho. No entanto, a data existia desde a antiguidade e com um significado completamente diferente para os judeus.
De acordo com o historiador Paulo Henrique, a Páscoa é uma festa de origem judaica, chamada de Pessach, em comemoração à liberdade do povo hebreu da escravidão no Egito.
“Na tradição judaica, a Páscoa ocorre a partir do momento que os israelitas se libertam da escravidão dos egípcios. A comemoração é chamada de Pesach, que do idioma hebraico significa ‘passagem’ e faz menção a passagem do anjo da morte no Egito”,
explica o historiador.
Pascoa cristã
No cristianismo a Páscoa foi ressignificada e atualmente é comemorada anualmente em uma espécie de data móvel, com critérios que foram estabelecidos pela Igreja Católica no século IV d.C.
Conforme o teólogo e católico Raphael Correia, em relação à data da Páscoa, a Igreja Católica determinou a comemoração no Concílio de Niceia, onde as autoridades religiosas estabeleceram a celebração no primeiro domingo após a Lua Cheia que acontece após o equinócio de primavera.
De acordo com o teólogo, na Pessach, os judeus relembram a passagem do anjo da morte durante o acontecimento da décima praga do Egito [a morte dos primogênitos], mas na celebração cristã, a Páscoa tem ligação com a crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
A celebração ocorre no domingo de Páscoa e encerra na Semana Santa, onde são realizadas várias missas e diversas encenações da crucificação e ressurreição de Jesus Cristo.
Consumo de peixe na Semana Santa
Entre as tradições da Páscoa cristã está o consumo de peixe durante a Semana Santa.
Correia explica que, na Sexta-feira Santa, conhecida como ‘Sexta-feira da Paixão’, em memória do ocorrido com Jesus Cristo, para os cristãos é dia de sacrifícios e em sinal de compaixão não se deve comer carne vermelha.
“Atualmente a privação de carne ocorre durante a Sexta-feira Santa em respeito ao derramamento do sangue de Cristo e consomem o peixe, que é um símbolo profundo da tradição cristã. Mas há os que optam por consumir nenhum tipo de carne”,
completa.
Para os evangélicos, o consumo de carne vermelha não é proibido, pois, para eles, lembrar da cruz, da dor que Cristo passou até o seu último suspiro é o que realmente importa, como explica a assistente social Mariana Andrade.
“Lembrar de tudo o que Jesus passou por nós e reconhecer a sua importância é o que realmente importa. Ele sofreu por nossos pecados, morreu, mas ressuscitou ao terceiro dia. E saber que ele está vivo, que deixou o Espírito Santo aqui para ouvir nossas orações e súplicas, vale muito mais do que simplesmente deixar de comer carne. Devemos mesmo é abandonar o pecado”,
explica.
Para Andrade, a Páscoa é o momento de deixar para trás todos os erros. “O pessach é o momento em que você se desfaz de si mesmo e abandona o pecado. A partir desse momento, você tem a chance de viver uma nova vida. Claro, que, você não vai esquecer do seu passado. Lá, você plantou algumas sementes e você irá colher futuramente, sem dúvida. E a Páscoa é isso, é reconhecimento, reconciliação com Cristo, com a sua fé”, finaliza.
Coelho e chocolate
Hoje é impossível separar a data do coelho e dos ovos de chocolates, que movimentam, assim como o peixe, o comércio.
Conforme o teólogo, tanto o ovo quanto o coelho são um símbolo visto como fertilidade, assim como o ciclo e a renovação de vida, em diferentes culturas.
“O ovo e o coelho possuem certa relação com o cristianismo, na qual existem lendas que promovem essa relação com a ressurreição de Jesus. Essas lendas podem nos ajudar a entender um pouco dessa relação do ovo com a Páscoa, embora não seja possível confirmar a veracidade de muitas delas”,
comenta o teólogo.
Páscoa na visão evangélica
Na visão evangélica a Páscoa é oriunda da passagem da bíblia em que Deus orienta Moisés a atravessar o mar vermelho junto com o povo hebreu, que na ocasião, era escravo há 40 anos dos egípcios.
Conforme o pastor Carlos Nobre.Nobre, a páscoa evangélica também está associada à morte e ressurreição de Cristo, bem como, com a libertação pessoal de cada cristão.
“Aquele dia, que podia ser o último dos Judeus, se tornou um dia de libertação. Para nós, Cristo é essa passagem, libertação. Por isso celebramos”,
comenta o pastor.