PARINTINS (AM) – A Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estão com equipes em Parintins (a 369 quilômetros de Manaus ), realizando a primeira missão de preparação do Programa de Saneamento Integrado do Interior (Prosai), no município. A presença na cidade dos técnicos do Governo do Estado e do banco que vai financiar parte do programa aumentou a expectativa das famílias que serão impactadas.
A parte de moradia do Prosai Parintins está inserido no programa Amazonas Meu Lar, anunciado na última segunda-feira (10) pelo governador Wilson Lima como o maior programa habitacional do Estado do Amazonas, com mais de 22 mil soluções de moradia.
“A gente passa por muita dificuldade na época das enchentes, por causa de muito bicho, cobra, insetos. Para mim, eu queria que me indenizassem para sair daqui. Queria comprar um terreno para criar e plantar. Em tempo de chuva, a gente sofre muito. Então, a gente está nessa espera”, diz Isabel Pereira, que mora em uma área de palafitas no bairro Palmares.
A empresária Vânia Maria Bentes tem um restaurante bem estruturado em uma área do bairro da Francesa, que também será impactado pelas obras de saneamento básico, drenagem urbana e de moradia do Prosai Parintins, que irá fazer o reassentamento de centenas de famílias. Ela afirma que, se puder escolher, não vai querer sair da área. Porém, garante que não vai se opor devido à importância da obra e agradeceu ao Governo do Amazonas pela iniciativa.
“Eu sei que isso aí é um projeto muito grande, audacioso, que vai beneficiar nossa cidade. Então, eu estou muito alegre, muito satisfeita. Para a nossa cidade, que já vivia na boca do mundo, agora, vai melhorar mais ainda com esse investimento do Governo, que vai ser muito bem vindo”.
De acordo com o coordenador executivo da UGPE, engenheiro civil Marcellus Campêlo, a maioria das famílias não precisará sair da área onde mora hoje.
“Eu quero deixar muito claro aqui para a população de Parintins, que vai ser o menor impacto possível. Mesmo com essas revisões que estamos fazendo, nós vamos realizar duas audiências públicas aqui no município. A população, a sociedade civil organizada, as autoridades, vereadores, a Defensoria Pública, o Ministério Público Estadual e Federal, todos os órgãos, poderão se manifestar de forma presencial ou online”, disse.
A ideia, continua Campêlo, é envolver a população. “Vamos passar, a partir dessa missão, a ter um canal de comunicação permanente do Prosai Parintins para a gente começar a captar os anseios da população. Nós já estamos aqui mapeando, principalmente, as pessoas que têm essas dúvidas maiores para começarmos a nos aproximar e explicar os projetos. Eu tenho certeza que todos vão ficar muito orgulhosos do que vai ser construído aqui em Parintins”, ressaltou.
Há dois dias em Parintins, a Missão de Identificação visa a preparação do contrato de empréstimo de 70 milhões de dólares do BID. Os outros 17,5 milhões serão da contrapartida estadual, perfazendo um total de 87,5 milhões de dólares de investimentos. Os técnicos do Governo e do BID dividem a estada na cidade entre reuniões com equipes da Prefeitura de Parintins e visitas aos locais do projeto.
“O momento é para conhecer melhor o projeto e fazer os ajustes que forem necessários. A partir de setembro, quando a diretoria do BID aprovar o empréstimo, nós já podemos começar as primeiras licitações. Vamos adotar processo semelhante ao de Manaus. A partir da aprovação do BID, vamos antecipar as licitações. Os projetos já estão muito avançados. No primeiro semestre de 2024, iniciamos as obras, que são muito importantes para o município”, reforça o coordenador da UGPE.
Conforme Campêlo, o projeto vai muito além das moradias, passando por saneamento, com oferta de água tratada para 100% da cidade. “Nós temos um rio caudaloso que pode ser perfeitamente tratado e a gente tem que acabar com esse estigma de morar na região Amazônica e não ter água de qualidade para a população”, frisou.
O chefe da missão do BID, especialista em Água e Saneamento do BID, Gustavo Méndez, afirmou que a expectativa de aprovação do empréstimo pela direção do BID em Washington é para setembro ou outubro deste ano.
”Nós devemos construir na área do programa mais de 700 unidades habitacionais. Em termos de reassentamento, o impacto será pequeno”, disse Marcellus Campêlo.
O programa vai urbanizar uma área de risco de alagação na região conhecida como Lagoa da Francesa, com o objetivo de solucionar os problemas ambientais, urbanísticos e sociais do local e de suas redondezas, incluindo as alagações provocadas pela cheia do rio Amazonas. Estão previstas obras de drenagem e esgoto, mobilidade urbana, construção de unidades habitacionais, além de parques urbanos e equipamentos públicos. Também será implantado um novo sistema de abastecimento de água na cidade de Parintins.