Manaus (AM) – Com a chegada do mês de março, a capital amazonense já registrou inúmeros casos de ocorrências em consequência das chuvas intensas que caem na região nesse período de estação chuvosa, que iniciou em dezembro do ano passado e poderá se estender até o mês de abril deste ano.
Essa época é caracterizada pelas fortes chuvas onde são registrados grandes volumes de água em um longo período do dia, situação que causa transtornos para a população, preocupação às autoridades e ainda traz consigo o pequeno aumento no volume dos rios que banham a região.
De acordo com a Defesa Civil Municipal, esse período conhecido como inverno amazônico tende a reduzir a partir do mês de abril. Além disso, apesar do grande volume de precipitação o rio se mantém no nível atual de seis a oito centímetros por dia. Diante desses dados a Defesa Civil já espera por uma cheia atingindo a cota de emergência de 29 metros.
“O período de chuva com alta densidade na cidade de Manaus, no período do inverno amazônico costuma se estender até meados do mês de abril. A partir deste período a expectativa é de que o índice pluviométrico venha reduzir, se aproximando então do final do inverno amazônico. É normal que aconteçam pancadas de chuva no período de transição que vão do mês de maio à junho. Mantida as condições climáticas em toda a região Norte sobre tudo as cabeceiras dos rios Negro e Solimões, a tendência é que os níveis do rio Negro continuem se mantendo nos níveis que estão hoje, numa média de seis a oito centímetros por dia”, explicou Cristiano Lira, Coordenador da Central de Emergência 199 da Defesa Civil de Manaus.
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Ainda de acordo com Cristiano, diante do nível diário, a Defesa Civil já espera uma cheia do Rio Negro atingindo a cota de emergência de 29 metros. Isso em decorrência das alterações climáticas que atingem a região, além do fenômeno La Niña que ainda traz impactos para o Amazonas.
“Mantida essas condições temos uma expectativa de cheia do Rio Negro pelo menos atingindo a cota de emergência de 29 metros. Normalmente o período de rigor do inverno amazônico é nos três primeiros meses do ano: janeiro, fevereiro e março, então são esperadas precipitações acima da média. Tendo em vista que as condições climáticas estão com muitas alterações nesse período. As mudanças climáticas tem fator importante colaborando para o aumento denso pluviométrico e também o evento La Niña que ainda se estende na região amazônica”, explicou.
O inverno amazônico
O meteorologista, Renato Senna, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), explicou à equipe de reportagem sobre a atual estação chuvosa na região que tem trazido grandes problemas à população. Além disso, ele falou também sobre a estação de transição que irá chegar nos próximos meses trazendo chuvas intensas, porém, com outras características relacionadas a este período atual.
“O período chuvoso na região central do Amazonas (Manaus) normalmente se estende de dezembro de um ano até março ou abril do ano seguinte. Antecede (novembro) e sucede (final de abril e início de maio) neste período o que denominamos período de transição. A estação chuvosa (dez/mar) é caracterizada por chuvas intensas na nossa região onde são registrados grandes volumes de precipitação em longos períodos do dia. Durante as estações de transição, são frequentes as ocorrências de chuvas muito intensas e de curta duração, por vezes acompanhadas de rajadas de vento forte e trovoadas”, explicou.
Renato ainda contou que a atual estação chuvosa que Manaus passa, não tem grande relevância para o aumento no volume do rio. Os dados sobre o aumento no volume da água só podem ser feitos após uma análise por um período mínimo de três meses, onde é monitorando o comportamento da chuva e posteriormente indicar sobre o comportamento do Rio Negro para o período da cheia amazônica.
“As chuvas que ocorrem na cidade são responsáveis por pequenas variações no nível do rio junto ao porto de Manaus, porém o mais importante é o comportamento ao longo dos últimos meses e não o que ocorre neste instante. Para estabelecer este comportamento precisamos monitorar o comportamento das chuvas num período mínimo de três meses, em uma região bem maior, como as bacias dos rios Negro e Solimões, abrangendo desde áreas muito distantes, com nascentes dos rios Marañon e Ucayali, no Peru, ou as condições da bacia do Rio Branco no estado de Roraima”,
explica.
População que vive em área de risco
A capital amazonense apresenta muitos desafios em relação à qualidade de vida da população que vive principalmente em áreas de risco. De acordo com dados da Defesa Civil Municipal, cerca de 30% da população de Manaus reside em locais próximos à encostas conhecidas como barrancos, margens de rios e igarapés.
Esses locais são propícios a serem severamente impactados pelas fortes chuvas. E para isso o órgão alerta aos moradores para se prevenirem.
“O primeiro fato para se proteger desses locais de área de risco é a prevenção, você que mora em área de alagação e em área de deslizamento e as encostas, fica um alerta: não basta chover durante muito tempo, às vezes pouco tempo de chuva, mas com grande intensidade também abre possibilidade de deslizamento. Então, o primeiro ponto é se proteger, se prevenindo saindo do local, saindo da área de risco, procurando abrigo em um local seguro. E depois acionar a equipe da Defesa Civil através do 199 para avaliar os riscos do local. Os mais afetados são aqueles moradores que moram nas áreas que circundam os igarapés de Manaus, que são propícios à alagações devido a grande quantidade de chuva é normal que aconteça o transbordamento desses igarapés, então os moradores que moram nessas áreas ficam mais vulneráveis”, explicou Cristiano Lira.
Além de moradores que construíram suas casas em áreas consideradas de risco devido à sua topografia e à falta de infraestrutura adequada, como saneamento básico e sistema de drenagem, problema esse que segue há muitas décadas na capital, existem também os moradores de ocupações irregulares, conhecidas como invasões, onde muitas das vezes, além de serem propriedades particulares, o local não foi preparado para receber as moradias.
“Outros moradores muito afetados são os que vivem em ocupação irregular, tendo em vista que eles realizam a remoção da vegetação natural que impermeabilizam o solo. Ao remover essa camada vegetal o solo fica exposto sendo um fator importante a ação da chuva diretamente nesse solo. O que possibilita o aparecimento de erosões que possibilitam consequentemente o deslizamento”, disse Cristiano.
Prefeitura de Manaus trabalha para recuperar os danos causados pelas chuvas
De acordo com a Defesa Civil, a Prefeitura de Manaus está preparada para atuar com soluções para os problemas causados durante os últimos dias. As secretarias trabalham em ações conjuntas para atuarem em suas competências, assim, atendendo a necessidade da população mais atingida pelos estragos consequentes das fortes chuvas.
“A prefeitura de Manaus está preparada para lhe dar com o problema, tendo em vista que a Defesa Civil ao perceber e receber os alertas de tempestade para a cidade, é informada e já coloca em prática o nosso plano de ação, que permite que todas as secretarias que fazem parte do nosso sistema possam agir em conjunto pra minimizar os danos e impactos nesse período”, explicou Cristiano.
Ainda conforme Lira, o prefeito David Almeida tem buscado por recursos para continuar os trabalhos de recuperação dos locais atingidos. Além disso, a Defesa Civil Nacional também está atuando na capital amazonense.
“Então, há uma busca de recursos do prefeito David Almeida, além disso, temos uma equipe da Defesa Civil Nacional atuando na cidade, e essa equipe tem recebido as informações necessárias que nossos técnicos, eu e outros colegas estamos repassando para eles, para que possam levar as informações junto ao prefeito até à Presidência da República, para que possa ser liberado recursos para a recuperação de áreas degradadas pelo período chuvoso. As conhecidas áreas de risco, que no total as que possuem mais risco na nossa cidade são as R4, 62 áreas, dentre elas 20 já foram trabalhadas, e vamos buscar recursos para que as outras sejam recuperadas”, finalizou.
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