Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), subiu para 153 o número de botos-vermelhos e tucuxis mortos no Lago Tefé (distante 523 quilômetros de Manaus), no médio Rio Solimões. A informação consta no boletim técnico divulgado nesta segunda-feira (16), pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM).
No Lago Tefé, há um trecho chamado Enseada do Papucu, que tem sido crítico para a conservação dos botos. Até o momento, há registros de mortalidade de 130 botos-vermelhos (Inia geoffrensis) e 23 tucuxis (Sotalia fluviatilis), com indícios de influência direta da seca e da elevada temperatura da água.
“Desse total, tivemos 104 animais necropsiados e amostras de tecidos e órgãos dos animais enviados para diversos laboratórios especializados distribuídos pelo Brasil. Tivemos 17 indivíduos já avaliados com análises histológicas e até o momento não há indício de um agente infeccioso relacionado como causa primária da mortalidade. O diagnóstico molecular de 18 indivíduos também deu resultado negativo para agentes infecciosos, como vírus e bactérias, associados a mortes em massa”, informa o ICMBio.
No dia 28 de setembro, quando 70 golfinhos morreram, as medições às 16h indicavam 39,1°C no trecho em questão, muito acima da temperatura normal do lago, de 30°C. Ainda assim, muitos botos e tucuxis seguem frequentando o local devido à abundância de peixes, alimentação básica destas espécies.
O ICMBio destaca que implementa uma estratégia de prevenção que reduza as taxas de mortalidade, desde o último sábado (14), para evitar uma intervenção direta aos animais, que são sensíveis a situações de estresse.
“A estratégia consiste no isolamento da Enseada do Papucu e condução dos animais para fora deste trecho crítico. O isolamento será feito com a implementação de uma barreira física chamada ‘pari’, que é feita de estacas de madeira e é baseada no conhecimento tradicional ribeirinho. Posteriormente, será realizada a condução dos animais para áreas mais profundas e menos quentes do Lago Tefé”, explica o instituto.