Para os brasileiros, aprender espanhol pode ser mais fácil do que parece, graças à proximidade com o português. “A principal facilidade é o vocabulário: muitas palavras são parecidas ou até idênticas. Isso dá uma sensação de confiança logo no início. Também ajuda a estrutura gramatical, que tem bastante semelhança com o português”, explica Marizol Vivian Arispe, professora do Colégio Primeiro Mundo (ES), da Inspira Rede de Educadores.
Segundo ela, a exposição diária a músicas, filmes e séries em espanhol acelera o aprendizado. Inclusive, o espanhol é uma das línguas que os estudantes escolhem no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). “Esses recursos ajudam o aluno a ouvir a língua em contextos reais, com sotaques diferentes e expressões cotidianas. Tornam o estudo mais prazeroso e natural: é possível aprender sem perceber que está estudando, absorvendo ritmo, entonação e ampliando o vocabulário de maneira espontânea.”
O espanhol é o segundo idioma mais buscado pelos brasileiros, atrás apenas do inglês, e está presente como língua oficial em 21 países. Aprender o idioma não só amplia oportunidades profissionais, mas também traz benefícios cognitivos, como maior atenção, flexibilidade mental e proteção contra o declínio cognitivo na velhice.
“O espanhol é um dos idiomas mais falados no mundo e o segundo mais usado na comunicação internacional. Para nós, brasileiros, aprender espanhol abre portas tanto profissionais quanto culturais, já que estamos cercados por países hispânicos. Além disso, por ser próximo ao português, o progresso inicial costuma ser mais rápido do que em outros idiomas como o inglês ou o francês”, diz Marizol sobre outros diferenciais do espanhol.
A professora alerta ainda para erros comuns de iniciantes. “É comum que brasileiros fiquem presos ao famoso ‘portunhol’, que consiste em usar palavras ou construções do português como se fossem em espanhol. Também acontece muito de os alunos confiarem no som parecido e errarem a pronúncia. Por exemplo, em palavras com o ‘r’ ou o ‘ll'”, explica.
Para atingir um nível intermediário, a especialista recomenda constância e contato diário com a língua. “O maior segredo para aprender idiomas é a constância. Estudar um pouco todos os dias é muito mais eficaz do que ter longas sessões de estudo uma vez por mês. Também é importante tentar falar e escrever desde o começo, mesmo que com frases simples. Além disso, a exposição frequente, consumindo conteúdos do dia a dia, é um divisor de águas para acelerar a compreensão.”
Ela reforça que gramática e conversação são complementares. “A gramática fornece a base necessária para estruturar frases corretamente, enquanto a prática de conversação permite colocar esse conhecimento em uso real. Para iniciantes, o ideal é combinar os dois e aprender noções básicas de gramática ao mesmo tempo em que já se arrisca a falar, mesmo com frases simples.”
Entre os recursos gratuitos, Marizol indica aplicativos como Duolingo e LingQ, plataformas de streaming com filmes e séries, canais de YouTube de professores e podcasts para iniciantes. “Seguir perfis de hispanofalantes em redes sociais ajuda a ter contato frequente com a língua”, completa.
Confira seis séries para aprender espanhol:
“Extra Espanhol”
Produção britânica pensada para o ensino de idiomas, acompanha a vida de Sam, um jovem americano que vai morar com dois amigos em um apartamento na Espanha. Com diálogos simples, situações cotidianas e bastante repetição de vocabulário, a série é ideal para iniciantes no espanhol, já que combina humor leve com expressões do dia a dia de forma acessível e divertida.
Classificação indicativa: Livre
“Merlí”
Drama catalão que gira em torno de um professor de filosofia excêntrico, Merlí, e sua relação com um grupo de alunos do ensino médio. Cada episódio traz reflexões filosóficas aplicadas aos dilemas da vida adolescente e adulta, estimulando debates sobre ética, liberdade, amor e sociedade. Com diálogos mais complexos e temas profundos, é uma série indicada para estudantes intermediários ou avançados que desejam expandir o vocabulário e, ao mesmo tempo, pensar criticamente em espanhol.
Classificação indicativa: 12 anos | Netflix
“Chaves/Chapolin”
Ícones da comédia mexicana, esses seriados marcaram gerações no Brasil e fazem parte da memória afetiva nacional. Com humor simples, personagens inesquecíveis e situações do cotidiano, as séries atravessaram décadas na televisão e conquistam novos públicos até hoje. São produções ótimas para quem deseja conhecer a variante mexicana da língua, além de ser interessante pelo fato de a maioria das pessoas já conhecerem algumas falas de episódios em português, o que facilita a assimilação do vocabulário em espanhol.
Classificação indicativa: 10 anos | Exibido no SBT
“Las Chicas del Cable”
Ambientada na Madrid dos anos 1920, a trama acompanha quatro mulheres que começam a trabalhar em uma companhia telefônica, um dos setores mais modernos da época. Entre romances, dilemas pessoais e a luta por independência, elas enfrentam preconceitos em um contexto de profundas mudanças sociais.
Classificação indicativa: 16 anos | Netflix
“La Casa de Papel”
Um dos maiores fenômenos mundiais do audiovisual da Espanha, a série acompanha um grupo de assaltantes que, liderados pelo enigmático “Professor”, executam planos ousados contra instituições financeiras do país. Com ritmo intenso, linguagem coloquial e muitas expressões espanholas típicas, a produção oferece uma imersão completa na cultura urbana da Espanha.
Classificação indicativa: 16 anos | Netflix
“Club de Cuervos”
Primeira série original mexicana da Netflix, mistura comédia e drama para contar a história de dois irmãos que herdam um time de futebol após a morte do pai. Enquanto tentam administrar o clube, entram em conflitos familiares, disputas de poder e situações hilárias nos bastidores do esporte. Além de ser leve e envolvente, a série é excelente para conhecer o espanhol mexicano em diálogos cheios de humor, expressões cotidianas e um ritmo de fala bem próximo da realidade.
Classificação indicativa: 16 anos | Netflix