Um levantamento internacional colocou o Brasil entre os 35 países mais inseguros do mundo. Produzido pelo Institute for Economics and Peace (IEP), o Índice de Paz Global (GPI, na sigla em inglês) desenvolveu uma medida mundial de paz com 23 indicadores qualitativos e quantitativos de diferentes fontes. Nela, o Brasil ficou no mesmo lugar de 2022 e ocupa a 132ª posição, de uma lista de 163 nações. Mesmo entre países da América Latina, que têm realidades mais próximas à nossa, o Brasil apresenta péssimos índices e está entre os cinco mais inseguros — ficando atrás apenas da Colômbia, da Venezuela e do México.
O GPI mede a “paz negativa” de acordo com três categorias: se um país está envolvido em conflitos internos ou externos; o nível de segurança na sociedade, incluindo taxas de criminalidade; e o nível de militarização, incluindo o acúmulo de armas e os gastos com defesa. Robert Muggah, chefe de Inovação do Instituto Igarapé, explica que o índice mostra que “a paz é notoriamente difícil de definir”.
Existem várias razões para a baixa classificação do Brasil no índice de paz do IEP. Embora o Brasil não esteja envolvido em um conflito ativo, é provável que a pontuação seja influenciada pelos altos níveis de homicídios, vitimização, violência policial e encarceramento, bem como pelos consideráveis gastos militares (em proporção ao PIB nacional) — afirmou Muggah, um dos fundadores do Instituto Igarapé.
Muggah lembra que não é a primeira vez que o Brasil aparece no GPI como um dos países menos pacíficos da América do Sul, com uma pontuação ligeiramente acima da Venezuela e da Colômbia. Ele ressalvou que o relatório de 2023 não forneceu nenhuma explicação detalhada para a baixa colocação do Brasil, o maior país da América Latina.
Equador tem piora
No relatório, os pesquisadores chamam atenção que o Uruguai continua sendo o país mais pacífico da América do Sul pelo quarto ano consecutivo, e o único da região na lista dos 50 melhores globalmente. O GPI também aponta que a Colômbia registrou pequena melhora em relação ao ano passado, mas segue como o lugar mais inseguro do continente.
O relatório destaca que a Argentina foi a nação que mais aumentou seus índices de segurança, apontando que crimes violentos são menos preocupantes no país do que na média da América Latina. E numa tendência contrária, o Equador experimentou a maior deterioração na pontuação geral, por causa do aumento do número de crimes violentos e mortes por conflitos.
“Casos de crimes violentos tornaram-se mais frequentes no Equador no ano passado devido ao aumento do poder e proeminência de grupos do crime organizado e um subsequente aumento de homicídios. Em 2022, as regiões de Guayaquil, Duran e Samborondon registraram três vezes o nível de crimes violentos do mesmo período de 2021, com a taxa de homicídios em algumas áreas passando de 25 por 100.000 habitantes”, informa o texto.
Utilizando fontes como o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), o índice revela que o nível médio de paz global piorou pelo nono ano consecutivo, com 84 países registrando melhora e 79, piora. O Brasil manteve a sua pontuação de um ano para o outro.
O IGP não apresenta os dados nominais sobre violência em todos os países pesquisados. Mas de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve 40,8 mil mortes violentas em todo o Brasil no ano passado — uma média de mais de 110 vítimas por dia. Apesar dos dados elevados, esse é o menor número da série histórica registrada pelo fórum, que coleta os dados desde 2007, e do Monitor da Violência, que reúne registros desde 2018.
Conflitos globais
No mundo, as mortes por conflitos globais aumentaram 96%. Isso significa 238 mil assassinatos. Os novos dados do IEP mostram um maior número de assassinatos em conflitos na Etiópia do que na Ucrânia, mesmo com o crescimento de mortes no país invadido pela Rússia. Também foi registrado crescimento de mortes em Mianmar, em Israel e na África do Sul.
“Os episódios pós-Covid de agitação civil e instabilidade política permanecem altos no mundo, enquanto os conflitos regionais e globais se aceleram”, alertou o relatório do Institute for Economics and Peace.
*Com infomações Extra