A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) anunciaram nesta quinta-feira (24) que demitiram o servidor público Edson Aparecido Campolongo, que foi preso por participar de ataques à ônibus na Região Metropolitana de São Paulo.
Segundo os dois órgãos do governo paulista, assim que teve conhecimento da prisão do colaborador, o secretário Marcelo Branco enviou ofício à CDHU pedindo que as devidas providências fossem tomadas. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dele.
A CDHU afirmou que os advogados da empresa acompanharam na terça-feira (22) o registro policial do caso para colher os elementos necessários para a abertura da sindicância.
“[Após] acompanhados os trabalhos policiais, com o indiciamento do acusado, e a consequente conversão de prisão preventiva pela Justiça, foi formalizada a demissão”, afirmou a pasta em nota.
Campolongo é apontado pela Polícia como autor de ao menos 17 ataques a ônibus na Grande São Paulo. Ele era funcionário público da CDHU havia mais de 30 anos e ganhava salário de quase R$ 11 mil líquidos por mês.
Segundo as investigações da Polícia Civil, ele usou carro oficial da empresa pública nos apedrejamentos contra os ônibus nas cidades da Grande SP e dizia querer “salvar o Brasil”. A própria polícia, no entanto, afirma não acreditar nessa motivação, Homem preso por ataques a ônibus em SP é funcionário público
Investigações
Os investigadores chegaram até Campolongo após notar, por meio de imagens de circuitos de segurança, que um carro com a logomarca da CDHU tinha sido visto nos locais de ataques várias vezes na região do ABC Paulista.
Ao checar, os policiais viram que se tratava do carro de uma locadora de veículos que estava cedido à empresa do governo paulista.
A partir daí, localizaram Campolongo, que trabalhava como motorista do chefe de gabinete da empresa. Ele constantemente viajava para eventos do governo de São Paulo no interior, com a presença da alta cúpula do Palácio dos Bandeirantes, inclusive do governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos).
Perfil ativo nas redes sociais
Apesar de ter um perfil discreto e atencioso pessoalmente, nas redes sociais Edson Campolongo tinha atuação ativa e fazia postagens atacando o Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente Lula (PT), além de defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Funcionários da CDHU disseram, sob condição de anonimato, que jamais imaginavam que ele estaria por trás de parte dos mais de 800 ataques a ônibus na cidade.
Na CDHU, o clima era de consternação e incredulidade após a prisão dele. Todos dizem que foram pegos de surpresa com a prisão do motorista.
Na casa de Edson, os policiais encontraram pedras e estilingues que teriam sido usados nos ataques.
Na quarta-feira (23), o irmão dele, Sérgio Campolongo, que também teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, se entregou à polícia. Ele é suspeito de o ter auxiliado em ao menos dois ataques.
Na casa de Edson, a polícia achou estilingues, pedras e outros materiais que seriam usados em
Postagens
Nos últimos dias antes da sua prisão, Edson fez diversas postagens com teor político defendendo que o país precisava “parar” ou iria virar “comunismo”. Em 6 de julho, por exemplo, ele publicou uma caricatura do presidente norte-americano Donald Trump rindo e tentando ligar os ataques à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Em entrevista à imprensa na terça, o secretário-executivo de Segurança Pública do estado, Osvaldo Nico, afirmou que Edson contou que a motivação para os crimes seria “consertar o Brasil”, mas ele disse não acreditar nesta história.
A suspeita é que Campolongo recrutasse outras pessoas para atuar em ataques semelhantes a ônibus.
“Acredito que ele arregimenta [organiza] outras pessoas para realizar os ataques. Mas ainda estamos no início da investigação”, afirmou Nico.
Segundo o delegado seccional de São Bernardo do Campo, Domingos de Paula Neto, o veículo Virtus branco usado por Campolongo – e que estava presente em diversas cenas de ataques – circulava pela cidade de Grande SP diariamente porque é onde mora o chefe de gabinete.