A funcionária pública Francismari Leonor Freitas, de 45 anos, pedala há cerca de três anos pela região da cidade pantaneira de Corumbá (MS). Mesmo acostumada a pedalar em meio à natureza, o que ela nunca imaginou é que um dia iria “atropelar” uma onça-pintada durante um dos passeios de bicicleta.
Ela estava pedalando com o namorado Rogério Eduardo Bernardi pela rodovia Ramon Gomes, próximo à fronteira com a Bolívia, como já estão habituados a fazer, quando o encontro com o felino ocorreu.
“O meu namorado estava na frente, porque não tem como andar um do lado do outro. O mato ali é alto, eu estava bem no cantinho, entre o asfalto e o mato. Não tem acostamento, porque o mato tomou conta. Eu estava indo e de repente, do nada, era um bicho muito grande, eu só vi a pata. Ela não estava olhando para mim. Acho que por conta do meu namorado que tinha acabado de passar, ela estava olhando para o lado que ele foi. Então, ela não olhou para mim, porque ela nem me viu. Eu vi aquela patona e aquele corpo. Eu não tive reação de frear, de nada, ela simplesmente entrou na minha frente. Na hora que eu bati nela eu já caí no chão e não vi mais nada”, narra.
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Nos segundos seguintes, Francismari relata que foi cercada por motoristas que viram o ocorrido e pararam para prestar socorro.
“Quando eu levantei eu só vi que chegou uma moto e os carros que pararam. Eu falei: ‘Foi uma onça, você viu?’. Ele disse: ‘Sim, eu vi. Ela avançou em você?’. Eu falei que não, que eu que tinha trombado nela”, diz.
Assim que percebeu que Francismari não estava logo atrás de si, Rogério parou e viu a namorada caída e cercada por desconhecidos. “Ele voltou desesperado, achando que eu tinha caído ou que um carro tivesse batido em mim. Quando ele chegou perto eu falei: ‘amor, eu bati em uma onça, você acredita?’. Ele: ‘Eu não acredito!’ Ainda bem que tinham testemunhas”, comenta a funcionária pública.
Francismari conta que os motoristas viram que após se chocar com a ciclista, a onça-pintada cruzou a rodovia e adentrou a mata.
Do “atropelamento” quem saiu machucada foi a ciclista. “Eu acho que ela nem se mexeu, porque o bicho é enorme. Eu que caí com tudo. Ainda machuquei o dente, tive que ir para o hospital, fiz raio-X do meu rosto”, lembra.
Desde sábado (4), quando tudo ocorreu, Francismari vem tentando acalmar a mente após o encontro tão próximo com o maior felino das Américas.
“Tem horas que quando tocam no assunto eu ainda fico assustada. Ontem eu até chorei. Fiquei muito assustada, porque eu queria tanto ver uma onça, mas foi tão próximo que acabei nem vendo ela direito. Eu bati nela, mas não vi aquele bicho grande, bonito. É uma sensação estranha. Fiquei muito nervosa. No primeiro dia não consegui dormir”, comenta.
Sobre a sensação de ter colidido com uma onça-pintada, a ciclista descreve: “ Acho que tive muita sorte. A sensação é de um bicho muito forte, foi como se tivesse batido em uma pedra”.
Com o passar dos dias, os machucados vão se recuperando. “Estou com um hematoma no queixo, bati um pouco a costela e tive um trauma no dente, mas ele está voltando ao normal”. A ciclista acredita que ainda é cedo para voltar a pedalar, mas espera que com o tempo volte a se aventurar sobre duas rodas.
“A gente ainda comentava quando a gente ia para esses lugares afastados: ‘Nossa, e se a gente visse uma onça?’ Mas nunca apareceu nesses lugares e foi logo no asfalto que ela veio surgir. Estou um pouco assustada agora, acho que vou demorar um pouquinho para voltar [a pedalar]. Vou esperar passar esse trauma um pouquinho”.
O g1 procurou o Instituto Homem Pantaneiro, que atua na região de Corumbá. Ao portal, o instituto informou que foram notificados nas últimas duas semanas da presença de onças-pintadas na área onde a ciclista narrou o ocorrido.
*Com informações do G1