A Justiça de São Paulo manteve a prisão temporária de Sidney Oliveira, dono da rede Ultrafarma, e Mario Otávio Gomes, executivo da empresa Fast Shop, após audiências de custódia, realizadas entre terça-feira (12) e esta quarta (13). Ambos foram alvos de uma ação do Ministério Público do estado, que mirou um esquema de corrupção e propina.
Celso Eder Gonzaga de Araújo e Tatiane da Conceição Lopes de Araújo, presos na mesma operação por envolvimento no esquema, já passaram por audiência e também tiveram a prisão temporária mantida.
Além deles, Artur Gomes da Silva Neto e Marcelo de Almeida Gouveia — auditores fiscais que mantinham contato direto com Sidney e Mário — também devem passar por audiência nesta quarta e permanecem presos.
Relembre operação que prendeu investigados
A ação conhecida como Ícaro foi deflagrada na manhã de terça-feira (12) para desarticular um esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais tributários da Secretaria da Fazenda do estado. A investigação identificou um grupo criminoso responsável por favorecer empresas do setor de varejo em troca de vantagens indevidas.
Na ação, o empresário Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, Mario Otávio Gomes, diretor da Fast Shop, e um auditor fiscal da Secretaria da Fazenda de São Paulo foram presos. Segundo as apurações, o esquema de corrupção teria rendido mais de R$ 1 bilhão em propina ao fiscal.
Segundo o Gedec (Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos), o esquema que fraudava o ressarcimento de créditos de ICMS começou em maio de 2021 e favoreceu empresas como Fast Shop e Ultrafarma.
Quem é quem no esquema
- Sidney Oliveira: rosto conhecido por popularizar o conceito de “remédio barato” e que está por trás da Ultrafarma, uma das maiores redes de farmácias do país.
- Mario Otávio Gomes: executivo da Fast Shop. Ele é apontado como o principal responsável dentro da empresa por negociar o contrato, por meio do qual a propina era paga a Artur Gomes da Silva Neto.
- Artur Gomes da Silva Neto: auditor fiscal. Ele é apontado como a figura central e “cérebro” do esquema. A consultoria do auditor da Receita Estadual também tinha contato com a rede de supermercados Oxxo.
Entenda a participação de Artur no caso.
- Marcelo de Almeida Gouveia: também auditor fiscal que, inicialmente foi alvo de um mandado de busca e apreensão, mas teve a prisão deferida pela Justiça após o surgimento de novas provas sobre o seu envolvimento em esquema.
- Celso Eder Gonzaga de Araújo e Tatiane da Conceição Lopes de Araújo: dupla que auxiliava nas manobras de lavagem de dinheiro e foram alvos de mandados de prisão e de busca e apreensão, após as investigações apontarem ligação entre eles e os demais envolvidos no esquema. Na casa deles foram encontrados dois sacos de esmeraldas, mais de R$ 1 milhão em espécie e milhares de dólares e euros.
Governo de São Paulo apura caso
A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo pediu, na manhã desta terça-feira (12), que o MPSP (Ministério Público de São Paulo) compartilhe todas as informações pertinentes ao caso.
O governo paulista também informou ter aberto procedimento administrativo para a conduta do servidor acusado de envolvimento no esquema.
A nota divulgada pela Secretaria da Fazenda informa que o órgão está à disposição das autoridades e colaborará com os desdobramentos da investigação do Ministério Público por meio da Corfisp (Corregedoria da Fiscalização Tributária).
MP apura elo de esquema com mais 4 empresas
Em nota, a Fast Shop disse que ainda não teve acesso ao conteúdo da investigação e está colaborando com o fornecimento de informações às autoridades competentes.
Já a Oxxo informou que a rede da empresa não foi notificada sobre a investigação e que “está à disposição das autoridades competentes para, se necessário, prestar esclarecimentos e colaborar nos termos da lei”.
A imprensa entrou em contato com a Ultrafarma e com as defesa de Sidney Oliveira, Mario Otávio Gomes e Artur Gomes da Silva Neto, mas ainda não houve retorno.