Mais de 7 mil garrafas foram apreendidas durante as ações de fiscalizações contra a falsificação de bebidas pelo Governo de São Paulo.
Conforme a Secretaria de Saúde, 14 pessoas foram confirmadas com intoxicação por metanol, duas delas morreram. Outros 148 casos seguem em investigação, incluindo sete mortes suspeitas. Desde janeiro, 41 pessoas foram presas por envolvimento com o esquema, sendo 19 somente na última semana.
As investigações da Polícia Civil apontam que a contaminação pode ter ocorrido durante a limpeza de vasilhames com metanol.
Na sexta-feira (3), agentes estiveram em um estabelecimento na Casa Verde, zona norte da capital, onde uma vítima teria adquirido bebida alcoólica. O local foi alvo de apreensões de garrafas sem documentação de origem e com suspeita de adulteração.
Segundo o governo de São Paulo, as ações são realizadas pelo gabinete de crise formado para combater a contaminação por metanol, ocorreram em festas universitárias, bares e adegas da Grande São Paulo e do interior. No total, mais de 50 mil garrafas já foram recolhidas em todo o estado desde o início do ano.
Atualmente, 11 estabelecimentos estão interditados cautelarmente no estado, permitindo a coleta de amostras para análise da Polícia Científica, por motivos sanitários, como más condições de higiene e armazenamento inadequado de alimentos.
Durante o fim de semana, equipes da força-tarefa fiscalizaram uma tradicional festa universitária em Araraquara. A operação, conduzida pela Vigilância Sanitária estadual e municipal com apoio da Polícia Civil, inspecionou 1.400 garrafas de vodca e outros destilados, mas nenhum indício de falsificação foi encontrado.
No ABC paulista, dez estabelecimentos foram vistoriados no sábado (4), seis em São Caetano do Sul e outros quatro em Santo André. Não foram identificadas bebidas adulteradas nem novas interdições, somente infrações leves, como falhas na sinalização e no cardápio dos locais.
Intoxicação por metanol
São Paulo segue concentrando a maior parte dos casos: são 162 notificações, sendo 14 confirmadas e 148 em investigação. O estado registra uma morte confirmada e outras sete em apuração. Confira a situação nos demais estados:
- Pernambuco: 11 casos suspeitos; 3 mortes em investigação
- Mato Grosso do Sul: 5 casos suspeitos; 1 morte em investigação
- Paraná: 5 casos suspeitos
- Bahia: 2 casos suspeitos; 1 morte em investigação
- Rio Grande do Sul: 2 casos suspeitos
- Distrito Federal: 1 caso suspeito
- Espirito Santo: 1 caso suspeito
- Goiás: 2 casos suspeitos
- Mato Grosso: 1 caso suspeito
- Rondônia: 1 caso suspeito
- Piauí: 1 caso suspeito
- Rio de Janeiro: 1 caso suspeito
- Paraíba: 1 caso suspeito
A PF (Polícia Federal) e as polícias civis estaduais estão conduzindo as investigações, com atenção especial para São Paulo, onde se concentram a maioria dos casos.
As autoridades de saúde trabalham em conjunto com as forças de segurança, compartilhando informações sobre os casos suspeitos para agilizar a identificação dos responsáveis pela adulteração.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, faz um alerta para que se evite bebidas destiladas neste momento. “Estamos falando de um produto de lazer, não da cesta básica alimentar, então evite um risco como esse. Beba apenas se você tiver certeza absoluta da origem da aquisição deste produto”, explicou.
Orientação aos estados
O Ministério da Saúde enviou uma nota técnica orientando os estados e municípios a notificarem imediatamente todas as suspeitas relacionadas a esse tipo de intoxicação. A medida busca reforçar a vigilância e a resposta a casos suspeitos.
“Essa determinação é para que possamos identificar mais rapidamente não só o que está acontecendo no estado de São Paulo, mas também possíveis intoxicações em outros estados do país, a partir de comportamentos clínicos e epidemiológicos anormais”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A intenção é estimular a identificação do local onde o produto foi consumido para mapear os locais e acionar os órgãos de segurança. Além disso, a medida visa garantir o cuidado adequado às pessoas e orientar os profissionais de saúde.
Antídoto
O etanol produzido por laboratórios ou farmácias de manipulação, em grau de pureza adequado para uso médico, é o antídoto específico para os casos confirmados de intoxicação.
Quando há necessidade clínica, o CIATox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) ou as secretarias de saúde solicitam a manipulação do produto. A administração é sempre controlada e de forma intravenosa ou oral
O Brasil conta com 32 CIATox, centros de referência especializada em toxicologia para orientação, diagnóstico e manejo de intoxicações. Em São Paulo, há 9 centros.
Em coletiva de imprensa na manhã deste sábado (4), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o governo federal adquiriu mais 12 mil ampolas de etanol farmacêutico para combater os casos confirmados de intoxicação por metanol no Brasil.
“Essa nova aquisição chega ao longo da próxima semana, reforçando esse estoque estratégico junto aos hospitais universitários. Essas 12 mil ampolas nós vamos fazer uma a distribuição para os centros de referência de toxicologia espalhados no país”, disse.
Além disso, o ministro explicou que 609 farmácias brasileiras de manipulação possuem capacidade e equipamento para produzir esse antídoto. Esse dado, de acordo com ele, já foi repassado para a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária), o que garante que o etanol farmacêutico seja disponibilizado de forma gratuita para tratamento no SUS (Sistema Único de Saúde).
Uma outra frente procurada pelo Ministério, é o Fomepizol, um outro antídoto que pode ser utilizado para o cuidado com a intoxicação por metanol. Neste caso, segundo Padilha, o governo já acionou a Organização Panamericana de Saúde para contatar produtores internacionais.