Em uma ação civil pública, o Ministério Público Federal (MPF) deu 30 dias para que a União e a Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS (AGSUS) elaborem um cronograma emergencial para a implantação e reforma dos sistemas de abastecimento de água em comunidades indígenas da região do Alto Rio Negro, no Amazonas, de acordo com comunicado divulgado nesta quarta-feira (10). Apenas 3% das 742 aldeias do Alto Rio Negro têm acesso à água potável.
O órgão defende que União “não aplica de forma adequada o orçamento destinado ao saneamento básico” e, desde 2020, apresenta falhas no cumprimento das metas e cronogramas voltados ao abastecimento de água tratada nas terras indígenas.
A liminar em caráter de urgência para que se estabeleça os planos previstos no ano passado e ainda não foram concluídos. O órgão também que se cumpra “integralmente as metas de implantação, reforma e ampliação dos sistemas em todas as comunidades indígenas da região, com a contratação definitiva dos profissionais necessários, conforme estabelecido no plano de trabalho de 2025 do Distrito Sanitário Indígena (Dsei).”
O Plano Distrital de Saúde Indígena (PDSI) 2024–2027, elaborado pela União, previa a implantação e reforma dos sistemas de abastecimento de água em 25 aldeias do Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Negro entre 2024 e 2025. No entanto, o Dsei-ARN já vinha descumprindo suas metas desde 2020, segundo a investigação do MPF.
A ampliação de 7% na cobertura de água potável prevista até 2023, por exemplo, sequer foi alcançada. A população indígena da região permanece em situação de vulnerabilidade hídrica — um “grave violação dos direitos constitucionais à saúde, à vida e à dignidade humana”, segundo o MPF.
“Nesse ritmo, o DSEI somente fornecerá água potável a todas as aldeias de seu território em aproximadamente 120 anos”, afirma a ação.