O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (23) durante discurso na Assembleia Geral da ONU que não há justificativa para medidas unilaterais e arbitrárias contra a economia brasileira.
Ele não citou especificamente as sanções dos Estados Unidos, mas a fala é feita em um momento em que o governo de Donald Trump aplicou sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e o tarifaço, com taxa de 50% contra alguns produtos brasileiros.
“Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia. A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável. Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema-direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias. Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade”, disse.
Após a imposição das tarifas americanas, o governo brasileiro divulgou, na semana passada, uma tabela de produtos afetados pela sobretaxa de 50%. Segundo a portaria divulgada, serão considerados 9.777 códigos da NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul).
As listas servem para posicionar os produtores e empresários que estão aptos a pegar crédito subsidiado no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) por meio do socorro do governo a setores afetados pelo tarifaço.
O crédito emergencial será operado no âmbito do Plano Brasil Soberano, lançado em agosto para mitigar os efeitos econômicos das medidas norte-americanas. O programa garante R$ 30 bilhões do FGE (Fundo Garantidor de Exportações) e outros R$ 10 bilhões do BNDES, a juros abaixo do mercado.
Trump comenta sobre tarifaço imposto ao Brasil
Em discurso na ONU, que ocorreu logo após o mandatário brasileiro, Trump disse que, “no passado”, o Brasil impôs tarifas “injustas à nação” e, por causa disso, os EUA aplicaram o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros.
“Estamos revidando, e revidando com muita força”, disse Donald Trump.
O republicano também saiu em defesa da soberania dos Estados Unidos, assim como Lula, em seu discurso, que afirmou que “a democracia e a soberania brasileira são inegociáveis”.
“Como presidente, sempre defenderei nossa soberania nacional e os direitos dos cidadãos americanos. Portanto, lamento muito dizer que o Brasil está indo mal e continuará indo mal. Eles só conseguem se sair bem quando trabalham conosco; sem nós, eles fracassarão, assim como outros fracassaram”, finalizou Trump.