Uma pesquisadora baiana está à frente de um estudo inédito sobre tuberculose em comunidades indígenas da Amazônia. Aos 28 anos, a médica Beatriz Duarte coordena, em Manaus, um dos maiores inquéritos epidemiológicos já realizados no Brasil com populações indígenas.
A iniciativa reúne o Instituto de Pesquisa em Populações Prioritárias (IRPP), a Fiocruz e instituições locais. O objetivo é rastrear casos ativos, subclínicos e latentes da doença, utilizando tecnologias avançadas como radiografias portáteis com inteligência artificial e testes rápidos.
Até agora, já foram confirmados mais de 14 casos ativos de tuberculose e dezenas de infecções em indígenas urbanos no Parque das Tribos e em aldeias do Tarumã Açu. Também foram detectadas coinfecções, como HIV, sífilis e hepatites.
“A proposta vai além do diagnóstico. Estamos construindo evidências para subsidiar políticas públicas, mas também oferecendo cuidado imediato e humanizado às pessoas atendidas”, explica a pesquisadora.
A pesquisa é considerada um marco por integrar ciência e assistência em territórios historicamente negligenciados. Além do diagnóstico, o projeto envolve formação de estudantes, produção de evidências científicas e apoio direto às políticas de saúde.
Para a especialista, o combate à tuberculose na Amazônia é crucial para reduzir desigualdades e proteger comunidades indígenas de doenças preveníveis e tratáveis.
A doença em números
A CNN buscou dados sobre a doença na região e de acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP), o estado registrou 2.270 casos de tuberculose entre janeiro e junho de 2025, número semelhante ao mesmo período de 2024 (2.246).
Em nota, o órgão destacou que a doença não tem padrão sazonal, exigindo ações permanentes de prevenção.

Já o Ministério da Saúde informou que, no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Manaus, onde está localizado o território Tarumã Açu, foram aplicadas 3.503 doses da vacina BCG em crianças menores de 5 anos em 2025, atingindo 99,5% do público-alvo.
Além disso, desde 2023, o Polo Base Indígena Nossa Senhora da Saúde teria registrado apenas um caso de tuberculose e que foi posteriormente curado.
O DSEI também informou que promove busca ativa de pessoas com sintomas respiratórios, ações educativas e monitoramento constante.
O Ministério informou que em 2024, o distrito superou 1 milhão de atendimentos junto a populações indígenas, crescimento de 21% em relação a 2022.