Um professor tentou esfaquear um aluno durante a manifestação de estudantes e trabalhadores da Unicamp na manhã desta terça-feira (3) no campus da universidade, em Barão Geraldo, Campinas. A denúncia foi feita por alunos que participavam da mobilização. De acordo com testemunhas, o agressor foi detido pela Polícia Militar. Não há registro de feridos. A universidade divulgou nota repudiando os fatos. E avisou que a conduta do docente será averiguada. Não se sabe por que o professor citado portava facas.
A manifestação reforça os atos contrários ao projeto de privatização do governo Tarcísio de Freitas registrados nesta terça-feira. Na Capital, trabalhadores do Metrô, da CPTM e da Sabesp entraram em greve. A Universidade de São Paulo (USP) também se manifesta.
A denúncia de agressão partiu do estudante Gustavo Bispo, que se identifica como um dos diretores do Diretório Central dos Estudantes (DCE). “Ao tentar um diálogo sobre a paralisação, um professor pegou no meu braço, me jogou no chão e levantou a faca para mim, tentando me esfaquear”, disse nas redes sociais.
Também nas redes sociais, um estudante conta que um grupo cercou o prédio onde o agressor estava. “Ele tentou fugir, veio também para cima de mim, mas um grupo conseguiu imobilizá-lo.” Testemunhas afirmam que o homem foi detido pela Polícia Militar e encaminhado ao distrito policial em uma viatura.
O advogado de defesa, por sua vez, alega que o docente agiu em legítima defesa. Diz que ele foi impedido de entrar na sala de aula para lecionar e chegou a ser agredido. Em suas redes sociais, o professor Leão tem fotos publicadas exibindo um machado e em ação num clube de tiros.
Trânsito e reivindicações
A manifestação também causou transtornos no trânsito pela manhã. Todas as entradas da universidade ficaram travadas. O acesso pela Avenida Guilherme Campos, onde fica a área da saúde e o Hospital de Clínicas (HC), foi prejudicado. O ato não paralisou o atendimento no HC.
Reclamam da falta de professores, da qualidade da alimentação servida no bandejão e até da precarização dos espaços no campus. “O Instituto de Artes até hoje não tem um prédio. Os estudantes ficam do lado de fora nas aulas”, denuncia a estudante Cecilia Ciochetti, que também chama a atenção para outras questões. “Cota para alunos trans é uma medida para ontem”, reivindica.
A mobilização também apoia a greve dos servidores técnico-administrativos da Unicamp que dura mais de um mês. O sindicato da categoria (STU) afirma que a medida é uma reação à implantação de ponto eletrônico para monitoramento dos funcionários e à defasagem de uma série de questões econômicas.
De acordo com os estudantes e trabalhadores, as manifestações prosseguirão até o final do dia desta terça-feira (3), quando uma assembleia decidirá pela continuidade ou não dos atos.
Mais testemunhas
O estudante João Gabriel Cruz testemunhou o conflito. É ele quem aparece no vídeo se atracando com o professor no chão do corredor do prédio. O jovem também conversou com o Hora Campinas e deu a sua versão. Ele imobilizou o docente até a chegada dos seguranças.
Unicamp se manifesta
Em nota, a Unicamp ressaltou que a paralisação é estadual e que os protestos no campus têm como foco “os projetos de privatização do governo do Estado”. A Universidade destacou ainda que “não há falta de professores na Unicamp como divulgado”.
A Reitoria da Unicamp também repudiou “os atos de violência praticados no campus de Barão Geraldo, nesta manhã do dia 03 de outubro”.
Segundo a universidade, “a conduta do docente, para além do inquérito policial instaurado, será averiguada por meio dos procedimentos administrativos adequados e serão tomadas as medidas cabíveis”.
E completa: “Ressalte-se, ainda, que a Reitoria vem alertando que a proliferação de atos de violência com justificativa ou motivação política não é salutar para a convivência entre diferentes. É preciso, nesse momento, calma e serenidade para que os conflitos sejam tratados de forma adequada e os problemas, dirimidos.”
*Com informaçoes Hora Campinas