Uma abordagem na saída de um bar no Jaraguá, bairro da zona Oeste de São Paulo, foi o ponto inicial para o ataque hacker que resultou no “maior golpe cibernético contra instituições financeiras do país”, segundo a polícia.
João Nazareno Roque, 48, preso por participação no ataque hacker que desviou valores milionários de instituições financeiras, nesta semana, afirmou em depoimento à Polícia Civil que saía de um bar quando foi abordado por um homem. Segundo a versão apresentada pelo operador de T.I, o suspeito teria afirmado que gostaria de conhecer os sistemas da empresa C&M Software. João Roque então recebeu R$ 15 mil para dar acesso para que os criminosos aplicassem um golpe que causou um prejuízo de mais de meio bilhão de reais. O encontro ocorreu em março deste ano.
“Falaram o seguinte para ele: Olha, a gente quer conhecer o sistema da empresa que você trabalha. A gente sabe que você trabalha assim e tal, e para isso a gente te oferece R$ 5.000 para você fornecer pra gente a senha, o login de acesso e depois a gente a quer conhecer a estrutura da empresa, como que funciona essa transferência, como é a metodologia, os procedimentos. Depois ele recebeu mais R$ 10.000 para isso”, afirmou Renan Topan, delegado do Deic.Play Video
Ainda segundo o depoimento, João Roque teve contato com outros três membros do grupo. No entanto, os contatos foram feitos apenas por ligações de áudio e mensagens de aplicativo. Os suspeitos são homens jovens.
Para a Polícia Civil, João Roque é um insider, indivíduo de dentro da estrutura que dá acesso para que outros possam invadir o sistema. Por ter credenciais como funcionário à uma empresa que presta serviços à 23 instituições financeiras, ele permitiu que os hackers atuassem sem levantar suspeitas no momento da fraude.
Deste modo, os criminosos conseguiram desviar R$ 541 milhões da empresa BMP. A C&M custodia transações via PIX entre a empresa vítima BMP e o Banco Central.
João Roque foi preso temporariamente pelos crimes de associação criminosa e furto qualificado.
Os investigadores agora vão fazer a análise do material eletrônico apreendido na casa do operador de T.I em busca de pistas sobre os outros envolvidos no caso.