O subsecretário da Dívida Pública, Daniel Leal, afirmou nesta terça-feira (30) que o Tesouro deve encerrar 2025 com um colchão de liquidez robusto, suficiente para garantir tranquilidade em 2026, mesmo que o ano seja marcado por maior volatilidade por causa das eleições.
“Os períodos eleitorais podem carregar um pouco mais de volatilidade, mas o Tesouro nunca encontrou dificuldades, de fato. Talvez porque sempre se preparou e entrou o ano com um caixa confortável”, disse em coletiva de imprensa.
O reforço no caixa ocorre em um momento de expansão do endividamento público. O estoque da dívida federal atingiu R$ 8,1 trilhões em agosto e pode chegar a até R$ 8,8 trilhões no fim do ano, segundo a revisão do PAF (Plano Anual de Financiamento) 2025.
Ao mesmo tempo, o custo da dívida segue pressionado pela taxa Selic em 15%, patamar que elevou a média dos juros pagos para 11,65% ao ano.
Segundo Leal, a estratégia do Tesouro é aproveitar janelas favoráveis para emissão de títulos, reforçando a posição de liquidez sem necessidade de forçar o mercado. Isso permite reduzir a oferta em momentos de instabilidade e aumentar quando houver maior demanda dos investidores.
Ele acrescentou que a gestão da dívida já considera os desafios de médio prazo, como a concentração de vencimentos prevista para 2027.
“Não acho que isso seja um problema para a gestão da dívida. É apenas uma questão de estar sempre se preparando para enfrentar os desafios à frente. Em 2021, por exemplo, tivemos forte concentração de vencimentos e o Tesouro passou facilmente pelo período, vindo do pós-pandemia, quando foi feita uma das maiores rolagens dos últimos anos”, afirmou.
De acordo com o subsecretário, a chamada “Torre de 2027” concentra uma parcela maior de vencimentos, mas será administrada com instrumentos que já se mostraram eficazes em anos anteriores.
“O Tesouro olha sempre adiante, rodando cenários para 6, 7, 8 anos. Isso ajuda a montar uma estratégia de longo prazo, ao mesmo tempo em que ajustamos o ritmo semanal das emissões. Não temos nenhuma preocupação de financiamento nesse horizonte, apenas a necessidade de estar preparado”, disse.