No Brasil para promover seu novo filme, “Megalópolis – Uma Fábula“, o diretor Francis Ford Coppola, 85, fez uma homenagem ao país ao destacar obras do cinema nacional e relembrar sua convivência com Glauber Rocha, principal nome do movimento conhecido como Cinema Novo.
“Eu acredito que o Brasil possui uma herança muito rica no cinema”, afirmou ele no evento mediado pela crítica Isabela Boscov, realizado nesta segunda-feira (28) no Teatro B32. Em seguida, ele recordou o período em que Glauber Rocha, exilado do Brasil, morou em sua casa em São Francisco, nos Estados Unidos.
“O Glauber Rocha viveu na minha casa e uma vez chorou em meus braços, sem saber se um dia poderia voltar ao seu país”, disse. “Como um diretor que amava tanto o seu país poderia correr esse risco?”
Ele continuou: “Foi uma honra conhecer o artista por trás de ‘O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro‘, ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol‘ e tantos outros grandes filmes. Ele acabou voltando, mas faleceu logo depois.” Além disso, ressaltou que os filmes “Cidade de Deus” e “Pixote” foram fundamentais para “Megalópolis”: “Inspiraram uma sequência do filme.”
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Megalópolis, uma fábula curitibana?
“Megalópolis” acompanha um conflito na cidade fictícia Nova Roma em que as pessoas precisam escolher entre o lado visionário utópico de Cesar Catilina (Adam Driver), com o projeto de uma nova versão de cidade, e o pragmatismo realista de Franklyn Cicero (Giancarlo Esposito).
Coppola revelou, em entrevista à imprensa em setembro, que o personagem de Adam Driver e o projeto defendido pelo artista na trama foram inspirados, respectivamente, em Jaime Lerner, ex-governador do Paraná, e na capital do estado, Curitiba.
De acordo com o cineasta, o projeto da cidade brasileira o inspirou para criar o projeto igualmente utópico defendido por seu personagem principal, Cesar Catilina, que, assim como Jaime Lerner, é um urbanista visionário defensor de uma remodelação de Nova Roma.
Durante o evento desta segunda-feira (28), Coppola voltou a abordar essa história. “Curitiba representa o protótipo do que fiz com ‘Megalópolis’”, disse, elogiando também o projeto de saneamento básico da cidade. “É o lugar com o maior nível de cuidado com a coleta seletiva, graças a Jaime Lerner.”