David Lynch, diretor lendário de filmes como Veludo Azul (1987) e criador da série Twin Peaks (1990–1991), morreu aos 78 anos.
A notícia foi confirmada nesta quinta-feira, 16, pela página oficial do diretor no Facebook. “É com profundo pesar que nós, sua família, anunciamos o falecimento do homem e artista David Lynch. Gostaríamos de ter um pouco de privacidade neste momento. Há um grande buraco no mundo agora que ele não está mais conosco. Mas, como ele diria, “Fique de olho no donut e não no buraco”. É um lindo dia com sol dourado e céu azul por todo o caminho”, diz o comunicado.
No ano passado, Lynch revelou haver sido diagnosticado com enfisema pulmonar após uma vida de tabagismo. Na época, relatou que provavelmente não conseguiria mais sair de casa para trabalhar.
O cineasta americano, nascido em 1946, foi celebrado por sua visão única e obscura no cinema. Se distinguiu pelo uso intensivo de elementos surrealistas em suas narrativas. Ele explorava sonhos, subconsciente e realidades alternativas, criando histórias que desafiam a lógica linear e convidam à interpretação. Seus filmes muitas vezes deixam perguntas sem resposta, incentivando os espectadores a buscar significados ocultos.
Ele se destacou na década de 1970 com o surreal Eraserhead (1977). Em seguida, lançou O Homem Elefante (1980), indicado a oito prêmios no Oscar.
Em 1984, concebeu a primeira adaptação de Duna, livro de Frank Herbert, e depois foi indicado novamente ao Oscar de Melhor Diretor com Veludo Azul, estrelado por Isabella Rossellini.
Outros trabalhos de destaque de sua carreira foram Cidade dos Sonhos (2002), Coração Selvagem (2002), vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, e Estrada Perdida (1997).
Sua obra de maior popularidade, no entanto, foi na televisão. Twin Peaks virou símbolo cultural ao explorar a história de investigação do agente do FBI Dale Cooper e o assassinato da estudante de colegial Laura Palmer na cidade ficcional que batiza a série. O projeto recebeu diversos prêmios, como Emmy e Globo de Ouro.
Seu último filme como diretor foi Twin Peaks: The Missing Pieces (2014), compilado de cenas excluídas e inéditas. Em 2016, o cineasta foi tema do documentário David Lynch: A Vida de um Artista.
Em 2017, ele fez sua penúltima participação como ator no longa-metragem Lucky, de John Carroll Lynch. A performance derradeira foi em Os Fabelmans (2022), de Steven Spielberg, interpretando o diretor John Ford.
Em 2019, Lynch lançou sua autobiografia Espaço para Sonhar (Bestseller). No ano seguinte, ganhou um Oscar Honorário pelo conjunto da obra.
Nos últimos anos, o diretor viralizou na internet, especialmente entre o público mais jovem, ao informar reportes meteorológicos em Los Angeles, onde morava, por meio de pequenos vídeos no X (antigo Twitter) e no YouTube.