O diretor teatral José Celso Martinez Correia, 86, faleceu nesta quinta-feira (6) no Hospital das Clínicas de São Paulo, onde estava internado desde a terça-feira (4). Zé Celso estava intubado na UTI da unidade de saúde por conta das queimaduras que sofreu quando o apartamento em que morava na zona Sul da capital paulista se incendiou.
As primeiras notícias sobre o grave acidente que vitimou o diretor, de início davam conta de a inetrnação ter sido causada por inalação de fumaça, mas informações posteriores afirmaram que Zé Celso teve mais de 50% do corpo queimado.
Os últimos informes, inclusive de familiares, diziam que o diretor estava em estado grave, ainda que estável.
O ator Marcelo Drummond, 60, marido de Zé Celso, foi levado ao hospital na mesma data e se encontra em observação por conta da inalação de fumaça.
Zé Celso e o Oficina
Zé Celso fundou o Teatro Oficina em 1958 que durante toda sua trajetória foi um foco de resistência contra o conservadorismo nas artes e na sociedade. Houve também lutas contra a ditadura militar (1964/1985).
Em 1967, Zé Celso e o Oficina revolucionam o teatro brasileiro ao encenarem o “Rei da Vela” do modernista Oswald de Andrade.
Mais um passo rumo ao novo foi dado em 1968, com a encenação de “Roda Viva”, a estreia de Chico Buarque como dramaturgo.
As duas peças sofreram com a censura da época e “Roda Viva” foi alvo do grupo paramilitar Comando de Caça aos Comunistas (CCC), que enxergava o texto de Buarque e a direção de Martinez como subversivas.
A atriz Marília Pêra chegou a ser agredida fisicamente em uma invasão ao Teatro Ruth Escobar (SP), onde a peça era apresentada.
Homenagens
Em sua conta no Twitter, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou suas homenagens à Zé Celso.
“O Brasil se despede hoje de um dos maiores nomes da história do teatro brasileiro, um dos seus mais criativos artistas. José Celso Martinez Correa, ou Zé Celso, como sempre foi chamado carinhosamente, foi por toda a sua vida um artista que buscou a inovação e a renovação do teatro.Corajoso, sempre defendeu a democracia e a criatividade, muitas vezes enfrentando a censura. Transformou o Teatro Oficina em São Paulo em um espaço vivo de formação de novos artistas. Deixa um imenso legado na dramaturgia brasileira e na cultura nacional.
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Meus sentimentos aos seus familiares, alunos e admiradores. A trajetória de José Celso Martinez marcou a história das artes no Brasil e não será esquecida”, tuítou o presidente.
Geraldo Alckmin também postou seus pêsames. “José Celso Martinez escreveu uma rica história pessoal e para o Brasil. Irreverente, provocativo e dono de uma enorme capacidade inventiva, Zé Celso tornou o Teatro Oficina um patrimônio da cultura brasileira e um celeiro de talentos para nossos palcos”, disse o vice-presidente.
Artistas se despedem
O cantor e compositor Gilberto Gil cravou no Twiter: “Zé Celso marcou a história do Brasil e seu legado será eterno! Nossos sentimentos a familiares, amigos e admiradores.”
Karina Buhr, cantora pernambucana que foi dirigida por Zé Celso, homeageou o dietor usando a grafia peculiar do mesmo.
Disse Karina: “O tempo parou. A ethernidade de Zé. O amor todo desse mundo. O palco continua. Zé continua. Dói demais, mais do que se pode, mas do tamanho do que se deve. A forma. Seu roteiro não seria mesmo simples, nunca foi. O fogo. Tragycomédiaorgya. Amor. Zé”, finalizou.