Com mais de 35 anos de carreira e conhecido por suas obras que celebram a capital amazonense e interagem com cenários amazônicos e temas que tratam sobre a preservação ambiental, o artista plástico Jandr Reis irá presentear Manaus, no seu aniversário de 356 anos, com a realização da mostra coletiva “Manaus: Arte e Memória da Amazônia”, programada para acontecer na quinta-feira (23/10), às 19h, no Centro Cultural Palácio da Justiça, localizado na avenida Eduardo Ribeiro, 901, Centro.
A exposição inédita é realizada pelo Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, e é composta pelo acervo pessoal de Reis, que conta com mais de 100 obras assinadas por 55 artistas, apresentando sua veia como colecionador em um gesto de responsabilidade histórica e de cuidado com a memória coletiva. Além das pinturas, a coletânea vai exibir também fotografias artísticas.


Para o artista plástico, a construção da identidade artística de um artista não ocorre de maneira isolada; sua formação, as exposições em que participa e as conexões que faz constituem um capital cultural vital para a criação de suas obras, o que faz com que o ato de colecionar obras de arte seja uma ferramenta para construir discussões sobre passado, futuro, presente e coletividade. “É fundamental reconhecer um aspecto muitas vezes ignorado: o fato de que o artista também atua como colecionador. Além disso, a exposição é uma forma de celebrar também a classe artística na arte visual”, afirma.
Segundo o artista visual, o amor pelo colecionismo nasceu quando ele ganhou uma obra do artista plástico Oscar Ramos por volta dos anos 90. Nessa mesma fase, ganhou mais cinco obras de Ramos logo que comprou seu primeiro apartamento. Em seguida, Jandr realizou a aquisição de uma obra de Moacir Andrade.
Após a primeira compra como colecionador, ele diz que foi contagiado e que o impulso por comprar obras de arte se tornou um vício. “Desde então, eu passei a investir no mercado de artes. E fui comprando tantas obras que, em um determinado ponto, por não ter tantas opções de quadros, eu cheguei a trocar obras com outros artistas que gostavam da minha obra e que eu, como colecionador, gostaria de ter desses mesmos artistas”, destaca.


De acordo com Jandr, a mostra coletiva Manaus: Arte e Memória da Amazônia, além de comemorar o aniversário de Manaus, é uma forma de propor um resgate e prestar uma homenagem à história de grandes nomes das artes visuais da cidade que deixaram seu legado em vida, bem como promover artistas mais contemporâneos que estão em atividade.
“Eu gosto de fazer arte, de pintar, é o meu ofício, minha paixão, e gosto de viver rodeado de arte. E essa mostra, além de mostrar meu lado como artista e colecionador, demonstra também o carinho e a admiração pelos outros colegas que fazem arte”, ressaltou.

Guardiões da memória artística
Responsável pela curadoria da exposição, Cléia Viana, diz que, no mundo contemporâneo, os colecionadores exercem o papel fundamental de guardiões da memória artística. Ao reunir, preservar e valorizar obras de diferentes tempos e linguagens, não apenas alimentam o mercado da arte, mas também asseguram a continuidade das narrativas culturais e o acesso das futuras gerações ao patrimônio simbólico produzido por artistas em diferentes épocas. “Nesse contexto, a atuação de Jandr Reis como colecionador transforma o ato de colecionar em um gesto de responsabilidade histórica e de cuidado com a memória coletiva”, observa.
Ela analisa ainda que o acervo que compõe a exposição “Manaus: Arte e Memória da Amazônia” é fruto desse colecionismo e celebra, dessa forma, os 356 anos de Manaus. “A exposição propõe uma travessia pela história da arte manauara, como quem percorre o leito profundo de um rio que transporta tempos, gestos e visões. Estruturada em três eixos, a mostra reflete as diversas fases da criação artística na cidade e suas relações com o imaginário amazônico”, pontua a curadora.