AMAZONAS – Rafaela Guimarães é mais do que uma simples produtora cultural. Nortista, mãe e empreendedora, sua trajetória é marcada por uma profunda paixão pelo teatro e uma determinação para promover a arte. É com ela que o Vanguarda do Norte começa a série especial deste mês dedicado às mulheres. Todo o fim de semana, você vai conhecer algumas dessas personagens que fazem a diferença no Amazonas.
Desde os primeiros passos nos bastidores de uma companhia de teatro infantil, há mais de dez anos, Rafaela demonstrou talento para organizar, planejar e produzir eventos culturais de sucesso, inspirando mulheres no Amazonas.
O ponto alto de sua jornada foi a fundação da Casa de Artes Trilhares, uma escola de formação artística para a infância que não só formou mais de 2.500 alunos, mas também se transformou em um espaço cultural de referência no Amazonas. Sob sua liderança, a Trilhares produziu espetáculos de teatro de alto nível, e inovou, trazendo workshops com diretores e atores renomados, produzindo a primeira web série infantil do Amazonas e até mesmo apresentando o primeiro musical licenciado da Broadway produzido por uma escola de teatro na região norte, a Escola do Rock.
Um dos maiores desafios de Rafaela foi superar a “síndrome da impostora” e afirmar-se como uma empreendedora de sucesso no campo da produção cultural.
“Acho que o meu maior desafio foi me colocar, me posicionar e me apropriar da profissão que escolhi, para ocupar sem medo os lugares que também me pertecem. Meu lado gestora e diretora de projetos dialoga muito bem com as equipes criativas e artistas, que são meus pares. Então o meu maior desafio hoje, é fazer com que o público, o empresários, o poder público compreendam a importância de apoiar iniciativas de produtoras mulheres e os verdadeiros impactos positivos que isso agrega em uma estrutura que nos coloca sempre abaixo do que somos”, pontua.
Mulheres na cultura
Além de suas realizações profissionais, Rafaela é uma defensora da inclusão e da igualdade de gênero na cultura. Ela se orgulha de rodear-se de outras mulheres talentosas na indústria cultural e está empenhada em garantir que suas produções sejam inclusivas e acessíveis a todos. No entanto, ela reconhece os desafios que as mulheres enfrentam no mundo da produção cultural.
“O mais importante em ser uma mulher na cultura é se apropriar do seu projeto, colocar em prática desde da sua estrutura inicial uma ficha técnica focada na inclusão social, na acessibilidade e que colabore com seus pares. E isso está sendo potencializado por mulheres que estão à frente de grandes projetos culturais na cidade”, destaca.
Para Rafaela, o futuro da cultura depende não apenas do apoio do poder público, mas também do setor privado. Ela acredita que as mulheres têm um papel vital a desempenhar na promoção da arte e cultura e espera que mais mulheres ocupem posições de destaque na indústria cultural. Ela cita exemplos inspiradores de mulheres que já estão liderando o caminho, como Renata Frota, Inês Daou, Francine Marrie, Loren Lunizere, Rosa Malagueta, Isabela Catão e Keila Sankofa, entre outras.
Nova fase na carreira
Após anos dedicados à Casa de Artes Trilhares, Rafaela Guimarães está embarcando em uma nova fase em sua carreira. Para muitos, seu nome tornou-se sinônimo da Trilhares – espaço de cultura que deixou sua marca na comunidade artística do Amazonas. No entanto, para Rafaela, encerrar esse ciclo foi uma decisão difícil, mas necessária.
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Agora, ela está voltando sua atenção para novos desafios, como o Centro de Artes Integradas do Amazonas – CAIA. Este coworking voltado para economia criativa da cidade é mais do que apenas um espaço físico; é um hub dinâmico para empreendedores criativos e artistas da região.
“E eu estou no momento mais especial dessa fase, que é a estrutura, o planejamento estratégico, o estudo dessa marca e como posicionar da melhor forma para alcançar o público esperado, que é a fase de criação”, destaca.
No CAIA, os empreendedores terão a oportunidade de reunir-se, ensaiar, expor produtos na loja colaborativa e até mesmo realizar eventos. Com salas fixas e rotativas, o CAIA oferece flexibilidade e suporte para uma variedade de projetos e iniciativas. E com parceiros de renome como Sonoraplay, Moveplay e o Clube de Quase Comédia de Leandro Leite, o CAIA promete se tornar um importante centro da economia criativa na cidade.