O Ministério da Cultura (MinC) lança no dia 1º de setembro, em Recife (PE), o Edital Cultura Viva: Fomento a Pontões de Cultura e o Edital de Premiação Cultura Viva – Sérgio Mamberti. Com um investimento total de mais de R$ 61 milhões, essas iniciativas celebram a diversidade cultural brasileira e reforçam a importância da política de base comunitária.
O evento de lançamento é uma parceria entre o MinC e a Prefeitura de Recife, por meio da Secretaria de Cultura, e que conta com o apoio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
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“Esses editais representam uma oportunidade significativa para reconhecer e fortalecer a riqueza da nossa diversidade cultural, ao mesmo tempo em que promovem a inclusão e a valorização das expressões e manifestações culturais do país, com especial atenção às ações afirmativas”, destacou a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Cidadania e diversidade cultural
Os dois editais são uma ação da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC) e preveem bonificações no processo de seleção para iniciativas que tenham como proponente e/ou público beneficiado: mulheres, pessoas com deficiência, negros, indígenas e população LGBTQIA+. As informações para as inscrições serão divulgadas posteriormente, bem como a data de publicação do edital.
“A pluralidade de identidades volta a ter prioridade no MinC e as culturas populares e tradicionais estão recebendo um investimento histórico”, comemorou a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg.
Prêmio Sérgio Mamberti
O Edital de Premiação Cultura Viva – Sérgio Mamberti destinará R$33 milhões para contemplar 1.117 iniciativas culturais em quatro categorias distintas, com prêmios individuais de R$30 mil.
O objetivo é incentivar mestres e mestras das culturas populares, valorizar as manifestações culturais das etnias indígenas, reconhecer a diversidade cultural e promover atividades culturais que ampliem a Rede Cultura Viva, com a valorização e o incentivo aos Agentes Cultura Viva e aos Pontos de Cultura em redes territoriais e temáticas.
Além disso, presta homenagem ao legado do ator, gestor cultural e defensor dos direitos culturais, Sérgio Mamberti. “A essência transformadora de Mamberti pautou-se no comprometimento com a promoção da diversidade cultural, inclusão social e o respeito aos direitos humanos, buscando impulsionar e reconhecer aqueles que promovem a preservação e a difusão da diversidade cultural brasileira”, ressaltou Márcia Rollemberg. A Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural foi idealizada e liderada pelo ator, em 2004.
Categorias da Premiação Cultura Viva – Sérgio Mamberti
- Prêmio Culturas Populares e Tradicionais – Mestre Lucindo: Reconhecerá a atuação de mestres e mestras dos saberes e fazeres, grupos, coletivos e instituições culturais que promovem as culturas populares e tradicionais brasileiras.
- Prêmio Culturas Indígenas – Vovó Bernaldina: Valorizará as iniciativas culturais que promovem e preservam as manifestações culturais indígenas em todas as regiões do Brasil.
- Prêmio Diversidade Cultural: Reconhecerá e valorizará as iniciativas e produções culturais de pessoas idosas, com deficiência, LGBTQIA+ e em sofrimento psíquico
- Prêmio Cultura Viva: Reconhecerá e incentivará atividades culturais desenvolvidas por Pontos de Cultura e por grupos, coletivos e instituições privadas sem fins lucrativos que querem ser reconhecidas e certificadas com o Selo Cultura Viva em todos os estados brasileiros, para fazerem parte da Rede Cultura Viva e darem destaque às suas atividades culturais e às comunidades onde atuam.
De acordo com a secretária Márcia Rollemberg, o Prêmio de Diversidade Cultural desempenha um papel fundamental na promoção da inclusão e no reconhecimento das expressões culturais de grupos marginalizados que compõem a diversidade cultural brasileira.
“Comunidades que têm enfrentado históricas formas de exclusão e discriminação, o que torna ainda mais importante valorizar e celebrar suas contribuições”, disse.
Cultura Viva
O Edital Cultura Viva: Fomento a Pontões de Cultura vai investir R$28 milhões em 46 iniciativas, para desenvolver, difundir, acompanhar e articular atividades formativas e culturais.
A intenção é dar continuidade às ações das Redes de Pontos de Cultura e fortalecer a Política Nacional de Cultura Viva no Brasil, junto com os Agentes Cultura Viva, o Comitê Gestor do Pontão de Cultura, as redes territoriais, temáticas, setoriais e identitárias de Pontos de Cultura. Tudo isso para uma gestão compartilhada com os governos locais e nacional da Política Cultura Viva.
Os projetos contemplados terão como ação estruturante o Agente Cultura Viva, ou seja, jovens entre 18 e 24 anos, que serão selecionados para apoio às ações de diagnóstico, mapeamento, mobilização, articulação de redes e formação. Cada agente receberá uma bolsa de R$900,00 por mês.
Ao todo serão 46 pontões de cultura selecionados, que desenvolverão seus projetos no período de 12 meses.
Eixos:
- Eixo 1: 31 projetos para atuação nos estados e no Distrito Federal: Nos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo serão selecionados dois pontões em cada. Cada projeto receberá entre R$ 400 mil e R$ 700 mil. Os projetos selecionados na Amazônia Legal receberão um acréscimo de R$ 50 mil.
- Eixo 2: 15 projetos para atuação temática, setorial ou identitária: Cada projeto selecionado receberá entre R$ 400 mil e R$ 800 mil. Sendo eles: Culturas Indígenas e Mãe Terra, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana; Culturas Populares e Tradicionais; Cultura Digital, Comunicação e Mídia Livre; Patrimônio e Memória; Linguagens Artísticas; Livro, Leitura e Literatura; Gênero, Diversidade e Direitos Humanos; Acessibilidade Cultural e Equidade; Economia da Cultura, Solidária e Criativa; Cultura da Infância; Formação e Educação Cultural; Territórios Rurais e Cultura Alimentar; Cultura Urbana, Direito à Cidade e Juventudes; Cultura, Territórios de Fronteira e Integração Latino-americana.
Quem são Mestre Lucindo e Vovó Bernaldina?
O Prêmio de Culturas Populares e Tradicionais presta homenagem a Luiz Rebelo da Costa, conhecido como Mestre Lucindo, uma figura icônica da cultura musical paraense. Nascido em 3 de março de 1908 e falecido em 1988, Mestre Lucindo deixou um legado duradouro na rica tradição cultural da região.
Originário de Água Boa, às margens do Rio Cajutuba, parte da cidade de Marapanim, Mestre Lucindo se destacou como pescador, autodidata, compositor e rezador de ladainha em latim. Ele se tornou uma voz proeminente no frenético ritmo amazônico, o Carimbó. Apesar de permanecer desconhecido por 80 anos, como muitos mestres da cultura popular, ele foi o primeiro a gravar um disco de vinil como líder do Grupo de Carimbó “Os Canarinhos”. Suas composições, interpretadas por artistas nacionais e internacionais, se tornaram verdadeiros hinos do Carimbó, registrando a vida cotidiana da população simples da região. Mestre Lucindo capturou em suas músicas o profundo conhecimento dessas comunidades, preservando sua sabedoria única através da arte.
O Prêmio Culturas Indígenas homenageia a saudosa líder Bernaldina José Pedro, carinhosamente conhecida como Vovó Bernaldina. Originária da comunidade Maturuca, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, ela foi uma figura emblemática na cultura Macuxi.
Era detentora de conhecimentos ancestrais preciosos, incluindo cantos, danças, artesanato, medicina tradicional e rezas do povo indígena. Sua importância transcendeu as fronteiras culturais, sendo também uma defensora incansável na luta pela homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e pela denúncia da violência contra os povos indígenas. Aos 75 anos, em junho de 2020, ela nos deixou devido à Covid-19, tendo construído um legado inspirador, seis filhos e 15 netos.