No centro histórico do Porto, em Portugal, a tradicional Livraria Lello voltou a afirmar-se como palco de diálogo e encontro entre Portugal e Brasil, acolhendo ontem, 21/10, um momento singular da cultura lusófona: o concerto-falado protagonizado pela cantora e ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, moderado pelo músico português Pedro Abrunhosa. A iniciativa ocorreu à véspera da abertura hoje, 22/10, da Fliporto Portugal, evento literário que terá lugar no Mosteiro de Leça do Balio, em Matosinhos, com o apoio da Fundação Livraria Lello.
Durante o encontro, a ministra falou sobre a dimensão da língua portuguesa no mundo, sublinhou o papel do Brasil na promoção do português e destacou a cultura brasileira, fruto de encontros entre várias nacionalidades e origens diferentes.
Explicou ainda que mais de cinco milhões de pessoas vivem hoje, direta ou indiretamente, da cultura no Brasil. A liberdade de expressão artística foi tema de um dos momentos da sua conversa com Pedro Abrunhosa.
“Só existe possibilidade de expressar livremente o que a arte nos proporciona se houver democracia. Não pode ser uma coisa vigiada, com limites, se não, não será uma expressão livre”, disse Margareth Menezes, que recordou que a economia criativa no Brasil representa cerca de 3,11 por cento do PIB do país.


Ontem à noite, Margareth Menezes trouxe a sua voz, história e reflexão à Livraria Lello, num encontro em que a música, a palavra e a identidade cultural se cruzaram, com a presença de artistas do Brasil e de Portugal, convidados.
O evento ofereceu aos presentes, entre os quais figuravam personalidades do meio cultural português e brasileiro, uma viagem através das raízes nordestinas brasileiras, das expressões afro-brasileiras e do papel da cultura como elemento de cidadania e memória.
Estiveram presentes, além da ministra brasileira, o Secretário de Estado da Cultura de Portugal, Alberto Santos; o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira; a presidente da Fundação Livraria Lello, Rita Marques; Pedro Pinto, da família Lello; José Manuel Diogo, escritor; e o responsável pela Fliporto, Antônio Campos, que entregou à estrela da noite obras da cultura nordestina, como a edição luso-brasileira do “Livro Geral”, de Carlos Pena Filho, que leva o selo da Editorial Novembro, bem como uma edição de “Luiz Lua Alegria”, da editora IMEPH.
Festival literário brasileiro estreia hoje em Portugal
O gesto de acolhimento da cultura brasileira pela Livraria Lello assume também relevo acrescido porque coincide com a estreia em território português do Fliporto — a Festa Literária Internacional de Pernambuco. Esta edição, adaptada ao contexto luso e com entrada gratuita, inicia-se hoje, com programação prevista entre 22 e 25 de outubro no Mosteiro de Leça do Balio, sede da Fundação Livraria Lello, e tem como missão “valorizar a diversidade de vozes da lusofonia”.
“Com este gesto, o concerto-falado de ontem e o arranque do Fliporto Portugal hoje, Portugal e Brasil evidenciam não apenas laços históricos e linguísticos, mas uma vontade concreta de cooperação cultural, de construção de narrativas partilhadas e de reforço da língua portuguesa como território vivo da criação”, disse Antônio Campos, que revelou estar a finalizar os detalhes da programação da Fliporto Brasil, que acontece em novembro em Recife.
“O evento de ontem à noite marcou uma estreia antecipada da Fliporto Portugal, com um conjunto importante de elementos da cultura brasileira e nomes que valorizam essa aproximação”, finalizou Antônio Campos.
Conheça a programação completa em: https://fliportoportugal.pt/