Você já ouviu falar em nomes como Ringo Starr (The Beatles), Neil Peart (Rush), Dave Lombardo (Slayer), Roger Taylor (Queen), Mikkey Dee (Motörhead e Scorpions) ou Aquiles Priester (ex-Angra)? Caso não reconheça por nome, certamente já ouviu as suas contribuições em grandes clássicos do rock’n’roll. Todos esses artistas são reconhecidos como grandes bateristas que, com tanto talento, habilidade e carisma, são responsáveis por tocar o instrumento, que está presente nos mais diversos estilos musicais.
Nesta quarta-feira, dia 20 de setembro, é celebrado o Dia do Baterista. A data celebra o trabalho desses músicos de muito talento, coordenação motora e de um nível de concentração invejável. Considerada por muitos como o “motor da música”, a bateria é utilizada por diferentes estilos musicais. Mesmo com poucos indícios sobre a origem do Dia do Baterista, mas com uma história de desenvolvimento que parte há mais de 8 mil anos atrás, a bateria vem se aprimorando, modernizando e ganhando a cara como a conhecemos hoje: um instrumento atemporal e indispensável.
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Aos 16
Baterista desde os 16 anos, o autônomo Allison Thyago Oliveira Matos, de 34 anos, começou a se aperfeiçoar na igreja evangélica em que frequentava na época. Atualmente tocando de forma fixa em três bandas diferentes – a Banda Brittime (@bandabrittime), Banda Jam (@bandajam_oficial) e a Banda Lado BR (@bandaladobr) -, Thyago ressalta que tudo começou como um hobby;
“Tocava violão, só que já tinha muito violonista e apenas um baterista, e ele ficava ausente, então eu comecei a pegar ‘gosto’, fazer aulas particulares, e segui. Por um bom tempo, era apenas um hobby, mas já tem alguns anos que representa ferramenta de trabalho. Tenho como profissão e minha principal fonte de renda na música”, disse.
Complementou ainda: “[Essa data] representa um reconhecimento legal pela parte de amigos e colegas, porém não é algo que também não represente a classe tão significativamente. Minha mãe sempre incentivou e bancou quando adolescente. Fiz aulas na Escola de música Blue note por 9 meses, depoio s também aulas particulares. Mas o incentivo sempre rolou, inclusive ganhei uma bateria no ano seguinte, nos 17 anos”.
Também apaixonado por bateria desde os 16 anos de idade, o músico Francinaldo Silva, mais conhecido como França, conheceu o instrumento musical por meio dos irmãos da igreja que frequentava na época.
“Lembro que ficava ali na frente e sentava nos primeiros bancos só para observar. Desde ali comecei a me apaixonar pelo instrumento. Lembro que não tinha condições de adquirir uma logo. Aos poucos fui me infiltrando na equipe de músicos, ouvindo bastante música, tocando com baqueta de espetos de churrasco mesmo. A bateria tem uma importância fundamental na minha vida. Tanto nas questões pessoais, psicológicas ou sociais. Sempre fui uma pessoa reclusa e nunca gostei de conversar… a timidez me dava essa barreira
A música e a igreja
Assim como grande parte dos envolvidos no ramo musical, o músico e designer gráfico Adyel Alves Vieira, de 32 anos, também teve o seu primeiro contato com o instrumento musical por meio da igreja.
“Comecei a fazer aulas de bateria aos 9 anos de idade, mas acabei desistindo por conta das dificuldades que enfrentava. Na minha turma, eu era o único que tinha muita dificuldade com o instrumento, e acreditava que nunca seria capaz de tocá-lo, o que me levou a abandonar as aulas”, declarou.
No entanto, alguns anos depois, aos 14 anos, retomou o seu interesse pela música ao começar a fazer aulas de violão e foi nesse momento que a paixão pela música foi reacendida em seu coração.
“Aos 15 anos, finalmente tive a oportunidade de voltar a tocar bateria e me descobri verdadeiramente no instrumento. A partir desse ponto, dediquei-me a aperfeiçoar minhas habilidades, buscando aprimoramento por meio de aulas no Cláudio Santoro e com o auxílio de professores particulares. Essa jornada me ensinou que, por mais desafiador que um caminho possa parecer, a paixão e a perseverança podem nos levar a superar obstáculos e encontrar nosso verdadeiro potencial em um instrumento musical”, frisou.
Para Adyel, a prática com a bateria sempre o fascinou e o ensinou sobre a importância do tambor não apenas como instrumento musical, mas também em um contexto espiritual e de louvor a Deus. Ao longo da história cristã, ele ressalta que o tambor desempenhou um papel notável em várias dimensões.
“O tambor, muitas vezes, liderava a marcha das tropas na linha de frente das batalhas ao longo da história. Não era apenas um instrumento musical, mas também um símbolo poderoso de liderança e unidade espiritual. Muitas vezes o tambor transmitia comandos e mantinha os soldados em sincronia, garantindo que todos marchassem juntos em direção ao objetivo comum. Dessa mesma forma eu vejo os tambores no contexto baterístico como arma nas batalhas espirituais e louvor a Deus”, comentou.
Atualmente, Adyel desempenha um papel no Ministério Cânticos de Júbilo da Igreja IDPB Casa de Oração, atuando como baterista e líder geral das artes. Além disso, ele é o regente e baterista do grupo Tambores Pentecostais, um grupo de percussão que utiliza exclusivamente materiais recicláveis em suas apresentações.
“Essas experiências têm enriquecido minha jornada musical e cristã. O Dia do Baterista representa um momento especial que reafirma o valor dos meus estudos e da minha dedicação. Essa data me leva a uma profunda reflexão sobre a grandiosidade desse instrumento musical e a extraordinária contribuição de todos os bateristas que o elevam a um patamar de grande importância”, pontuou.
Encontro de Bateristas de Manaus
Reunindo boi bumbá, sertanejo, gospel e, claro, o melhor do rock ‘n’ roll, o VI Encontro de Bateristas de Manaus reúne cerca de 120 músicos da área para fazer o que eles fazem de melhor: muita música. O evento, criado em 2016, acontece neste ano no próximo domingo (24) no Sambódromo de Manaus, localizado na Avenida Pedro Teixeira, bairro Flores, Zona Centro-Sul da capital amazonense.
De acordo com o idealizador e organizador do evento, o músico Neto Antunes, o evento já era uma ideia antiga e, em sua primeira edição, reuniu apenas 42 bateristas no Balneário do SESC Amazonas. Com o passar dos anos, o evento foi crescendo e alcançando mais pessoas. No ano seguinte veio a segunda edição, que ocorreu no Largo São Sebastião com 88 bateristas ao lado de 60 músicos da Orquestra Amazonas Filarmônica. O terceiro evento foi realizado na Ponta Negra e o quarto no Sambódromo.
Depois veio a pausa durante o período pandêmico e o grupo resolveu retornar com o encontro no ano passado no Largo de São Sebastião.
“O evento de retorno foi gigantesco. Usamos parte do Teatro, as varandas e também o Largo. Foi bem bacana. Neste ano acontece o nosso sexto encontro, vamos retornar para o Sambódromo e a nossa previsão é de reunir por volta de 120 ou 150 bateristas. A gente trabalhou bastante para que o evento crescesse cada vez mais e, finalmente, ele se tornou um evento já consolidado. Temos nosso grupo no Whatsapp e, por meio disso, o nosso encontro dura quase o ano todo pois fazemos workshops gratuitos desde o mês de fevereiro voltados para bateristas e músicos, justamente para fomentar essa questão educacional do evento”, disse.
O evento é totalmente gratuito, seja para quem quiser levar a sua própria bateria para tocar ou quem desejar somente prestigiar o momento.
“O público que for irá assistir um Show único, são mais de 100 bateristas tocando juntos. Teremos a participação de 7 artistas de bandas que irão fazer participação conosco. Teremos Boi bumba, Sertanejo, Rock e Gospel. Será um show inesquecível”, disse o organizador.