Após três noites de duelos acirrados entre os bois, o Caprichoso garantiu o bicampeonato desta que é considerada a maior edição do Festival Folclórico de Parintins. Nesta segunda-feira (3) foi o dia do resultado com a avaliação dos jurados, que leva em conta os quesitos musicalidade, coreografia e produção artística, divididos em 21 itens.
O Caprichoso conquistou os jurados e o 25º título na 56ª edição do maior festival folclórico do Norte do Brasil. Na atribuição das notas, vitória tanto na primeira, quanto na terceira noite para o Touro Negro. Na somatória total de pontos, o resultado ficou em 1.259 pontos contra 1258,8. Na galera, os dois bois empataram.
Com o tema “O brado do povo guerreiro”, o boi da estrela na testa apresentou “Ancestralidade: A Semente das Nossas Lutas” no primeiro dia, “Resistência: A Força da Nossa Existência” no segundo e “Revolução: a consagração pelo saber popular”, no último.
Este ano, 24 troféus foram confeccionado para a premiar, além do campeão, a galera e os demais itens que compõe o espetáculo. Inicialmente, o investimento do Governo do Amazonas no festival foi de R$ 10 milhões, sendo metade para cada bumbá. Além disso, o evento contou com patrocínio da Coca-Cola na ordem de R$ 2,5 milhões – R$ 1,25 milhão para cada boi.
Primeira noite
os pontos altos da apresentação foram a entrada da cunhã-poranga, Marciele Albuquerque, que evoluiu com a toada “Guerreira das Lutas”, a evolução da tribo coreografada com a participação do pajé Erick Beltrão ao som de “Yreruá – Festa do Guerreiro”, e a evolução do item com a toada “Maraka’yp”, que encerrou a apresentação.
A apresentação prestou homenagem aos antepassados, exaltando as raízes ancestrais do povo Caprichoso.
Para levar o boi à arena, foram construídas 12 alegorias para as três noites de apresentação, além de um módulo aéreo com um guindaste de 500 toneladas e 22 metros de altura, considerado um dos maiores do Brasil.
Segunda noite
Como Lenda Amazônica, o Caprichoso apresentou O “Veleiro Cabano do Uaicurapá”, onde os artistas exaltam a resistência das mulheres amazônidas pelas lutas contemporâneas do povo cabano.
A segunda noite teve mais quatro alegorias e módulos aéreos que trouxeram itens como cunhã-poranga e o boi-bumbá.
A Figura Típica Regional, reverenciou os Quilombolas da Amazônia. O público também se emocionou com o Ritual Indígena com a Iniciação Masculina Munduruku Marupiara, que marca a entrada dos futuros guerreiros.
Terceira noite
Na terceira parte, o brado do Caprichoso celebrou os “saberes e fazeres” dos povos da Amazônia expressos na cultura popular, bradando que, enquanto houver opressão, haverá resistência e que o saber popular deve ser usado como arma contra a intolerância, os racismos, os preconceitos e repressões de toda a sorte.
O bumbá levou à arena quatro alegorias com altura média de 22 metros, além dos módulos levados por guindaste à encenação folclórica, que potencializam a altura das alegorias.
A última noite do festival também representou a última apresentação do Caprichoso sob o comando do presidente Jender Lobato, cujo mandato se encerra em 2023, após a prorrogação por mais um ano decidida em assembleia geral da agremiação folclórica.
Sustentabilidade
O boi Caprichoso também consagrou-se o Campeão Sustentável do Festival Folclórico de Parintins 2023. A galera do bumbá destinou um total de 1.017,4 kg de resíduos para a reciclagem, garantindo o título e o prêmio de R$ 20 mil, para serem investidos em ações de sustentabilidade na agremiação.
O duelo de reciclagem faz parte do projeto “Recicla, Galera”, realizado pelo Governo do Amazonas, em parceria com a Coca-Cola Brasil. Durante as três noites, as galeras item 19 disputaram entre si para ver quem destinaria a maior quantidade de resíduos para reciclagem. O Caprichoso levou a melhor pelo segundo ano consecutivo.
Caprichoso
O Boi-Bumbá Caprichoso foi fundado em 1913, pelas mãos de famílias nordestinas, Cid e Gonzaga. A brincadeira que nasceu nos quintais das casas com versos de saudação e enaltecimento, nas vozes dos fundadores, logo se transformou em desafios fortes para o contrário.
O bumbá ganhou as ruas da cidade e incorporou as tradições locais. As pessoas passavam, mas o Caprichoso não, sendo recebido por um novo dono, uma nova família que, tradicionalmente, tornava-se a guardiã do boi, responsável por organizar as saídas do boi nas ruas de Parintins.
A agremiação folclórica é responsável pelo projeto social Fundação Boi-Bumbá Caprichoso, denominado Escola de Artes Irmão Miguel de Pascalle, para crianças e adolescentes que exercitam e desenvolvem o potencial intelectual e artístico nas oficinas de artes, dando um retorno à comunidade e ao festival. Fundada em 1998, a escola já revelou mais de 5.500 artistas que podem ser vistos nos galpões, no conselho de arte, na dança, na música e em todos os segmentos.