O feriado do dia do trabalho, comemorado nessa quarta-feira (1), traz uma folga para os brasileiros, mas investidores, mesmo com a Bolsa brasileira fechada, dificilmente irão desligar totalmente, mantendo um olho na negociação dos ADRs (recibos de ações de empresas não americanas listadas nas bolsas dos EUA) brasileiros, que devem refletir no mercado na quinta-feira (2), quando a B3 volta a negociar. Isso porque a agenda na maior economia do mundo – os Estados Unidos – é marcada por indicadores e decisões importantes.
“O comitê de política monetária do Federal Reserve [Fomc] decidirá a taxa básica de juros dos Estados Unidos. A manutenção da taxa de juros é amplamente esperada, mas nuances na comunicação do presidente do banco central, Jerome Powell, podem impactar a expectativa do início do ciclo de cortes”, explicam Paulo Gitz, estrategista global da XP Investimentos, e Maria Irene Jordão, analista da corretora.
Atualmente, a percepção geral é de que a confiança do Fed na desinflação foi abalada, sendo que boa parte dos economistas espera uma mensagem ‘dura’.
A reunião do Fomc acaba às 15h (horário de Brasília), com a decisão de como a taxa de juros fica nos EUA, e, na sequência, há a coletiva do presidente da instituição. Os especialistas da XP mencionam que as falas devem afetar “a curva de juros americana e ativos de risco em todo o mundo”.
Juros mais altos nos EUA acabam refletindo nas Bolsas em todo o mundo, principalmente nas de países emergentes, como o Brasil. Investidores, neste cenário, tendem a preferir aportes nos títulos americanos ou em contratos privados do país, que oferecem mais segurança.
Frederico Nobre, líder de Análise da Warren Investimentos, vai na mesma linha linha. Hoje, segundo ele, a curva de juros americana sinaliza uma queda de cerca de 30 pontos-base até o final do ano.
“Se o Fed assumir uma posição mais dovish, pode ser que aumente a probabilidade de corte em setembro, a depender do direcionamento dos dirigentes. Isso resultaria em um rendimento dos treasuries operando em queda e possivelmente em uma alta de ativos de risco” , contextualiza. “Da mesma forma, se o Fed for mais hawkish, dando a entender que talvez nem tenha queda de juros neste ano, essa queda implícita até dezembro pode fechar”.
Por esse motivo, Nobre explica que um tom mais duro do Fed tende a levar a uma queda dos ADRs. Um tom mais leve, pelo contrário, pode impulsioná-los. Já na Bolsa brasileira, os impactos devem ser sentidos na volta das negociações, na quinta.
Outros indicadores
Fora a decisão do Fed, indicadores também estarão no radar do mercado. “Temos a divulgação dos indicadores privados de emprego JOLTS e ADP, assim como da pesquisa de gerentes de compras ISM”, lembram Gitz e Jordão, da XP. Jolts e ISM são divulgados às 11h, enquanto a pesquisa ADP, às 9h15.
Beto Saadia, economista e diretor de investimentos da Nomos, também destaca a divulgação do PMI industrial, às 10h45. “A gente tem visto esse índice ficar bem acima dos 50 pontos, sinalizando uma indústria forte e ainda acelerada, não respondendo à alta da taxa de juros”, diz.
Dados mais fortes do que o esperado devem ser interpretados como sinais de uma economia mais aquecida, o que deve continuar a pressionar o Fed pela manutenção da taxa de juros.
Frederico Nobre, líder de Análise da Warren Investimentos, por fim, lembra também que a quarta-feira será marcada por repercussões de resultados corporativos importantes. Hoje, após o fechamento do mercado, quando brasileiros estiverem indo para o feriado, a Apple (AAPL34) divulga seu balanço do primeiro trimestre de 2024.
Fonte: Infomoney
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