O Copom (Comitê de Política Monetária) voltou a manter a taxa Selic – que mede os juros básicos do país – em 15% ao ano nesta quarta-feira (17). Esta é a segunda manutenção realizada pelo Banco Central desde que interrompeu o ciclo de aperto monetário em julho. A decisão foi tomada de forma unânime pelo colegiado.
A autarquia voltou a destacar que os riscos para inflação seguem elevados, tanto no sentido de baixa, quanto de alta.
Desse modo, a autoridade monetária avalia que “o cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”.
Não foi indicado quando o ciclo de corte será iniciado, do contrário, o comitê reforçou que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.
Em sua balança de riscos, entre os fatores que podem pressionar a alta dos preços, o BC destaca:
- Desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
- Maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo;
- Conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.
Entre os fatores que podem levar a uma baixa, indica:
- Eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação;
- Desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza;
- Redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.
Ademais, o Copom revisou suas estimativas de inflação para este ano, prevendo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 4,8% no final de 2025, ante 4,9% previstos anteriormente.
A decisão vem em linha com a expectativa do mercado, apurada pelo boletim Focus, que é compilado semanalmente pela própria autarquia.
A mediana dos agentes econômicos antevê que a Selic só deve voltar a cair no dia 28 de janeiro de 2026, primeira reunião do Copom no próximo ano, com um corte de 0,25 ponto percentual, a 14,75%.
Com a manutenção, a Selic segue no maior patamar desde 2006. Em suas últimas decisões, o BC já previa manter a taxa de juros em “patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.