O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, confirmou nesta quarta-feira (15) que a estatal negocia um pedido de empréstimo de cerca de R$ 20 bilhões a bancos estatais e privados, com garantia do Tesouro Nacional, para salvar as contas da estatal em 2025 e em 2026.
O anúncio ocorre em meio a um rombo bilionário nas contas dos Correios.
Segundo Rondon, a empresa ainda não pode apresentar os termos do empréstimo, que ainda está em fase de “negociação”.
“Na ordem de R$ 20 bilhões de reais”, disse Rondon ao ser questionado sobre o valor dos empréstimos. A informação já havia sido antecipada pela Folha de S. Paulo.
O presidente confirmou ainda que, nos moldes da negociação atual, os financiamentos seriam concedidos com garantia da União.
Na prática, isso significa que, se a estatal não conseguir pagar a dívida, a União – ou seja, o próprio governo – assume a responsabilidade pelo pagamento.
Essa garantia reduz o risco para os bancos e investidores, o que geralmente permite juros menores e condições mais vantajosas de financiamento.
A ideia dos empréstimos, segundo Rondon, é trazer “equilíbrio” aos caixas dos Correios em 2025 e 2026, possibilitando que a empresa volte a ter lucro em 2027.
O primeiro passo para a aprovação do crédito será o aval do conselho de administração da empresa. O plano foi apresentado ao colegiado nesta quarta-feira e deve ser analisado até a próxima sexta-feira (24).
Durante coletiva, a estatal também anunciou um novo plano voltado à reestruturação do caixa dos Correios.
O programa terá foco no corte de despesas, na diversificação de receitas e na recuperação da saúde financeira dos Correios. A empresa não divulgou o valor estimado de economia.
O principal ponto é a realização de um novo programa de demissões voluntárias, com foco em setores da empresa com desempenho insatisfatório.
“Empregados nessas situações poderão aderir ao novo programa, diminuindo a pressão da folha de pessoal”, diz a empresa.
Outra parte da estratégia da empresa para reduzir despesas será a renegociação de contratos com grandes fornecedores.
A estatal também dará continuidade no programa de venda de imóveis ociosos.
“Não temos detalhes para poder falar qual vai ser a composição exata do aumento de receita e redução de despesa, mas é dentro de um critério para a gente poder ter a operação de forma sustentável”, disse Rondon.
Rombo nos Correios
No primeiro semestre, os Correios tiveram prejuízo de R$ 4,3 bilhões — mais do que triplicando o desempenho negativo registrado no mesmo período do ano passado, que ficou em R$ 1,3 bilhão.
A empresa postal enfrenta queda de receitas, mas suas despesas também continuam subindo e críticos das últimas gestões afirmam que elas têm sido lentas em fazer os ajustes necessários.
Recentemente foi anunciado um plano para vender imóveis e abrir um programa de demissões voluntárias, bem como o lançamento de um marketplace com a Infracommerce, mas as medidas são frequentemente vistas como insuficientes para virar o jogo e colocar os Correios no azul novamente.
Um dos destaques foi um prédio em Salvador, colocado à venda com lance inicial de R$ 109 milhões e valor máximo estimado em R$ 145 milhões.
Já o marketplace da estatal conta com um portfólio de mais de 500 mil itens.
Diante dos sucessivos desgastes, os Correios também anunciaram em maio um plano para reduzir despesas, com previsão de economia de R$ 1,5 bilhão já em 2025.
Em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mudou o comando da estatal. O advogado Fabiano Silva, articulador do Grupo Prerrogativas, foi substituído pelo economista Emmanoel Rondon, servidor de carreira do BB.