Secretário de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello afirmou, em entrevista, que a reforma tributária e a recuperação do investimento no país devem permitir à economia brasileira crescer de 3% a 3,5% sem pressionar a inflação. Esta capacidade é conhecida como PIB potencial.
“Estes fatores somados podem elevar nosso PIB potencial, dos atuais 2,5%, para algo entre 3% e 3,5%”, disse o secretário, na sede do Ministério da Fazenda em São Paulo.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou, em julho, sua estimativa de PIB potencial do Brasil, para os mesmos 2,5%. O crescimento robusto da economia em 2023 e 2024, combinados à inflação controlada, levou atores de mercado a recalcularem projeções sobre a capacidade de o país crescer sem pressionar preços.
“O PIB potencial não é estático, é uma fotografia do cenário atual. Com nossa atual estrutura produtiva, desempenho macroeconômico, nível de investimento, podemos crescer em torno de 2,5% sem pressionar muito a inflação”, disse Guilherme Mello, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda
Para Mello, somente os impactos da tributária, a depender de detalhes de implementação, podem elevar o PIB potencial em 0,5 pontos percentuais. Estudos preveem que a economia brasileira terá crescimento adicional mínimo de 12% no médio prazo em consequência da reforma — e esta mudança no potencial colaboraria para um avanço saudável.
A recuperação do investimento é outra das apostas. A expectativa nesta frente é puxada tanto por dados recentes, como a Formação Bruta de Capital Fixo no segundo trimestre (alta de 2,1%), quanto por anúncios do setor privado para investimentos no médio prazo, especialmente na indústria (confira abaixo parte deles).
- Setor de TICs – R$ 85,7 bilhões
- Setor Automotivo – R$ 130 bilhões
- Setor de Alimentos – R$ 120 bilhões
- Setor de Aço – R$ 100 bilhões
- Setor de Papel e Celulose – R$ 105 bilhões
- Setor de Saúde – R$ 39,5 bilhões
Na análise do secretário, também contribuirá o avanço nas exportações de petróleo pelo Brasil, que vão avançar até 2030 e turbinar a economia. Mello diz ainda que o esforço por reformas não se limita à tributária e menciona, por exemplo, impactos positivos do marco de garantias para o crédito no país.