A taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,8% nos três meses até julho, em linha com o esperado por economistas e marcando o menor nível para o período desde o início da série do governo, em 2012, evidenciando a força do mercado de trabalho no país em um momento em que o Banco Central tem reiterado surpresa com a força da atividade econômica.
A taxa recuou 0,7 ponto percentual (p.p) em relação ao trimestre imediatamente anterior, de fevereiro a abril, e caiu 1,1 ponto sobre o mesmo período de 2023, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (30).
A população desocupada caiu para 7,4 milhões no trimestre, menor número de pessoas procurando por uma ocupação no país desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015.
A mediana das previsões em pesquisa da Reuters era de que a taxa de julho ficaria exatamente em 6,8% no período.
No trimestre, o rendimento médio real das pessoas ocupadas, que vinha em alta desde maio na comparação trimestral, ficou estável frente ao período anterior, em R$ 3.206, com alta de 4,8% na comparação anual. Para Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, trata-se de um fato pontual. “Não é uma mudança de trajetória (de alta) da renda”, afirmou a jornalistas.
“Temos melhora da renda do trabalho nos últimos meses e isso mexe com demanda e consumo. Dado que essa melhora acontece há meses, o consumo gera demanda e gera demanda por mais trabalho e emprego”, afirmou.
O BC tem reforçado em sua comunicação que o mercado de trabalho vem apresentando dinamismo maior do que o esperado e, em sua última reunião de política monetária, no fim de julho, os diretores discutiram o papel dessa dinâmica na determinação da inflação de serviços, segundo a ata do encontro.
Nesta semana, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, apontou que já há sinais “ainda incipientes, mas mais claros” de que o aperto no emprego possa estar sendo transmitido para os preços de serviços “de uma forma mais prolongada”.
O BC se reunirá em meados de setembro para deliberar sobre os juros e a aposta do mercado é de alta da taxa Selic, atualmente em 10,5% ao ano.
A população ocupada somou 102 milhões, novo recorde da série histórica e alta de 1,2% no trimestre e de 2,7% no ano, mostrou o IBGE. O nível de ocupação, que mede a parcela de pessoas ocupadas frente à população em idade de trabalhar, foi a 57,9%, maior nível em dez anos.
Já a taxa de informalidade foi de 38,7% da população ocupada (com 39,4 milhões de trabalhadores informais), mesmo nível verificado no trimestre encerrado em abril.