A primeira sexta-feira de agosto é uma data especial para os amantes e produtores de cerveja. Comemorado em mais de 80 países, incluindo o Brasil, o Dia Internacional da Cerveja vai muito além de um dia especial apenas para degustar a bebida, visto que se trata da bebida alcoólica mais consumida de todo o mundo.
A data comemorativa conta com três propósitos declarados: estar com amigos para celebrar e saborear a bebida, celebrar aqueles que fabricam e os que servem a cerveja e tem o sentido de união mundial com outros comemoradores, com cervejas de todas as nações e culturas.
Para esta data, o Vanguarda do Norte foi a um dos bares mais conhecidos de Manaus, para conhecer um pouco mais sobre a bebida, que é a queridinha de muitos brasileiros. O Bar Caldeira da Vila fica localizado na Avenida Maceió, 497, bairro Nossa Senhora das Graças, Zona Centro-Sul de Manaus.
O conhecido nome “Caldeira” já coleciona mais de 60 anos de história e é tombado como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Amazonas. O proprietário do estabelecimento, Carbajal Gomes, tem relação próxima com a cerveja há mais de 30 anos.
“Antes do Caldeira, eu tinha um outro bar no Centro, e lá vendíamos muita cerveja, e aquilo foi entrando no sangue já que você vai trabalhando cada vez mais com a bebida. Já tive distribuidora e depois apareceu o Caldeira na minha vida. Conheço a cerveja a bastante tempo. Hoje, a cerveja, pela parte econômica, é muito importante. Tanto para o Caldeira, quando para mim pessoalmente falando. A aprecio muito. Ela é muito importante para o meu segmento que é de bar”, declarou.
Cerveja ou Chopp: sabe a diferença?
A verdade é que grande parte do mundo é utilizada a palavra Chopp para designar a cerveja, independentemente da sua forma de acondicionamento. No Brasil, a cerveja armazenada no barril é conhecida como Chopp. Existem indícios que esse costume surgiu como resultado da imigração alemã em nosso país. A palavra Chopp vem de schoppe, palavra de origem alemã que significa “copo de meio litro”, medida utilizada para pedir nos balcões dos bares a cerveja do barril. Com o tempo, a palavra passou a ser utilizada até mesmo pelos brasileiros. Durante a entrevista, Carbajal também aproveitou para explicar as diferenças entre a tradicional cerveja e o Chopp.
“A diferença da cerveja para o chopp é que o chopp é feito de malte, lúpulo e água, aí o químico faz o trabalho dele e sai a bebida. Para ela se tornar cerveja, ela é pasteurizada e passa por um aquecimento de cerca de 65°C e fica armazenada nessa temperatura para que ela possa ter uma durabilidade. Quando você vê aqueles barris de chopp em supermercado, é mentira, aquilo é cerveja e um barril. A cerveja dura um bom tempo, em média de oito meses a um ano, mas o chopp só dura 10 dias. Ele não tem essa durabilidade toda. O chopp é a cerveja pura. Essa é a diferença, um é puro, nasceu, é servida e só dura dez dias e a outra é pasteurizada”
Propulsor da economia brasileira
De acordo com Carbajal, a cerveja é o carro-chefe da casa e líder no interesse dos consumidores de bebidas alcoólicas. Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindcerv), o Brasil é apenas o terceiro país do mundo que mais produz a bebida, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
O volume de vendas de cerveja no Brasil atingiu cerca de 14,3 bilhões de litros em 2022, e somente no primeiro semestre de 2022 foram produzidos 7,1 bilhão de litros, apontando um crescimento de 3,1% comparado ao ano anterior.
Dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) informaram ainda que, em 2021, o valor médio do litro repassado ao consumidor ficou em R$ 12,00, totalizando R$ 175 bilhões de valor agregado à economia, correspondendo a 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB).
De acordo com pesquisa realizada pela Euromonitor, veiculada pelo Valor, o volume de venda de cerveja no Brasil deve somar 16,1 bilhões de litros em 2023, o que representa alta de 4,5% em relação ao consumo de 2022. A indústria cervejeira também é responsável por mais de 2 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos.
“A venda de cerveja gira em torno de 2% do PIB brasileiro e, nesse ano de 2023, é calculado que ela movimente acima de R$ 200 bilhões. Então, nessa parte econômica para o Brasil a comercialização da cerveja é excelente. Apesar dos malefícios, existem muitos benefícios. Os valores, na parte econômica, são altíssimos. É muito excelente. Tenho um carinho diferente pela parte econômica da cerveja, ela emprega mais de 2 milhões de pessoas direta e indiretamente. Acho isso muito legal. Ela emprega muita gente. A cerveja oferece uma parte econômica muito boa para o Brasil. É muito benefício, tenho essa visão mais empresarial”, declarou.
Em entrevista ao portal Vanguarda do Norte, a economista Denise Kassama é algo de suma importância por envolver o setor primário, secundário e o terciário da economia brasileira e mundial.
“Se a gente for contar desde a plantação, o processamento e a venda, nós estamos falando sobre uma cadeia que gera quase três milhões de empregos em todo o Brasil. Ela tem um efeito multiplicador muito importante, principalmente, quando a gente chega no setor de serviços. É um setor que tem bastante relevância, seja você bebendo ou não, é um setor que movimenta muito a economia sem contar das informalidades. O pessoal compra, e vende no isopor nos eventos. A cerveja gera renda para muitas famílias e, do ponto de vista econômico ela é fundamental. Nós que moramos em uma cidade quente como Manaus, a cerveja é um ótimo acompanhamento no fim da tarde ou a noite em Manaus, eu acredito que consuma bastante. Recado se for beber não dirija, se for dirigir não beba. Fora isso não tem contraindicação”, ressaltou.
Melhores combinações
Além da cervejinha gelada, se tem uma coisa que não pode faltar é aquele petisco para acompanhar. Não há momento que não combine com a cerveja, mas uma dúvida recorrente é sempre escolher os petiscos que mais harmonizam com ela. Como isso gera dúvidas em algumas pessoas, Carbajal Gomes também deu algumas dicas sobre quais os melhores acompanhamentos presentes no cardápio do Caldeira para degustar a cerveja.
“É uma pergunta difícil de responder, mas o pessoal opta muito pelo torresmo, o queijo do engenho assado ou o pastelzinho da Aparecida (que homenageia a feira da Aparecida, que acontece todas as terças-feiras), todas essas opções combinam perfeitamente com a cerveja ou com o chopp. São combinações maravilhosas”, pontuou.
Como surgiu a cerveja?
Você já se perguntou como a cerveja foi inventada, ou melhor, descoberta? O homem descobriu, por acaso, o processo da fermentação há cerca de 10 mil anos. A cerveja era produzida inicialmente pelos padeiros, em razão da natureza dos ingredientes que utilizavam: leveduras e grãos de cereais. A cevada era deixada de molho até germinar e, então, moída grosseiramente e moldada nos bolos em que se adicionava a levedura. Os bolos, depois de parcialmente assados e desfeitos, eram colocados em jarras com água e deixados fermentar. Há evidências de que a prática da cervejaria teve início na região da Mesopotâmia, onde a cevada cresce em estado selvagem.
A primeira cerveja produzida foi provavelmente, um acidente. Documentos históricos mostram que em 2100 a.C., os sumérios alegravam-se com uma bebida fermentada, obtida de cereais. Na Suméria, cerca de 40% da produção dos cereais destinavam-se às cervejarias chamadas “casas de cerveja” e os egípcios logo aprenderam a fabricação de cerveja e carregaram a tradição no milênio seguinte.
A cerveja produzida naquela época era bem diferente da feita atualmente, visto que apresentava um aspecto escuro, forte e muitas vezes substituía a água, sujeita a todos os tipos de contaminação, causando diversas doenças à população. Mas a base do produto, a cevada fermentada, era a mesma.
Confira a reportagem completa abaixo: