De acordo com o mais recente Monitor Global do Empreendedorismo (GEM, do inglês Global Entrepreneurship Monitor), conduzido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pela Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe), mais de 93 milhões de brasileiros estão engajados no empreendedorismo, entre atuantes e aspirantes, com 67% da população adulta que já tem um negócio, está fazendo algo para ter ou deseja ser empreendedor até 2025.
A identificação de mais da metade da população do Brasil como potenciais empreendedores fez com que o país ocupasse a segunda maior população absoluta nesta categoria, atrás apenas da Índia, com 115 milhões de pessoas apontadas como na mesma situação.
Neste Dia do Empreendedor, comemorado em alusão à criação do Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, instituído pela antiga Lei nº 9.841 de 5 de outubro de 1999, empreendedores amazonenses de diversos segmentos dão dicas de como investir nesta jornada, sem que exista uma fórmula secreta para o sucesso.
A escolha de empreender é desafiadora e exige atributos como resiliência, adptabilidade, visão e inovação, que dependem trabalho duro, determinação e paixão, características pouco comuns cotidianamente no mundo do trabalho.
A criadora da Unidade de Saúde Felina (USFel), primeira clínica veterinária especializada em gatos na região Norte, Ludmila Andrade, destaca a importância de iniciar com paciência e seguir um processo metódico, sem pular etapas.
“No Brasil, existem muitas regras a serem cumpridas, como as normas da Vigilância Sanitária e os tributos federais, estaduais e municipais. Então, entender isso é fundamental para o funcionamento do negócio, pois impacta diretamente na saúde financeira e na estrutura física da empresa”, destaca.
O pedagogo Jhony Abreu, que começou a trajetória empreendedora em 2017 ao lançar a startup EduMaker, um programa de robótica educacional que se estabeleceu oficialmente em 2020, também destaca algumas etapas essenciais para o estabelecimento equilibrado de um novo negócio.
“Planeje cuidadosamente, pois m plano de negócios sólido é fundamental; esteja preparado para o risco, já que o empreendedorismo envolve incerteza; cuide da gestão financeira, afinal, o controle de custos é crucial; valorize a inovação, buscando constantemente novas ideias e soluções; e construa uma equipe forte, pois pessoas talentosas são um ativo valioso”, descreve.
Helane Souza, fundadora da “Future Solar,” empresa pioneira no ramo de energia solar no Amazonas, enfatiza a necessidade de paixão pelo empreendimento, autoconfiança e busca constante por atualizações nos serviços e produtos relacionados ao negócio para manter-se relevante no cenário empreendedor.
De acordo com ela, quando há trabalho árduo, dedicação, constância, disciplina, boa gestão administrativa, habilidade para saber lidar com pessoas, entre outros, a tendência é que o negócio resulte em bons frutos. “Eu creio que se você sabe quem você é, aonde quer chegar e quais suas metas diárias, não há nada que faça você paralisar”, aponta.
Cenário empresarial do Amazonas
Dados do Mapa de Empresas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços indicam que, de janeiro até a quarta-feira (4), 135.234 empresas e 4.986 filiais foram abertas na região Norte, com 29.420 empresas (21,73%) e 940 filiais (18,85%) apenas no Amazonas. O tempo médio de abertura, considerando registro e viabilidade, é de 18 horas na região, sendo que o estado é o mais bem colocado nacionalmente.
Segundo a Junta Comercial do Estado (Jucea), o Amazonas ficou com a segunda colocação no ranking de celeridade do segundo quadrimestre de 2023, com o tempo médio de nove horas para obter-se um novo empreendimento. Foram necessárias apenas sete horas para análise de viabilidade (nome e endereço) e duas horas para registro.
No mês de agosto, o Amazonas consolidou o menor tempo médio de abertura de empresas. O empreendedor levou 27 minutos para registrar um novo Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), o menor período já registrado na história da Jucea.
Apesar da velocidade e simplicidade para o registro de novos empreendimentos, o estado figurou entre os cinco piores estados na comparação percentual de empresas abertas no segundo quadrimestre: a variação foi negativa de 0,4% em relação aos primeiros quatro meses e de 6,9%, quando comparado ao mesmo período de 2022.
No ranking geral do Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) 2023, da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Manaus aparece apenas no 22º lugar, com nota 6,6. O levantamento considera a média atribuída para sete indicadores: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora.
De acordo com a avaliação, os piores índices na capital amazonense são infraestrutura, acesso a capital e capital humano. As cidades que lideram o ranking são São Paulo (8,67), Florianópolis (8,41) e Joinville (7,99).
Retomada econômica
A tendência, no entanto, é de recuperação. Em julho houve crescimento de 8% no número de novas empresas abertas no mercado local, em comparação ao mesmo período do ano passado. No balanço do primeiro semestre, o Amazonas aparece com saldo positivo de 3,23%, relativo a 2022.
Entre os tipos empresariais mais registrados no Amazonas, nos seis primeiros meses de 2023, estão Sociedade Empresarial Limitada (2.588), Empresário Individual (1.279) e cooperativas, com 11 sociedades civis registradas.
A Jucea ainda registrou, no mês de setembro deste ano, queda no número de empresas fechadas no mercado local, com um total de 266 empreendimentos. Em comparação ao mês de março, que obteve o maior número de extinções até o momento, com 398 negócios fechados, a redução chega a ser de 33%.
Os dados são do Sistema de Registro Mercantil (SRM) da junta, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Segundo os relatórios do SRM, a média de empresas fechadas chegou a ser de 300 por mês desde janeiro. O Jucea ressalta ainda que a extinção de uma empresa não implica necessariamente no fechamento direto de um negócio ativo.
“Alguns fatores contribuem diretamente na extinção de um CNPJ que se encontra ativo. Um deles são empresas que estão de portas fechadas há muito tempo e só agora, por uma questão de necessidade para uma aposentadoria ou para conseguir um benefício, o cidadão resolveu extinguir o CNPJ. Outro fator é a gratuidade, uma vez que hoje não é cobrado nenhum valor pela Jucea, para encerrar atividades de uma empresa”, destaca a presidente da Jucea, Maria de Jesus Lins.