Os principais índices de Wall Street e o Ibovespa fecharam em forte queda nesta quinta-feira (10), depois dos ganhos elevados na véspera, enquanto o dólar encerrou em alta, mesmo após a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de pausar algumas de suas tarifas, anunciado na quarta-feira (9).

O dólar à vista encerrou com ganho de 0,89% ante o real, a R$ 5,8990 na venda. Na véspera, a moeda norte-americana fechou em baixa de 2,53%, a R$ 5,8467, interrompendo uma sequência de três sessões de fortes ganhos.
Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, apresentou perdas de 1,13%, a 126.354,75 pontos.
O desempenho repercute a sessão de perdas em Nova York.
Em Wall Street, o Dow Jones registrou recuo de 2,5%, para 39.593,66 pontos e o S&P 500 tinha queda de 3,46%, a 5.268,05 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuava 4,31%, para 16.387,31.
Após os ativos brasileiros terem reagido positivamente na véspera ao adiamento da cobrança de algumas tarifas pelos EUA, por 90 dias, nesta quinta eles foram penalizados, acompanhando as quedas das bolsas e das commodities no exterior, além do avanço do dólar ante divisas pares do real, como o peso chileno e o peso mexicano.
O movimento refletiu a percepção de que, apesar do adiamento, o cenário de guerra comercial entre Estados Unidos e China — os dois principais combatentes neste momento — não será necessariamente positivo para o Brasil.
No mercado internacional, o petróleo caiu em torno de 3% e o farelo de soja cedeu mais de 1% – dois produtos importantes para a pauta exportadora brasileira.
“A volatilidade da política comercial de Trump deve continuar sendo um fator de pressão negativo para as moedas emergentes, especialmente o real. A economia brasileira tem elevada sensibilidade à diminuição do crescimento da China e a taxa de câmbio vem sendo um dos principais mecanismos de transmissão desses riscos”, comentou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
Internamente, um fator de pressão foi a informação de que a proposta do governo Lula de reestruturação do setor elétrico, que deverá chegar ao Congresso no primeiro semestre, poderá ter uma medida que amplia a gratuidade da conta de energia.
Em meio às preocupações do mercado em relação ao equilíbrio fiscal, a possibilidade não foi bem recebida pelos agentes.
Bolsas em NY recuam
Os principais índices de Wall Street caíam nesta quinta-feira, depois dos fortes ganhos na véspera devido à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reduzir temporariamente as pesadas tarifas sobre dezenas de países.
A reviravolta ocorreu menos de 24 horas após as novas tarifas entrarem em vigor sobre a maioria dos parceiros comerciais, elevando o S&P 500 ao seu maior ganho percentual diário desde 2008 na quarta-feira, e fazendo com que o Nasdaq registrasse seu maior salto diário desde 2001.
“A guerra comercial está agora se transformando em um confronto direto entre os EUA e a China… podemos ver novamente uma escalada e uma redução da escalada ao mesmo tempo, puxando os mercados em direções diferentes”, disseram analistas do Rabobank.
Na Europa
Em Londres, o FTSE 100 avançou 3,04%, aos 7.913,25 pontos. O CAC 40, de Paris, subiu 3,83%, para 7.126,02 pontos, mínima do dia, enquanto o Ibex 35, de Madri, ganhou 4,3%, aos 12.307,60 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 teve alta de 2,41%, a 6.404,79 pontos.
Já o FTSE MIB, de Milão, avançou 4,73%, aos 34.277,09 pontos. O índice DAX, da Bolsa de Frankfurt, subiu 4,53%, para 20.562,73 pontos, na mínima intradiária. Os dados ainda são preliminares.
A suspensão das tarifas sobre dezenas de países ocorreu menos de 24 horas após sua entrada em vigor. Ainda assim, a Casa Branca manteve uma tarifa geral de 10% sobre quase todas as importações dos EUA.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, comemorou a medida de Trump um dia depois que a União Europeia disse que imporia tarifas de 25% sobre uma série de importações dos EUA na primeira rodada de contramedidas, após a entrada em vigor das taxas específicas de cada país.
Nesta quinta, Von der Leyen disse em um comunicado no X que a União Europeia suspenderá por 90 dias suas primeiras contramedidas.
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Na Ásia
Os mercados acionários da China e de Hong Kong fecharam em alta nesta quinta-feira, com os investidores minimizando o mais recente aumento das tarifas dos Estados Unidos sobre as importações chinesas.
No fechamento, o índice de Xangai teve alta de 1,16%, enquanto o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 1,31%. O índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 2,06%.
A alta nas ações de Hong Kong seguiu-se aos ganhos de 6% nas empresas chinesas de internet listadas no mercado dos EUA.
“Embora seja óbvio que as tarifas tenham como alvo a China, ainda há espaço para manobras e negociações se conseguirem suspender as taxas sobre outros países”, disse Jason Chan, estrategista sênior de investimentos do Bank of East Asia.
Agenda do dia
Os investidores também reagiam aos dados de inflação ao consumidor nos EUA, que registraram números abaixo do esperado tanto para o índice geral quanto para o núcleo.
Em março, o índice de preços ao consumidor dos EUA caiu 0,1% em relação ao mês anterior, de alta de 0,2% em fevereiro e abaixo da projeção em pesquisa da Reuters de ganho de 0,1%. O núcleo do índice passou a subir 0,1%, abaixo da previsão de alta de 0,3%.
Operadores aumentaram suas apostas em cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve, projetando 1 ponto percentual de afrouxamento até o fim deste ano, contra previsão de 0,75 ponto na quarta, o que também ajudava a derrubar o dólar no exterior.