A Embaixada do Brasil em Washington virou o principal alvo das críticas de empresários que integraram a missão da Confederação Nacional da Indústria (CNI) nos Estados Unidos nesta semana.
Por mais de uma vez, os empresários se reuniram com o corpo diplomático brasileiro na capital americana para saber qual é a situação das negociações com os Estados Unidos sobre o tarifaço.
A impressão foi a de que não há negociação alguma, tampouco canais de diálogo abertos com autoridades americanas.
Empresários relataram à imprensa que, quando questionaram a embaixadora Maria Luiza Viotti sobre ações efetivas para que o tarifaço fosse revisto, ela respondia pedindo ajuda aos próprios empresários, para que intercedessem junto aos americanos na tentativa de reverter as medidas.
Os argumentos são que os Estados Unidos não dariam o primeiro passo e que caberia ao governo e à diplomacia brasileira liderar esse processo.
Segundo relatos, Viotti teria respondido que “era um soldado”, sugerindo que apenas ela seguia as orientações do Itamaraty.
A embaixadora teria dito ainda que seria preciso agora aguardar o resultado da investigação 301, aberta pelo governo americano para apurar eventuais práticas abusivas e desleais do Brasil.
Os empresários, por sua vez, responderam que esse processo demoraria muito tempo — com previsão de conclusão apenas no final deste ano ou em 2026. Além disso, setores econômicos americanos como o agro aproveitam a oportunidade para atacar o Brasil.
Empresários disseram ainda que ficou claro, no contato com a embaixada, que o Brasil está sem presença oficial significativa em Washington, e que é preciso ampliar os canais de atuação na capital americana.
Afirmam que a missão foi improdutiva, infrutífera e frustrante, e que o Brasil, de algum modo, precisa começar quanto antes uma aproximação.
Uma das ideias sugeridas foi a realização de uma reunião de cúpula entre os dois países. Outra, a possibilidade de retaliar com ameaças de quebra de patentes.
Fontes do Itamaraty disseram que a embaixadora está trabalhando com todo o empenho desde o início dessa crise, mas não pode fazer milagres se o presidente do país, no caso Donald Trump, não quer conversa.
Afirmam ainda que tentar transferir o ônus para a embaixadora, e esquecer-se de quem está trabalhando pela crise, no caso, Eduardo Bolsonaro, não é correto.
O Itamaraty ainda não apresentou uma posição oficial da embaixadora Maria Luiza Viotti.