Uma série de entidades e companhias americanas se inscreveram para participar presencialmente da audiência em Washington, capital dos Estados Unidos, sobre a investigação do governo de Donald Trump contra supostas práticas “desleais” de comércio do Brasil.
A sessão está marcada para o dia 3 de setembro e tem mais de 40 pedidos para participação presencial entre empresas e associações do Brasil e dos Estados Unidos. Segunda-feira também foi a data final para que estes atores enviassem comentários escritos à investigação.
A participação das empresas americanas não será uníssona: há companhias inscritas para argumentar contra e a favor do Brasil. A audiência acontece no âmbito da chamada “Seção 301” e pode dar base mais sólida para a tarifação estabelecida pelos Estados Unidos.
Entre os inscritos está o National Cotton Council, da indústria de algodão. Em um ofício, o conselho diz que seu testemunho focará o aumento das exportações de algodão do Brasil, políticas do governo brasileiros para impulsionar essa expansão, preocupações sobre a degradação do Cerrado e impactos disso para os produtores americanos.
“As políticas brasileiras precisam de apuração detalhada pelos Estados Unidos para determinar o impacto no mercado global de algodão e as ameaças que significam para o mercado doméstico e exportações americanas. Nós agradecemos o presidente Trump e o USTR por iniciar essa investigação”, indica.
Também defenderá penalizações ao Brasil a Renewable Fuels Association, da indústria de etanol. O testemunho será focado em suposta política comercial injusta, que restringe acessos ao mercado brasileiro, e barreiras tarifárias e não tarifárias que levam desvantagem às exportações dos Estados Unidos.
Supostas barreiras ao etanol são o foco de uma das seis frentes de apuração abertas pelo USTR na investigação. As outras cinco são: comércio digital e serviços eletrônicos de pagamento; tarifas preferenciais; enfraquecimento do combate à corrupção; propriedade intelectual; e desmatamento ilegal.
O Brasil também terá aliados na audiência presencial. A National Coffee Association, do ramo de café, levará em seu testemunho a percepção de que as tarifas levarão desvantagem à indústria de torrefação americana, já que o Brasil é o principal produtor do mundo e seu produto não pode ser facilmente substituído.
Por outro lado, segundo a associação, os fornecedores brasileiros podem “facilmente” manobrar e vender os produtos que não irão aos Estados Unidos para a China, União Europeia, Suíça, Canadá e México. Assim, pede que o café fique fora da lista de produtos tarifados.
Além disso, a US Chamber of Commerce, maior entidade empresarial dos EUA, também será aliada na audiência. Seu ofício indica que o Brasil é um “importante parceiro” para companhias americanas de “todos os tamanhos, setores e estados” e pede para comparecer à sessão.